O mundo real se transforma continuadamente e, apesar de todo o progresso conseguido, terá sempre enormes desafios a serem vencidos. São cenários altamente competitivos, e, por estar presa ao passado, a universidade tem pouco comprometimento com estas demandas do futuro.Os dados do Censo da Educação Superior 2015, divulgados pelo Inep no último dia 6, apresentaram poucos fatos relevantes. São as mesmas informações de sempre, que reforçam o modelo tradicional do nosso sistema educacional. Há décadas que o segmento superior particular é expressivamente majoritário, sendo que os últimos dados apontam que 87,5% da rede de educação superior brasileira é formada por instituições particulares e apenas 12,5% são públicas. Destas, 40,7% são estaduais, 36,3% federais e 23,0% municipais. O Censo mostra também que estão matriculados 8.027.297 alunos, dos quais 53,2% estudam em universidades, 16,9% em centros universitários, 28,0% em faculdades e 1,8% em IFs e Cefets. Observamos que, apesar de 1.980 Instituições de Ensino Superior (IES) serem faculdades, ou seja, 83,8% do total das instituições sediadas em todo o Brasil, essa organização acadêmica concentra pouca quantidade de matrículas, sendo quase todas no ensino presencial. Como sempre, o segmento particular detém ainda o maior número de matrículas, representando 75,7% do total (6.075.152). O crescimento da matrícula em relação ao ano anterior foi de apenas 2,5%, sendo que, as particulares tiveram aumento de 3,5% e, por incrível que pareça, na rede pública houve uma queda de 0,5%, fato acentuado principalmente nas instituições municipais. Esses números indicam que há 2,6 alunos matriculados na rede privada para cada aluno na rede pública nos cursos presenciais. Outros pontos que merecem ser destacados do Censo da Educação Superior 2015:
- O Ensino a Distância (EAD) representa 1,4 milhão de matrículas, 17,4% do total, sendo a maioria na rede particular e nas licenciaturas;
- Em 2015, houve uma queda de ingresso no EAD de 4,6%. No presencial, a queda foi de 6,6%, ocasionada, principalmente, pela crise oriunda do Fies;
- Os bacharelados representam 68,7% do total de matrículas, contra 18,3% das licenciaturas. E estas, surpreendentemente, estão em sua maior parte (65,1%) nas universidades. Na rede particular, mais da metade das licenciaturas (51,1%) são a distância;
- Na educação tecnológica, cresce o número dos matriculados em EAD, enquanto há uma pequena queda nos tecnológicos presenciais e isso se explica pelo custo x benefício;
- A presença de alunos estrangeiros tem aumentado e já são 15.605 alunos na graduação, sendo 30% do continente africano e de Angola o maior número (2.263);
- O curso de Pedagogia é o mais concorrido entre as mulheres, com 608.868 matrículas. Entre os homens, o mais concorrido é Direito, com 381.541 matrículas, sendo este o curso com o maior número de matrículas no total (853.211);
- Estão ainda entre os maiores cursos de graduação em número de matrículas no Brasil os cursos de Administração, Ciências Contábeis, Engenharia Civil, Enfermagem, Psicologia, Gestão de Pessoal, Serviço Social e Engenharia de produção, sendo que na maioria deles, as mulheres estão em maior número;
- Os ingressos em 2015 foram de mais de 2,9 milhões de alunos, sendo que 81,7% foram para a rede particular;
- O total de vagas oferecidas em 2015 soma 8.531.655: apenas 764.616 em IES públicas e 7.767.039 de IES particulares;
- Não foram aproveitadas 2.362.789 vagas: 174.136 nas públicas e 2.188.653 em particulares;
- Mais de um milhão de alunos concluíram seus cursos, sendo 910.171 na rede particular e 239.896 na pública. Portanto 79,1% dos concluintes vieram da rede particular;
- O número de concluintes de cursos presenciais cresceu 9,4% em relação a 2014 e, em EAD, aumentou 23,1%;
- Havia 388.004 professores em exercício em 2015, dos quais 57,3% tinham vínculo com o segmento particular e 42,7% com a rede pública;
- Quanto à formação dos professores da rede particular, 20,8% tinham Doutorado, 48,2% Mestrado e 31,0% algum curso de Especialização.