Antônio de Oliveira
Professor universitário e consultor de legislação do ensino superior da ABMES (1996 a 2001)
antonioliveira2011@live.com
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Hoje em dia só se ouve falar em corrupção, base aliada, aliados de Cunha, aliados de Renan... Ninguém fala em aliados do povo. Como sempre, o povo é apenas um detalhe. Que nem marido enganado, o último a saber.
Há autoridades que não são merecedoras do poder de que eventualmente estejam investidas. Passam a considerar-se autoritariamente acima do cidadão comum, mesmo que este tenha votado nele ou nela. E se remuneram regiamente à custa de pesados impostos. Asfixiam em vez de oxigenarem o ambiente. Há quem, representando o Executivo ou o Legislativo, mediante eleição popular, não admita contestação, não reconheça os próprios erros, muito menos pede desculpas. Aliás, também algum empresário condenado na Lava Jato pediu desculpas ao povo brasileiro?
No entanto, a palavra aliança tem significados profundos, sublimes até. Em religião, no judaísmo e no cristianismo, aliança lembra os pactos, no plural, pois renovados, que, segundo as Escrituras, Deus fez com os homens. A Arca da Aliança lembra a arca em que foram guardadas, pelos hebreus, as tábuas dos dez mandamentos. O Novo Testamento é chamado de Nova Aliança.
A troca de alianças, em um casamento, simboliza um elo, um compromisso entre duas pessoas, um acordo selado, dia e noite. Um acordo de cumplicidade, de amor recíproco, de fidelidade.
Está faltando, no nosso meio político, esse sentido de “aliados do povo”, de pacto federativo, de respeito, competência, honestidade. Basta de manobras e de sopapos de Excelências, na cara uns dos outros, em vergonhosas imagens. Leiam Cícero, releiam, decorem as Catilinárias, nome dado a uma das operações da Polícia Federal, em busca da verdade. O Brasil agradece. Sua “conversão”, Excelências, certamente ajudará o País a sair da crise.
Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, pergunta: Que falta nesta cidade (leia-se neste Brasil)? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.




