Janguiê Diniz
Diretor presidente da ABMES
Reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau
Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional
janguie@sereducacional.com
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As empresas modernas, para sobreviverem e se perpetuarem, precisam elaborar e construir um planejamento estratégico formal bem estruturado e bem delineado e, através de metas e ações concretas, fazê-lo ser cumprido integralmente. É o planejamento estratégico que norteia as atividades e os investimentos dos gestores privados, bem como é por meio dele que os sócios e acionistas da organização empresarial definem os pontos que querem alcançar. Por via de consequência, a inexistência de um planejamento estratégico formal e consistente possibilita que os executivos e empresários tomem iniciativas muitas vezes equivocadas, que podem conduzi-los à bancarrota.
Nesse contexto, importa registrar que as organizações governamentais não são empresas, haja vista que, enquanto aquelas são pessoas jurídicas de direito público, estas são de direito privado. Entrementes, tanto uma quanto outra, são instituições, as quais necessitam atender demandas específicas e produzir bens e/ou serviços, já que, enquanto os Estados trabalham para atender os indivíduos de uma dada comunidade, as empresas produzem majoritariamente bens e serviços privados, buscando sempre atender uma demanda de consumidores – que podem, eventualmente, serem públicos.
Seguindo a linha de raciocínio, enfatizo que, assim como as empresas carecem de um planejamento estratégico, as organizações governamentais e os próprios Estados precisam muito mais. Assim como no setor privado, é somente através do planejamento que a entidade estatal define suas metas e ações para que possa, dentro do orçamento público, prover, efetivamente, os indivíduos e a sociedade de bens e serviços de qualidade.
Ao estabelecerem metas e ações - possíveis e concretas orçamentariamente -, os gestores dos entes governamentais demonstram aos cidadãos os planos efetivos de governabilidade. Esses cidadãos, após comprovarem o cumprimento daquele planejamento, poderão decidir pela recondução do gestor público – ou não – ao cargo numa próxima eleição. Embora seja particularmente pesaroso salientar que, em razão da frágil memória do cidadão – principalmente o brasileiro –, certos gestores públicos são eleitos – e reeleitos – sem sequer elaborarem um planejamento estratégico de governo e, mesmo que tenham elaborado, não cumpriram o estabelecido e delineado naquele plano durante a sua gestão.
Diante disso, a guisa de arremate, afirmamos, sem medo de errar, que a impressão que temos é que, salvo raras exceções, os gestores públicos brasileiros não elaboram seus planos ou planejamentos estratégicos de governo, e, quando o fazem, não cumprem, permanecendo sempre na improvisação e – porque não dizer – enganação dos cidadãos que os conduzem aos cargos.
A título de corolário, citamos a construção apressada de certas obras públicas; a redução de impostos apenas para um determinado setor industrial; a criação de regras perenes através de leis provisórias, as chamadas medidas provisórias; e, em momentos de tragédias e crises econômicas, agir sempre às vésperas, sem qualquer planejamento prévio.
Por fim, é público, e notório, que o ato de improvisar não combina com o ato de planejar. Estados eficientes planejam, pois, assim, a sociedade adquire condições de reconhecer a importância da máquina estatal.




