Dra. Aparecida do Carmo Frigeri Berchior
Pró-Reitora Acadêmica do Centro Universitário UNIFAFIBE
***Os Projetos Pedagógicos de Curso têm como premissa básica o cumprimento do previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais, sendo fator primordial para a legalidade de um curso de graduação, direcionando as competências necessárias para um perfil de egresso. Neste sentido, as Instituições de Ensino Superior contemplam no discurso de seus PPCs o cumprimento deste aspecto legal.
No entanto, no desenvolvimento do currículo, observa-se um descompasso entre estas competências previstas e a realidade do cotidiano acadêmico. Assim posto, as instituições precisam consolidar o conhecimento que produzem, constituindo mecanismos que distribuam o saber à coletividade, o que se pode construir em Núcleos Docentes e Colegiados de Curso ativos e preparados para tomar decisões acerca de questões extremamente relevantes do Projeto Pedagógico. Tal atitude evitaria a existência de ementário desarticulado do currículo, com ementas elaboradas sem prévio conhecimento das contribuições de cada disciplina para o perfil de formação e que, consequentemente, norteiam-se pelo princípio dos conteúdos e não das competências.
Neste contexto, ressalta-se, ainda, o perfil do ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, que tem essencialmente em sua ideologia, aferir a aprendizagem a partir de competências. Por este ponto de vista, fundamental retomar a concepção de competência adotada por Perrenoud, em que “a noção de competência” é vista como “uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situações” (2000, p.15). A capacidade de mobilizar os conhecimentos, no desenvolvimento do currículo, alinha-se aos eixos que fundamentam o perfil do egresso e que tem sua consolidação na aprendizagem e, portanto, sua concretização ocorre no cotidiano da sala de aula e não na repetição estanque das Diretrizes Curriculares, nos Projetos Pedagógicos de Cursos de Graduação.
Para atingir esta proposta, faz-se necessária uma reflexão acerca de procedimentos educacionais, que devem perpassar todas as instâncias institucionais: do ensino à gestão, da extensão à pesquisa. Este escopo tem nos blocos de conhecimentos, guiados por um perfil de egressos, o ponto de partida, mas, necessariamente, exige uma reestruturação no que se refere à concepção e desenvolvimento de um currículo, que tenha como diretriz a articulação teoria/prática e a interdisciplinaridade. Porém, principalmente, exige mudanças na concepção do “ato de ensinar”, que tem seu deslocamento para o ato de aprender a aprender, em que o eixo condutor do processo recai na adoção de metodologias que favoreçam a interação do discente com seu processo ensino aprendizagem.
Esta quebra de paradigma se compõe de um alinhamento entre o discurso presente nos PPCs e sua materialização no ensino, o que passa necessariamente pelas metodologias adotadas pelo docente na sala de aula. De tal forma, o docente e o seu compromisso e preparo para as atividades acadêmicas, em que a essência é o ensino, precisa de acompanhamento constante e investimento da IES em capacitações, que venham a propiciar aulas motivadoras, interativas e integradas às situações-problema. Neste contexto educacional, o docente assume a mediação e a administração da progressão da aprendizagem do discente, o que na visão de Perrenoud, mobiliza competências específicas, a saber:
- Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos.
- Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.
- Estabelecer laços com as teorias subjacentes de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa.
- Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão




