Cecilia Tavares de Anderlini
Diretora Geral das Faculdades Integradas de Botucatu
anderlini@terra.com.br***A legislação pertinente ao Ensino Superior, tanto no âmbito das escolas públicas, quanto nas particulares, nos traz alguns pontos para reflexão.
O Ministério da Educação tem na regulação do sistema, além da exigência do cumprimento da legislação vigente, a liberdade de determinar mudanças através de Portarias, Decretos, Portarias Normativas e outras formas de provocar a necessidade de adequações na vida acadêmica das IES, ainda que em alguns momentos elas nem sempre favoreçam o atendimento do alunado.
A complexidade do atendimento dessas novas exigências é grande, pois nossas IES têm natureza diferente. Temos as Universidades, os Centros Universitários, as Faculdades Integradas e as Faculdades Isoladas. As últimas, com o ônus do cumprimento das mesmas, porém sem o bônus das primeiras, pois não têm autonomia necessária para promover mudanças que se fazem presentes no atendimento de sua clientela.
Num caso ou no outro, nos deparamos com um grande desafio que é: como conviver harmoniosamente com as exigências e a necessidade das mudanças presentes pelo momento atual.
A reviravolta desse início do século XXI está se processando no compasso imposto (no bom sentido) do aprimoramento na troca dos saberes. A sala de aula que nos foi mostrada no 15º FNESP, promovido pelo SEMESP entre os dias 25 e 26 de setembro, não tem paredes, carteiras; se transformou numa cadeia de interatividade entre mundos e realidades diferentes através do uso da tecnologia na área da comunicação. As fontes de consulta se proliferam continuamente.
De longe o sistema educacional brasileiro está preparado para "mergulhar de cabeça" nessa realidade de mutação rápida e cada vez mais acelerada.
A meu ver, mesmo as nossas instituições melhor ajustadas a esse novo mundo, têm dificuldades tanto quanto aos recursos humanos mas, e principalmente, de mãos atadas pela tecla frequentemente batida na questão da qualidade pelo MEC.
O conceito subjetivo do que venha a ser qualidade seria melhor aplicado se estivesse diretamente ligado na transformação das pessoas e não repetindo exaustivamente que qualidade está diretamente ligada ao academicismo dos mestres e doutores exigidos para estarem à frente de um processo educacional . Esses profissionais são de nichos diferentes para um grupo minoritário de interesse comum em pesquisas a serem desenvolvidas nas várias áreas do saber.
Nossas IES deveriam focar sua Missão na realidade do aluno que recebe. Transformar um educando desinteressado num apaixonado pelo renovar constante do conhecimento é a nossa grande tarefa. Tudo mais aconteceria naturalmente: brotariam pesquisadores de ponta, empreendedores, verdadeiros mestres na arte de orientar a construção do conhecimento, ou tão somente pessoas comuns que conseguirão promover melhoras constantes no seu padrão de vida pelo uso do conhecimento adquirido. Se pensarmos bem, assim foi e será o cenário de toda humanidade.
A sociedade como um todo abriga diferentes grupos em interesses comuns e não iguais, desenvolvendo competências e habilidades que promovam um up grade em seus contextos. A competitividade deveria estar imbricada no aluno, querendo se superar sempre, buscando um novo jeito de caminhar, sendo bem sucedido em seus intentos. Ela é inicialmente individual, interior, para depois "sair da caixa".
O engessamento da legislação educacional brasileira nos impede de ouvir nossas realidades regionais, nossos professores e principalmente nossos alunos para promover a renovação constante no fazer a Educação.




