Paulo Cardim Reitor da Belas Artes e Diretor-Presidente da Febasp Membro do Conselho da Presidência da ABMES Blog da Reitoria, publicado em 1º de fevereiro de 2016 *** 2015 foi um ano difícil para todos: sociedade, governos, organizações sociais e educacionais, da livre iniciativa e públicas, e as empresas de todos os portes. Os programas sociais governamentais sofreram cortes substanciais, especialmente, o Fies e o Pronatec, este um forte componente do marketing eleitoral da presidente Dilma Rousseff, em sua campanha de 2014. O Congresso Nacional concluiu o ano de 2015 sem aprovar o ajuste fiscal pretendido pelo Executivo para, pelo menos, minorar as aperturas orçamentárias e financeiras do governo federal. Governantes estaduais também passaram por problemas sérios nessa área. E a inflação alcançou os dois dígitos, muito além da meta governamental – 4,5%. Uma horrível crise financeira e moral que nosso país está vivendo. 2016 tem início ainda sob esse cenário incerto para todos. Mas o Brasil continua em sua marcha, apesar desses tropeços, provocados pela ganância de poder e de dinheiro de alguns, mas de alguns que têm influência nessas duas áreas – poder e finanças – na área privada e pública. A educação básica tem o desafio de ver aprovada a Base Nacional Curricular Comum (BNC), que deve estabelecer os elementos fundamentais a serem desenvolvidos na Matemática, nas Linguagens e nas Ciências da Natureza e Humanas.  O Ministério da Educação lançou uma consulta pública, que se encerra em 15 de março vindouro, para que a população e as instituições possam oferecer contribuições para a proposta inicial, produzida por técnicos especializados, convocados pelo MEC. Essa consulta já gerou milhares de sugestões. O desafio será o de analisar, avaliar e deliberar quais podem ou não ser aceitas para aprimorar a proposta do MEC. A BNC será peça fundamental para a melhoria de qualidade da educação básica, mas não é e nem pode ser a única. O Plano Nacional de Educação em vigor estabelece metas e estratégias bem mais audaciosas e, até agora, não saiu do plano das intenções, em particular, na base, o Município. A educação superior, por seu turno, que teve uma razoável expansão nos anos 2012/2014, com ênfase para as instituições da livre iniciativa, ficou estagnada em 2015 e, pelo que se observa na oferta do Fies, este ano não será muito diferente do anterior. Mas a educação superior, particular ou pública, tem outros desafios. Entre esses desafios, destacam-se os de compatibilizar os avanços das tecnologias de informação e de comunicação (TICs) com as metodologias de ensino-aprendizagem e a definição cristalina dos critérios para a autorização, funcionamento e avaliação da educação superior a distância (EAD). O desafio de harmonização das TICs com o que se pratica no dia a dia dos cursos e das instituições de ensino superior (IES), presencial ou na modalidade EAD, parece ser um dos mais complexos, por envolver mudanças, às vezes, radicais na relação educador-educando. A desmitificação de que a sala de aula é o único ou principal ambiente de aprendizagem, por exemplo, ainda é um obstáculo difícil de ser superado por estudantes, professores e dirigentes educacionais. Será um processo lento e doloroso, a ser enfrentado com equilíbrio e muita resiliência por todos os atores envolvidos, para que não haja perca de qualidade e nem retrocessos. A oferta de EAD, assegurada pela Lei nº 9.394, de 1996, a LDB, por outro lado, tem enfrentado dificuldades de se impor como uma modalidade de ensino eficiente e eficaz, talvez, pelos exemplos de um passado não muito remoto e pela fragilidade da legislação e normas vigentes e dos processos de avaliação, regulação e supervisão por parte do MEC. Esses e outros desafios para as instituições educacionais, para a sociedade e os governos podem ser superados. Não podemos ceder e nos entregarmos sem combater com fé e de forma tenaz a corrupção, os conchavos políticos, o desperdício e a falta de gestão com os bens públicos. O Brasil é o melhor país do mundo. Necessita neste instante das nossas ações e reações ao descalabro que estamos passando e vivendo, contribuindo de maneira positiva para que o cenário de 2015 não se repita em 2016. Vamos fazer nossa parte! No início de nossas atividades acadêmicas, desejamos que a comunidade acadêmica Belas Artes tenha plena consciência das dificuldades que poderemos encontrar, no desenvolvimento das funções universitárias, mas que também esteja convicta de que, juntos, podemos superar essas dificuldades, pelo menos, no âmbito de nossas atividades e funções, oferecendo nossa contribuição para o aprimoramento da educação superior. É o que almejo para todos nós, neste início de 2016.