"Os líderes do futuro que nos servirão de inspiração serão aqueles que conseguirem combinar de forma criativa e audaciosa pessoas com diferentes especialidades, deixando que confrontem seus pontos de vista, criem uma linguagem comum e tenham ideias criativas e inovadoras. As ideias advindas da colaboração criativa mudarão a nossa forma de encarar os negócios, as leis, a tecnologia, o sistema educacional, o governo e o mundo." Robert HargroveCom a designação depreciativa de “escolas de fim de semana”, nos áureos tempos das IES precursoras, eram assim chamadas as faculdades que ofereciam cursos com carga horária concentrada nos finais de semana - os célebres “cursos vagos”. Foram alvo das mesmas críticas que hoje fazem à Educação a Distância (EAD). Cumpriram muito bem seu papel numa época de poucas faculdades. Utilizavam estratégias diferenciadas e, sem os recursos tecnológicos de hoje, conseguiam oferecer um bom ensino para quem quisesse estudar. Muitas delas localizadas no interior de São Paulo e próximas aos grandes centros, ofereciam as licenciaturas, já que havia poucos professores diplomados, e a graduação em Direito, pois assim os formandos poderiam trabalhar em qualquer área. As décadas de sessenta, setenta e oitenta foram de economias ascendentes que demandavam trabalhadores de melhor nível, o que propiciou a procura de ensino superior particular por profissionais que não haviam conseguido ingressar nas universidades públicas. Porém, os alunos dos cursos de fim de semana tinham determinação e conseguir o diploma superior era a meta. Deslocavam-se das capitais ou do entorno delas e sacrificavam o lazer semanal para, na sexta à noite, sábado o dia inteiro e, às vezes, na manhã de domingo, se dedicarem à lide universitária. A metodologia era aula para valer, apostila para estudar e livro para comprar. Trabalhos de casa para serem entregues no fim de semana seguinte e provas mensais. A colaboração entre os estudantes era permanente, um cooperando com o outro, especialmente quando o colega não podia comparecer. Muita convivência amiga e estímulos para superar as adversidades. Os cursos eram bem planejados e precisavam ser levados a sério, pois havia muita cobrança, tendo em vista que tinham de cumprir a regulamentação do MEC. A única diferença era a presença de apenas dois dias na semana. Deixando a realidade paulista e para homenagear os educadores brasileiros que são lembrados nesta semana, procurei mostrar o desempenho de professor que conseguiu transformar uma pequena faculdade de Filosofia de Varginha, sul de Minas, que oferecia cursos de fim de semana, em prestigioso centro universitário. E, por esta razão, fui ouvi-lo no último 18º FNESP - Fórum Nacional do Ensino Superior, realizado no dia 26 de setembro passado, em São Paulo. O reitor Stefano Gazzola (saiba mais sobre sua trajetória) representava o Centro Universitário do Sul de Minas (Unis) no painel “A gestão da IES em tempos de incertezas. Como equilibrar a sustentabilidade, investir na inovação e ser relevante para a sociedade ao mesmo tempo?”. Ele mostrou como está conseguindo desenvolver uma cooperação entre instituições internacionais de ensino superior. Seu desafio era “por que não” criar uma rede de instituições que intercambiassem informações e experiências para desenvolverem suas universidades? De forma bilateral, já participara de algumas ações amparadas por convênios de cooperação. Havia um histórico de mobilidade estudantil e dos docentes da instituição, atuação de professores convidados, formação de grupos de pesquisa, ofertas de cursos em conjunto com outras IES. Todas elas comungavam do interesse de ampliar a cooperação internacional, compartilhar informações e adotar as estratégias modernas da Tecnologia da Informação. E assim nasceu a “Rede de Cooperação entre Instituições de Ensino Superior”, iniciada com 8 integrantes. Estive com ele depois de sua empolgante apresentação. Sua história de vida é muito bonita e a luta para a transformação da faculdade em Centro universitário e criar a cidade universitária é dignificante. Porém, o que desejei questionar com ele era como uma IES com 8 mil alunos, numa cidade de 110 mil habitantes e 6 grandes concorrentes, conseguia ter sustentabilidade convivendo num mercado tão competitivo. Sua resposta foi a seguinte:
- Sempre acreditei nas pessoas e este é o principal ingrediente de sucesso do Grupo Unis. Fazemos questão de zelar pelos talentos que agregam às nossas equipes. Mais do que as estratégias e os planos de marketing, as pessoas são o nosso grande diferencial e por isso sempre enfatizamos que temos aqui gente cuidando de gente o tempo todo.
- Estimulamos os nossos colaboradores e professores de todos os níveis a acreditarem em seus sonhos, a fazerem do Unis não apenas um trabalho, mas um projeto de vida. Dessa forma, conquistamos fortes aliados e construímos juntos, dia a dia, a nossa Instituição. Afinal, o Grupo é de todos nós e cada um é responsável pelo sucesso da nossa empresa.
- Somos uma Instituição do interior do estado, porém isto nunca nos impediu de olhar além do horizonte. Sempre acreditamos que o conhecimento não pode ficar trancado dentro da universidade. É preciso expandir, crescer, quebrar barreiras. Dessa forma, ampliamos nosso relacionamento com o mundo. Temos fortes parcerias nas Américas Latina e do Norte e Europa, com diversos programas de mobilidade acadêmica, rede de cooperação internacional entre Instituições e estudantes, que se tornaram um grande diferencial do Grupo Unis. O esforço é fazer com que o nosso aluno tenha melhores chances de competitividade no mercado de trabalho. E uma experiência no exterior sempre agrega vantagens ao currículo.
- Mantemos ainda uma Unidade de Educação Executiva, contatando grandes empresas da região através do Conselho Empresarial do Sul de Minas e parcerias com Instituições como o Sebrae. É uma iniciativa nossa, que reúne os principais executivos da região e visa colaborar para o desenvolvimento dos negócios da nossa região e a empregabilidade de nossos alunos.
- Procuramos ainda nos aproximar da comunidade com diversas iniciativas de extensão, que promovem saúde e qualidade de vida à população, além de mantermos diversos projetos de responsabilidade social, junto aos conselhos comunitários dos bairros. O Aluno Nota 10 que desenvolvemos na educação básica tem grande repercussão.