Vejo que a tecnologia, para a massa populacional, ainda, é uma novidade, o que lhe confere o ar de irresponsabilidade permitida. Para que hoje as vantagens venham a superar de vez as desvantagens, haveríamos de ter cada vez mais curadoria de conteúdo de qualidade, etiqueta pessoal e grupal em meios online e até controle de si mesmo sobre o uso das máquinas, para nunca deixá-las se sobrepujar ao experiencial humano. (Gabriel de Oliveira) [1]Pai, revoltado porque sua filha adolescente recebia semanalmente anúncios de produtos infantis, resolveu acionar a comerciante. Ao receber a denúncia, o advogado da empresa logo indagou ao marketing digital por que usara esta estratégia. Conhecendo-a, solicitou a presença do reclamante, para informá-lo que, no Facebook, a menina já anunciara às amigas que ficara grávida. E, como sabem, as redes sociais, além de meio de convívio, é excelente banco de dados informacionais. Um tema que provoca muita discussão em família é o uso da internet. Quanto tempo os jovens passam ao celular? Especialmente nas redes sociais. Qual a porcentagem de uso para informação e notícias? Com quem eles se comunicam enquanto conectados? Acessam só trivialidades, vulgaridades e banalidades? A Radar Jovem, que mapeou o comportamento de jovens brasileiros de 18 a 25 anos durante 80 semanas, concluiu que eles ficam em média seis horas por dia em redes sociais nos celulares, que se transformaram, como teorizou McLuhan, em verdadeiros apêndices e extensões do corpo humano. Pesquisa da rede Passei Direto, com mais de dois mil universitários em todo o país, revelou que 75% ficam conectados até adormecer e 62,5% se conectam assim que acordam. Em todo o mundo, bilhões de pessoas usam as redes sociais diariamente. Estima-se que até 2018, 2,44 bilhões de pessoas a estarão utilizando enquanto em 2010 eram só 970 milhões. As redes sociais oferecem vantagens extraordinárias, mas escondem alguns perigos. Não só para adultos, mas principalmente para adolescentes, e até mais para crianças, que se expõem ingenuamente, aos seus perigos:
- sem cuidado algum ao revelarem suas intimidades e informações particulares e tornarem-se presas fáceis para pessoas mal-intencionadas;
- com falta de moderação da grande maioria , usando todo tipo de conteúdo postado, haja vista que a sua produção, ocorre de forma não centralizada, inexistindo o chamado “controle editorial”;
- no uso de links embutidos em fotos e imagens contendo códigos maliciosos capazes de contaminar os computadores com malwares ou que levem os membros das redes sociais a sites perigosos.
- 46% dos utilizadores do Facebook aceitam pedidos de amizade de estranhos;
- 89% dos utilizadores da faixa etária dos 20 divulgam a sua data de aniversário;
- quase 100% dos utilizadores divulgam o seu endereço de e-mail;
- entre 30-40% dos utilizadores listam dados sobre a sua família e amigos.
[1] W. Gabriel de Oliveira é professor universitário na área de cibercultura, comunicação e marketing, além de consultor e pesquisador. [2]