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Entre o medo de falir ou perder alunos, escola subirá até 14%

25/10/2016 | Por: O Tempo | 534
Lincon Zarbietti Conversas. Pais devem procurar a escola para negociar, e escola precisa mostrar custos para justificar

Neste ano, o presente de Natal da família da assistente administrativa Adriana Negreiros será uma viagem para um destino próximo e para a casa de parentes, em vez dos passeios de 15 dias. É que, além do Papai Noel, ela está esperando o reajuste da escola dos dois filhos. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), ficará entre 11% e 14%. Mais uma vez, o reajuste será acima da inflação. Nos últimos 12 meses até setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumula alta de 9,15%.

“Já recebi o anúncio e vai ser 10%. Os livros também vão subir o mesmo tanto. Meu salário não deve subir mais do que 5%. Acho que as escolas deveriam acompanhar os aumentos dos pais ou, pelo menos, subir igual à inflação”, afirma.

O presidente do Sinep-MG, Emiro Barbini, explica que as despesas das escolas particulares estão subindo além da inflação e o setor está em uma encruzilhada. Ele explica que, entre água, luz, investimentos em tecnologias e gastos com limpeza, o que subiu menos teve aumento de 28%. “Se sobe menos, fica insolúvel e corre risco de falir. Se sobe demais, enfrenta o problema da evasão escolar”, afirma.

Segundo estimativas do Sinep-MG, a evasão das escolas particulares deve se manter na casa dos 5%, o mesmo deste ano. “Dos 1,38 milhão de alunos, cerca de 70 mil não se rematricularam em 2016. O percentual de 5% deve se repetir em 2017”, destaca Barbini. De acordo com ele, desse total, 60% são do ensino superior e 40%, do infantil, fundamental e médio.

Inadimplência e demissões. Se a previsão se confirmar, as escolas particulares devem perder cerca de 65,5 mil alunos em todo o Estado. Com a situação econômica complicada no país, a taxa de inadimplência mais do que triplicou em três anos. “Em 2014, a taxa média era de 5%. Em 2015, foi na faixa de 12%. Em 2016, deve girar em torno de 16%”, projeta.

Diante do quadro, do ano passado para cá, foram cortados cerca de 5.000 professores. Eram cerca de 67 mil até o ano passado e, atualmente, são 62 mil. “Sem dúvida, é o pior momento que as escolas particulares estão vivendo nos últimos 30 anos. Quando acontece uma crise, o ideal é não aumentar, mas, se não subir, pode até falir”, afirma. Segundo Barbini, o índice médio entre 11% e 14% é apenas uma estimativa. Cada escola tem sua própria realidade e pode reajustar mais ou até menos.

Neste ano, o presente de Natal da família da assistente administrativa Adriana Negreiros será uma viagem para um destino próximo e para a casa de parentes, em vez dos passeios de 15 dias. É que, além do Papai Noel, ela está esperando o reajuste da escola dos dois filhos. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), ficará entre 11% e 14%. Mais uma vez, o reajuste será acima da inflação. Nos últimos 12 meses até setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumula alta de 9,15%.

“Já recebi o anúncio e vai ser 10%. Os livros também vão subir o mesmo tanto. Meu salário não deve subir mais do que 5%. Acho que as escolas deveriam acompanhar os aumentos dos pais ou, pelo menos, subir igual à inflação”, afirma.

O presidente do Sinep-MG, Emiro Barbini, explica que as despesas das escolas particulares estão subindo além da inflação e o setor está em uma encruzilhada. Ele explica que, entre água, luz, investimentos em tecnologias e gastos com limpeza, o que subiu menos teve aumento de 28%. “Se sobe menos, fica insolúvel e corre risco de falir. Se sobe demais, enfrenta o problema da evasão escolar”, afirma.

Segundo estimativas do Sinep-MG, a evasão das escolas particulares deve se manter na casa dos 5%, o mesmo deste ano. “Dos 1,38 milhão de alunos, cerca de 70 mil não se rematricularam em 2016. O percentual de 5% deve se repetir em 2017”, destaca Barbini. De acordo com ele, desse total, 60% são do ensino superior e 40%, do infantil, fundamental e médio.

Inadimplência e demissões. Se a previsão se confirmar, as escolas particulares devem perder cerca de 65,5 mil alunos em todo o Estado. Com a situação econômica complicada no país, a taxa de inadimplência mais do que triplicou em três anos. “Em 2014, a taxa média era de 5%. Em 2015, foi na faixa de 12%. Em 2016, deve girar em torno de 16%”, projeta.

Diante do quadro, do ano passado para cá, foram cortados cerca de 5.000 professores. Eram cerca de 67 mil até o ano passado e, atualmente, são 62 mil. “Sem dúvida, é o pior momento que as escolas particulares estão vivendo nos últimos 30 anos. Quando acontece uma crise, o ideal é não aumentar, mas, se não subir, pode até falir”, afirma. Segundo Barbini, o índice médio entre 11% e 14% é apenas uma estimativa. Cada escola tem sua própria realidade e pode reajustar mais ou até menos.

Orientação é partir para negociação

Os pais não têm os salários reajustados na mesma proporção do aumento das escolas, que, com isso, estão enfrentando uma inadimplência três vezes maior. Em tempos difíceis para ambos os lados, a orientação do próprio Sindicato das Escolas Particulares (Sinep-MG) é cortar gastos e partir para a negociação. “Os pais devem procurar a escola para explicar a situação, assim como a escola deve procurar os pais para conversar sobre o pagamento”, afirma o presidente do Sinep-MG, Emiro Barbini.

A jornalista Patrícia Souza é mãe de três filhos de 3, 6 e 8 anos. Os cortes no orçamento ela já fez, passando a faxineira de semanal para quinzenal e trocando as viagens para lugares onde possam ir de carro. “Agora estou partindo para a negociação e vou tentar uma bolsa, pelo menos para um deles. Não quero tirar as crianças porque a qualidade é muito boa. Ainda bem que sinto que a escola está muito aberta ao diálogo.”

Segundo Emiro Barbini, o desafio do setor é conseguir ajustar as despesas, mas manter a qualidade pedagógica.

Metade dos alunos depende do Fies para cursar universidade

Segundo pesquisa da Associação Brasileiras das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), 50% dos alunos que pretendem ingressar no ensino superior só conseguirão realizar o sonho com ajuda de algum programa social, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Nos últimos anos, cortes do orçamento federal têm dificultado o acesso dos estudantes. “O Fies é uma ferramenta essencial. A educação pública não tem capacidade para comportar o número de estudantes que ingressam no ensino superior anualmente – isso fica bem claro quando comparamos os dados da educação e vemos que o ensino superior particular responde por mais de 70% do setor. Além disso, grande parte da população brasileira não tem condições financeiras de pagar as mensalidades”, afirma o diretor executivo da Abmes, Sólon Caldas.