Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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Há anos o Brasil vive com o problema da dengue, que se acentua principalmente no período do verão, em que se intensificam as campanhas contra o mosquito transmissor da doença Aedes aegypti. Esse mesmo mosquito está agora, segundo vem sendo divulgado na mídia, o causador também da transmissão da chamada zica vírus, gerando inclusive a microcefalia. Conforme a reportagem de Fernando Duarte e Rodrigo Pinto, da BBC Brasil, em Londres, “o Brasil deve se preparar para que o zica vírus se torne uma doença endêmica tanto em território nacional como em outros países de América Latina, em um cenário semelhante ao que ocorre com a dengue - que desde os anos 1990 teve o número de casos multiplicados na região.” E explicam que “a projeção é de um cenário preocupante diante da possível relação do zica com os quase investigados de possível microcefalia no Brasil.
Para os especialistas, o país apresenta condições ideais para uma proliferação ainda maior do vírus do que a registrada até agora.” Para a especialista Jane Messina, da Universidade de Oxford, diz que, em relação ao combate da doença, “não há solução simples. Além da diminuição da população de mosquitos, tudo o que se pode fazer é seguir as orientações das autoridades nacionais e internacionais de saúde.” Ela também manifestou preocupação quanto às mulheres que estão grávidas ou poderão ficar grávidas no período, por causa da microcefalia.
O fato é que precisamos estar atentos também quanto a certo exagero da mídia, que parece estar tendente a fazer da questão, a justificativa para a aceitação do aborto nos casos de microcefalia, como quando houve, em 2012, toda a discussão em torno dos bebês anencefálicos, o que levou o Supremo Tribunal Federal, através da ADPF-54, a incluir nos casos de não penalização, os casos de aborto motivados por anencefalia. Na ocasião, houve muito debate, e muitos chegaram a dizer que a aprovação do aborto de anencefálicos estava abrindo a porta para a legalização do aborto para outros casos, como agora, em relação à microcefalia, numa estratégia conhecida das Fundações internacionais que promovem o aborto (como a Fundação Ford, a McArthur, etc.), para estender o chamado “direito ao aborto”, de modo gradual, até chegar à aceitação do aborto, em todas as fases, como já acontece em vários países desenvolvidos.
Tudo isso nos leva a deixar em estado de atenção, para que possamos discernir entre a verdade dos fatos e a instrumentalização dos novos casos, para os fins de controle populacional compulsório. Por isso é preciso que acompanhemos mais atentamente essa questão.




