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O muro de arrimo do "doutorzeco"

Outros Autores

30/04/2013 06:21:53

Cláudio de Moura e Castro Revista Veja, publicado em 28 de abril de 2013 ***
A notícia trágica desaba sobre uma universidade séria: levou bomba no MEC o curso de engenharia civil! O assunto justifica infindáveis elucubrações, mas me detenho apenas em um aspecto, por ser uma birra minha, por décadas. Na justificada ânsia de consertar, foram trocados seis professores. Não tinham mestrado e foram substituídos por doutores em tempo integral, como gosta o MEC. Com isso, atendesse a uma das exigências para reabrir os vestibulares. Esse remendo está no epicentro de um dos maiores equívocos do MEC. A legislação do ensino superior veio da cabeça de cientistas — alguns notáveis. Por isso, as atividades clássicas de pesquisa nas áreas científicas foram corretamente tratadas e valorizadas.Lastimavelmente, esse marco legal ignorou a existência, dentro do ensino superior, de cursos profissionais e de serviço. Em engenharia, direito, administração, pedagogia e outros é necessário somar bons professores nas disciplinas de formação teórica aos das aplicadas. E, de quebra, cumpre oferecer a experiência prática de aplicar. Em um livro clássico (The Reflective Practitioner), D. Schoen fala das ruminações não verbalizadas dos profissionais ao realizar o seu trabalho. São descritas como experiência tácita, "teoria do olho clínico", ou o interstício não codificado entre o que descreve a teoria e o ato de fazer. Daí que: (1) adquirir essa metalinguagem é pane inseparável da profissionalização: (2) apenas verdadeiros profissionais podem transmitir essa dimensão do profissionalismo: (3) leva tempo para formar um profissional. Um belo exemplo é dado pelo programa de um hospital australiano que, por seu sucesso, foi replicado pelo mundo afora. A direção do hospital notou castro é economista que morriam três quartos dos pacientes por parada cardíaca. Identificando o problema como demora no atendimento, criou uma equipe sempre pronta para agir tão logo ouvisse pelos alto-falantes o termo "Code Blue". Com isso caiu a mortalidade, mas apenas alguns pontos porcentuais. Nova providência: qualquer médico ou enfermeira poderia acionar o Code Blue, mesmo que os sinais vitais do paciente estivessem normais. Ou seja, se o jeitão estivesse suspeito, mesmo sem os sintomas clássicos poderiam soar o alarme. Surpresa! A mortalidade caiu para menos da metade. Moral da história: o que salva os pacientes é o que não está nos livros de medicina, mas na "teoria da prática". É o "olho clínico". O próprio médico não sabe explicar por que chegou a tal diagnóstico, mas intui que algo está errado. Os novatos precisam adquirir tal experiência, mas apenas quem a tem pode oferecê-la. Portanto, cada disciplina requer professores com o perfil talhado para ela. Do professor de cálculo, nada melhor do que exigir um doutorado. Mas o professor que ensina a construir prédios deveria ser alguém que acumulou anos no canteiro de obras. Se houvesse doutores com essa experiência, tanto melhor. Mas não há, pois doutorados preparam para a pesquisa e para a universidade. Se o MEC melhora as notas de quem substitui verdadeiros profissionais por jovens doutores que nada sabem de construir prédios o resultado desse equívoco é grotesco. Premia quem ensina uma profissão que não tem apenas leu livros e escreveu papers. Os professores dispensados, com mais de 35 anos de experiência, tinham escritório de engenharia respeitado e prestavam consultoria. E. obviamente, ensinavam em tempo parcial, pois não poderiam abandonar sua empresa. Para os alunos, isso é ótimo, assegura que o professor ensina a engenharia que se pratica de verdade. Para o MEC, tempo parcial perde ponto. Não deveria ser o contrário, perder ponto se fosse tempo integral? Igualmente ausente das políticas públicas é a valorização da competência na sala de aula. É a didática do cotidiano, adquirida com a experiência. No caso, professores consagrados e estimados pelos alunos foram substituídos por jovens que ainda vão aprender a dar aula. Péssimo para os alunos, mas não comove o MEC. Conversa de corredor na universidade: "Pois é, tiraram nossos engenheirões e os substituíram por "doutorzecos" que jamais fizeram um muro de arrimo". Quem tem razão, os alunos ou o MEC?  

03/02/2017

Sidney Evangelista

A comprovação da proficiência através de uma certificado de Doutorado é ao meu ver, de fato uma grande conquista. Porém, concordo que a mesma por si só não permite que o profissional se projeto em sua área. Para isso, será preciso entre outras coisas, transcender os conhecimentos Acadêmicos e se lançar de vez, na realização da Aprendizagem Significativa.

06/05/2013

Monica

Em minha experiência como academica pude presenciar estes dois tipos de professores. Também venho de um curso que exige formação técnica, odontologia, e não conheço as outras aréa, então só o que posso comentar é sobre a minha. Infelismente o que vivenciei foi o oposto disso que está sendo colocado. Prefessores Sem Dedicação Exclusiva que trabalhavam em seus próprios consultórios, tinham sim muita experiência para contar, porém seu objetivo proncipal não era o ensino e sim seu consultório. Eram professores que nunca estavam presentes na universidade (além da sala de aula), com pouca didática e muito ego. O que me parecia era que dar aulas era apenas um complemento ao seu nome como clínico, Dr. Fulano de Tal, Professor da Univesidade Tal.

02/05/2013

Franze Britto

Beleza de abordagem. Me vi de volta aos anos setenta nos bancos da Escola de Engenharia da UFC, assistindo as aulas do prof. Ageu Romero que, não raras vezes, se tornavam um depoimento vivo de suas experiências na solução dos problemas, com todos os erros e acertos. Um grande engenheiro, passando a quilômetros de distância de um "doutorzeco".

30/04/2013

Maurício Garcia

O artigo "O muro de arrimo do doutorzeco" de Cláudio de Moura e Castro toca em um ponto nevrálgico para a Academia: até que ponto a formação em doutorado torna um professor melhor para a atividade de magistério? Sou doutor pela USP, portanto nada contra a categoria. Mas sabemos que os programas de doutorado são essencialmente voltados para a formação de pesquisadores e raramente abordam questões como didática e tecnologias para a aprendizagem. Quando o fazem, é apenas tangencialmente. Além disso, por exemplo, por que chefs de cuisine sem diplomas têm menos valor, em cursos de gastronomia, do que doutores que nunca entraram em uma cozinha? Por que executivos de sucesso, mas sem pós-graduação, valem menos como professores, do que pós-graduados que nunca administraram uma empresa? Por que jornalistas e editores experientes têm menor nota, em cursos de jornalismo, do que cientistas que não sabem o que é uma redação? Se o doutorado, então, é tão fundamental, será que os Ministros da Educação não deveriam ser apenas doutores?

30/04/2013

Gabriel Mario Rodrigues

Com o artigo publicado na Revista Veja, Claudio de Moura Castro põe de novo o “dedo na ferida”. Sem negar que a legislação do ensino beneficiou as atividades clássicas de pesquisa nas áreas científicas, ele chama a atenção, de maneira fundamentada, para os equívocos do processo de avaliação do MEC: priorizar os títulos de doutorado em detrimento da experiência prática de professores sérios e renomados nos cursos profissionais de serviço.

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