Prof. Roney Signorini
Assessor e Consultor Educacional
roney.signorini@superig.com.br
***Semana passada a presidente Dilma disse prever investimentos da ordem de R$ 112 bilhões em 35 anos, na média perto de R$3.2 por ano, oriundos dos royalties do petróleo do pré-sal. A isso se chama confiança. Mais com pompa e menos com circunstâncias, o pronunciamento foi feito na cerimônia de formatura de 2,6 mil estudantes pelo Sistema S, do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec –, realizada em Belo Horizonte. Foram 1,3 pelo Senai e outros 1,3 pelo Senac, formando-se como eletricista industrial, mestre de obras, joalheiro, turismo, almoxarife e sommelier.
Circunstâncias em geral rareiam, por exemplo, qual a faixa de idade desses concluintes?, têm emprego garantido?, sob qual faixa salarial, ocupação dentro do Estado de Minas?, irão além, para um curso universitário, etc. etc.?, porque com “emprego em alta” os jovens estão atrasando mais os seus estudos. Pela pretendida independência financeira, para colaborar nas despesas familiares e consequente elevação da renda média delas, o fato é que os jovens de 17 a 22 anos, que deveriam ingressar no ensino superior, estão optando em ir para o mercado de trabalho após o ensino médio, tendo crescido nos últimos anos o número dos que apenas trabalham e ao mesmo tempo diminuído a proporção dos que só estudam. Dúvida cruel essa, que os aflige. Ainda bem que não fazem parte dos grupos “nem, nem”, muito menos dos “des, des” (desempregados, desocupados, desestimulados, etc. etc.).
Conforme Naércio Menezes Fº, Marcos Hyung Lee e Bruno Komatsu, aqueles jovens que só trabalham representaram em 2011 a cifra de 57,9% e os que só estudam são somente 5,9% do contingente. Isso demonstra cabalmente por que está caindo o volume de universitários nos primeiros anos dos cursos, significando grande preocupação nacional, de governo, das mantenças e da própria evolução tecnológica.
Fica muito claro, conforme Alessandra Duarte, de O Globo, que a opção pelo trabalho tem estreita relação entre o custo da oportunidade de continuar os estudos e o custo da oportunidade do trabalho.
Nos Estados Unidos e na Europa, esse cenário também já foi vivenciado com resultados nefastos, mas nem por isso deve ser balizador para o brasileiro porque aqui tudo é diferente. Enquanto o salário atende(ia) o consumo pessoal, hoje, com a crise, não ter ensino superior está fazendo muita falta. O desestímulo para continuar estudando tem vários vieses a começar pelo excesso de conteudismo no nível médio, propiciador da evasão. O ensino técnico qualifica, mas fica a pergunta se constrói um projeto de vida, lembrando que o despreparo e as deficiências do Fundamental preponderam para o jovem ir ao mercado de trabalho.
Há enganos e equívocos no horizonte que precisam ser esclarecidos junto aos jovens, pela comunicação, pela informação correta ao citar velho ditado que diz ser melhor ter um marimbondo morto na mão a cem voando em seu redor.
Vale lembrar que o país tem hoje 7 milhões com nível médio completo, mas 2 milhões de vagas no superior, o que faz parecer que Marco Antônio de Oliveira, Secretário de Educação Tecnológica e Profissional do MEC, tem toda a convicção nos resultados ao afirmar que será anunciada uma ação para estimular cursos tecnológicos no superior, referindo-se ao lançamento do Sistema de Seleção Unificada para os cursos Técnicos – Sisutec –, que ofertará 240 mil vagas no Sistemas S, com duração de 1 a 2 anos. Por que não contar também com a oferta das mantenças privadas? O jogo está aberto, é hora de pôr as fichas na mesa.
De se ressaltar que há 1,8 milhão de alunos concluindo o Ensino Médio, por ano, mas há um estoque de 7,6 milhões na faixa operativa de 18 a 24 anos, concluintes que não ingressaram no superior.
Conforme Alessandra Duarte coletou, “o secretário ressalta que 724,5 mil vagas são ofertadas no ensino técnico integrado (no qual o próprio ensino médio já é profissionalizante) e concomitante (em que o aluno faz o médio e, no contraturno, um curso técnico). As vagas do Sisutec seriam adicionais a esse total, ofertadas como técnico subsequente (concluintes do médio)”.
Naércio Menezes, do Instituto de Ensino e Pesquisa – Insper --,assegura que ” o ensino técnico é importante, mas a necessidade maior está na expansão do superior que vem crescendo em ciências humanas quando o país precisa de gente formada em exatas, biológicas e tecnológicas.”
Wanda Engel, do Instituto Synergos, dá o último tapa ao dizer que “cerca de 10% da oferta de vagas no ensino médio, atualmente, são de técnico profissionalizante, mas que poderia ser triplicado. O aluno não está conseguindo ir para o superior, nem tem qualificação para o trabalho e que assim o ensino médio não está formando para nada.”
Só há dois modos de se segurar um touro bravo: pelo rabo ou pelos chifres. No caso em tela, já que o bacharelado não mais encanta, a decisão é fazer técnico e tecnológico. Este último para poder prosseguir em pós-graduação.
Como sempre, o leitor está com a palavra.




