“Pode até ser que um dia as máquinas e a inteligência artificial tomem o lugar de seres humanos em várias áreas. Isso não é algo necessariamente ruim, especialmente se levar a um aumento da riqueza e do bem estar de todos. ” (Rachel Nuwer – BBC Future)Inteligência artificial (artificial intelligence) é a inteligência similar à humana exibida por mecanismos ou softwares, escreve John McCarthy, o primeiro a defini-la como "a ciência de produzir máquinas inteligentes". É dedicada a buscar métodos ou dispositivos computacionais que multipliquem a capacidade racional do ser humano para resolver problemas, construir coisas e de pensar de forma inteligente. Sistema de computador programado para automatizar os dispositivos operacionais, para aumentar o desempenho e substituir as repetitivas atividades humanas. A imaginação e a ficção dos futuristas têm acompanhando este movimento, criando máquinas de aparência humana que substituem a força de trabalho, realizando tarefas das mais humanitárias e até as criminosas. São os robôs que imitavam armaduras medievais e cada vez mais vão sendo parecidos com os humanos (o robô humanoide). Porém, o mais importante nisto tudo é perceber que quem vai nos substituir são os sistemas e não a figura física que o represente. Estereótipos à parte, vemos robôs com feições humanas, com pernas, braços e mãos, além de uma cabeça sustentada por um pescoço, tudo mecânico, eletroeletrônico, que andam, falam e gesticulam, mas tudo programado pelo computador. Chama atenção, nesse contexto, o artigo do professor de Liderança e Comportamento Organizacional do Insper, Fábio de Biazzi, publicado no Estadão na semana passada com o título “A Inteligência artificial e o futuro do trabalho”. É de assustar o que vem por aí com supressões funcionais e acréscimos impensáveis de novas profissões. O fulcro da questão é a empregabilidade, a perda de postos de trabalho, único, maior e fantasmagórico problema que assusta, amedronta e apavora o indivíduo. Para cada carreira que a tecnologia elimina, sempre haverá uma onda de novos caminhos profissionais a serem explorados e criados. Assim como alguns dos empregos de hoje – gerente de mídias sociais, designer de aplicativos, diretor de impacto ambiental. Precisaremos imaginar um futuro onde conselheiros genéticos, biobanqueiros, autores de realidade aumentada, especialistas em antienvelhecimento e experts em mitigação de desastres naturais urbanos, poderão ocupar os lugares mais cobiçados cada vez maior, de pessoas nas grandes cidades. Ao mesmo tempo, não devemos assumir que a economia vai se ajustar às mudanças. Não há garantias de que tudo funcione bem no futuro. Para tornar a transição menos dolorida possível, precisamos ser proativos em assegurar que a destruição de certas carreiras seja feita com a provisão adequada para aqueles que perderem seu papel na sociedade, o que de certa maneira de pensar é quase utópico. Conforme máquinas, softwares e robôs vão se tornando mais sofisticados, alguns especialistas temem que estejamos à beira de perder milhões de empregos. Segundo um estudo recente feito por analistas da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, a próxima onda de avanços tecnológicos vai colocar em risco até 47% de todos os empregos dos Estados Unidos. O prof. Raulino Tramontin (CC - Contato Consultoria e Assessoramento Educacional) vem se debruçando sobre carreiras e profissões e, recentemente, organizou uma apresentação (acesse aqui) que lhe dá apoio a palestras interessantes. De acordo com matéria publicada na BBC Brasil, as máquinas vêm tomando nossos empregos há séculos. "As economias de mercado nunca ficam paradas", afirma David Autor, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "As indústrias vivem ascensões e quedas, os produtos e serviços mudam – e isso vem acontecendo há muito tempo." Alison Sander, diretora de análises para o futuro do Boston Consulting Group, explica que "há uma enorme mudança nas habilidades necessárias hoje no mercado de trabalho, mas ela não se reflete no nosso sistema educacional". De fato, há uma demanda cada vez maior por trabalhadores com formação superior e uma série de habilidades refinadas, mas uma queda vertiginosa na necessidade de pessoal com educação média, o que mostra a importância da formação técnica e tecnológica em nosso país. Isso significa que uma enorme parcela da população que, nas últimas décadas, tinha um padrão de vida elevado, hoje já não pode mantê-lo. E o problema deve se intensificar nos próximos anos, na medida em que trabalhos que envolvam rotinas ou tarefas repetitivas mentais ou físicas tenham mais chances de serem eliminados pela automação. O prof. Fábio de Biazzi explica que a questão dos desafios do trabalho é tão relevante e preocupante e tem tudo para ficar ainda mais intensa no futuro. “Isso porque os últimos anos têm revelado um avanço descomunal não somente em termos de automação ou digitalização, mas na evolução da chamada ‘inteligência artificial’ (AI). E um avanço ainda maior é esperado já para os próximos anos, não apenas para as próximas décadas”. O veio mais promissor de evolução da AI, chamado deep learning, ou aprendizagem profunda tem se mostrado espetacular. A aprendizagem profunda baseia-se em redes neurais artificiais que seriam “treináveis” pelo processamento de enormes quantidades de dados, em vez de serem sistemas “explicitamente programados”. Tais dispositivos já têm sido utilizados em mecanismos de busca (Google), bloqueadores de spams, tradutores, detectores de fraudes em cartões de crédito e nas experiências com veículos autodirigíeis. O alerta do professor Biazzi é de capital importância não só para nos sensibilizarmos com a questão das novas realidades empresariais e dos trabalhadores. É cenário que deveria ser analisado com todo o rigor. Sem dúvida alguma, as Associações da Indústria, do Agronegócio, do Comércio e dos Serviços; as Federações de trabalhadores; o Fórum das representações das instituições educacionais; as Comissões de Educação do Congresso Nacional e o MEC deveriam, em conjunto, estar planejando como enfrentar o desafio deste mundo novo que a Inteligência Artificial está criando.