“O conhecimento é a nova fonte de vantagem competitiva. Consequentemente, o treinamento não deve ser uma atividade periférica, mas sim uma atividade central nas empresas bem-sucedidas do século XXI. As companhias precisam de um conhecimento radicalmente novo para obterem sucesso em uma conjuntura em que setores inteiros são criados e eliminados ou invariavelmente transformados pela tecnologia, mudanças competitivas e estatísticas mercadológicas inexoráveis.” (Wind e Reibstein)Que os egressos do ensino básico (fundamental e médio, sobretudo) chegam às portas das universidades muito mal preparados para o enfrentamento das “dificuldades” universitárias é fato sobejamente conhecido, discutido e, até aqui, irreversível, tendo em vista a manutenção da estrutura arcaica que domina o nosso sistema educacional. Ao falar sobre as mudanças necessárias no ensino médio, tema que foi eleito como prioridade pelo novo governo, Maria Helena Guimarães, secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), saiu-se com frase lapidar: "Há um tédio generalizado entre os alunos do ensino médio". Ela foi ainda mais fundo, puxando a orelha de muitos, com total propriedade, mas como quem bate com mão de gato.
“Precisamos queimar as primeiras etapas: a aprovação do projeto de lei que mudará o ensino médio e a finalização da Base Nacional Comum Curricular. A Base também é essencial para renovar a formação dos professores, inicial ou continuada. Os docentes recebem uma formação inicial muito frágil, incapaz de promover uma educação diferente, mais inovadora e criativa. A escola precisa incentivar a tolerância, o pluralismo de ideias, a convivência com as diferenças. Nossos professores não estão preparados para trabalhar com essa realidade. É claro que o problema não está no professor, mas nas instituições que os formam. Falta aos professores a possibilidade de fazer uma residência pedagógica, um estágio supervisionado. Além disso, o professor precisará sempre de formação continuada. Não tem como imaginar que um educador, por melhor que seja sua faculdade formadora, poderá dispensar a formação continuada para aprimorar seu trabalho. A formação de professores é nosso maior desafio”.Com a palavra, os professores que recebem os calouros, em quaisquer cursos, cuja falência formativa se estende ao longo das graduações, sejam quais forem, em exatas, humanas e ciências. Depois de passarem quase dez anos para finalmente bater à porta do vestibular, poucos são aqueles que carregam algum estofo cultural, intelectual somado às condições de proatividade, iniciativas, aderências de criatividade e tantos outros atributos que permitiriam ao discente ter plena capacidade para evolução mais rápida e mais acertada. Para estes, basta o acerto de um mínimo de respostas no processo seletivo, e é só o que interessa para a aprovação, pois a meta é o ingresso, a qualquer custo, ou melhor, ao preço de 48 mensalidades para finalmente terem em mãos um papel, o diploma, sem que isso signifique preparo com habilidades e competências que o mercado tanto cobra. Todo esse clima de desinteresse dos adolescentes pela vida escolar tem gerado muitas reflexões mundo afora sobre os possíveis caminhos de fazer com que o ensino médio seja vivido e percebido como significativo. O desafio dos sistemas de ensino nos últimos anos tem sido organizar um programa curricular que consiga, ao mesmo tempo, formar os jovens para continuar os estudos no ensino superior e prepará-los para o mercado de trabalho. Ou seja, fazer com que se escolarizem o máximo possível, o que muitas vezes obscurece outros sentidos da educação. Aqui no Brasil o ensino médio está totalmente direcionado para preparar o aluno para a universidade, como se fosse o único caminho para uma profissão de caráter superior. Poucas iniciativas fogem disso. Uma das principais medidas foi a possibilidade de integrar ensino regular e educação profissional, sacramentada pelo Decreto nº 5.154/04. Há instituições privadas e públicas que oferecem as aulas regulares em um turno e cursos que preparem para o mercado de trabalho em outro, sob uma mesma matrícula, possibilitando ao aluno ter uma profissão mais definida para posteriormente cursar uma universidade. Por outro lado, algumas escolas de ensino médio, com o apoio e incentivo dos pais, começam a sair do modelo de preparar apenas para o vestibular. Ainda que esse movimento esteja longe do ideal, como é possível perceber nos resultados dos estudantes nas avaliações de qualidade de ensino nacionais e internacionais, há iniciativas de sucesso em diferentes regiões do país. Porém existe muita discriminação a tudo que “cheire” educação profissional. A ideia é que umas horinhas a mais de caráter prático resolvem alguma coisa. O doutor em educação João Batista Araújo de Oliveira afirmou que nos Estados Unidos há mais de 7.000 ‘carreer academies’ que oferecem modalidades inovadoras para os desafios do mundo do trabalho. Na Finlândia, o ‘smorgasbord’ de 75 cursos opcionais oferecidos ainda está em estágio experimental. Entretanto, por aqui parece que só a universidade serve. Enquanto isso, surgem os novos aprendizes vitalícios com a tecnologia tornando a educação just in time. É a proposta do “inventivo” Sal Khan, fundador da Khan Academy, ONG educacional que oferece ensino online gratuito. Centrou-se mais na educação por credenciamento. No lugar de um curso superior, o estudante, conforme suas aptidões, faz especialidade profissional em grandes empresas (Microsoft, por exemplo) e consegue o credenciamento. Cursa outra especialização e obtém outro credenciamento, especialmente nas áreas de tecnologia digital. Para empresas da nova era, estas certificações abrem grandes oportunidades no mercado. Nos EUA, as inscrições em faculdades caíram em todo o país, em 2013, pelo segundo ano consecutivo. Graduandos com 18 anos de idade do ensino médio continuam a encolher e menos adultos estão retornando à universidade para obter diplomas. Mas o número de estudantes nas faculdades realmente nos diz que estamos no caminho para viver em um país menos educado? Os números oficiais de matrícula de ensino superior é que não conseguem captar uma mudança na forma de localizar oportunidades educacionais a cada dia, em pequenas tendências, online ou presencial, e por centenas de dólares ou sem nenhum custo. Lá como aqui, as graduações regulares que se cuidem. Parece que todo mundo está preocupado com os números, por diferentes razões. Há uma preocupação em encher as salas de aula; políticos se preocupam com a produção de graduados suficientes para se manterem as empresas competitivas em uma economia global. Depois de anos falando sobre a educação ao longo da vida, a retórica chegou finalmente à realidade. Não há mais necessidade de investir anos de vida ou milhares de dólares em um certificado ou diploma, mas apenas aprender uma habilidade, quando o trabalho ou a vida exigem. O ser humano não foi feito para dançar ao som de liras, mas para marchar ao rufar de tambores. Quando não se estimula o jovem a ter uma postura proativa, o resultado é encontrar profissionais que só resolvem problemas, quando é preciso ter a capacidade e percepção e aplicar iniciativas para fazer melhor. Lamentavelmente, isso não é comum no brasileiro, questão de cultura.