Prof. Marcelo de Freitas Lopes Diretor de Tecnologia Educacional do Grupo Weducation e da Foreducation Edtech, empresa Google Partner *** Para que se aplique a tecnologia na educação, é necessário galgar alguns estágios. Já passamos do estágio de convencimento, quando num passado não tão distante era necessário convencer os educadores sobre os benefícios do uso da tecnologia em sala de aula. Agora, o estágio é outro: como ter sucesso na aplicação de tecnologia na educação. A educação se tornou a “bola da vez” e, a todo o momento, surgem soluções “milagrosas” do mundo tecnológico. Por um lado, é muito bom, pois indica que há muita gente pensando em criar produtos e serviços para melhorar a educação e, consequentemente, investindo tempo e dinheiro em uma área tão nobre. Por outro lado, as escolas são “bombardeadas” com plataformas, aplicativos, sistemas e equipamentos, sem ter conhecimento de sua aplicação no processo de ensino e aprendizagem com sucesso. Com tantas novidades, por onde começar? Muitas instituições direcionaram investimentos em equipamentos eletrônicos e tiveram pouca, ou nenhuma, transformação no aprendizado. Na maioria dos casos, mudam-se as mídias e as aulas continuam as mesmas. Para que a tecnologia faça diferença, o foco deve estar na atuação dos professores. Plataformas e equipamentos são importantes, mas o professor é quem irá transformar tais recursos em aulas realmente significativas. Usando uma analogia ao ensino de idiomas, da mesma forma que se torna fluente quem se expõe à língua e à cultura estrangeira, quem se expõe à tecnologia e a usa com frequência, principalmente nas tarefas mais simples, chega à Fluência Digital. Se o professor for imigrante digital, precisa ter uma formação continuada e conviver com a tecnologia. É importante deixar claro que, apesar de parecer complexo, é muito fácil e rápido criar fluência digital. Na fluência, o uso da tecnologia passa a ser tão natural quanto o uso da caneta papel, algo comum, tratado como um meio e não como o fim. Para isso, é essencial um programa de formação com acompanhamento, visto que capacitação de professores muito específica ou pontual não costuma dar resultados. Se o professor for preparado apenas para o uso de determinada tecnologia, decorando botões que deve utilizar de forma mecânica e sem internalizar o processo, será uma máquina operando a outra. O objetivo da formação docente em tecnologia deve ser a “fluência”, a fim de se preparar o professor para qualquer recurso que a escola possui ou venha a implantar. Tendo fluência digital, o professor adquire capacidade de interagir com recursos aos quais nunca teve acesso, de aplicar esses recursos com seus alunos e, ainda, de criar novas ferramentas ou de reinventar formas de aplicação.   * Foi palestrante do GEduc 15 anos durante o VI Fórum de Inovação Acadêmica – www.geduc15anos.com.br.