“O que reunirá os indivíduos não será mais a nacionalidade ou uma ideologia, mas, sim, as capacidades de compartilhamento dos saberes individuais“ (Pierry Pevy)Concluímos nosso último artigo neste Blog escrevendo que a sociedade deveria estar sensibilizada para as grandes transformações que estão ocorrendo no mundo empresarial e dos trabalhadores, advindas do desenvolvimento avassalador da tecnologia. Elas, inevitavelmente, atingirão nossas instituições responsáveis pela formação de recursos humanos. Na ocasião, propus que as Associações da Indústria, do Agronegócio, do Comércio e dos Serviços; as Federações de trabalhadores; o Fórum das representações das instituições educacionais; as Comissões de Educação do Congresso Nacional e o MEC (acrescentamos ainda outros organismos de docentes e governamentais) deveriam, em conjunto, estudar como enfrentar os desafios que este mundo novo está ameaçando às populações, criando uma Rede Colaborativa de Conhecimento. O prof. Antonio Carbonari Netto apresentou na última reunião do Conselho de Administração da ABMES um material de sua palestra (clique aqui para acessar), do qual transcrevo os 10 grandes temas que desafiam o Ensino tradicional, acrescentados de mais sete advindos da reunião:
- Globalização e unificação curricular - Novas Tecnologias Emergentes... já! - Competição Global por emprego local - Conhecimentos, competências e habilidades - Aprendizado moderno e disruptivo - Disciplinas para a Educação Continuada - Grandes transformações do modelo atual - The University of everywhere (street learning) -Estagnação econômica e desemprego -Acesso e Financiamento estudantil -Desvalorização do diploma superior -Péssima imagem do Ensino Superior Particular -Excessiva regulação do MEC que impede qualquer inovação -O mundo está mudando e as IES precisam de liberdade para vencer os desafios -Ensinos médio e universitário deveriam trabalhar em colaboração -Fortalecimento da formação do professor do ensino básico -Apoio às Pequenas e Medias Instituições de Ensino SuperiorNestes dois últimos anos, tenho procurado levantar em meus artigos questões para uma pauta de reflexões e provocar discussões de temas e problemas relevantes para o segmento educacional. Temos inúmeros desafios a superar: econômicos, sociais, políticos - como todos os países – e, principalmente, os educacionais. Os últimos resultados do PISA apresentam a queda do desempenho dos alunos da educação básica. O Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. São 70 países avaliados. Sabemos o quanto a formação na educação básica reflete na experiência universitária e impacta em toda cadeia de empregabilidade e produtividade do país. Como apresentado pelo Fórum Econômico Mundial, estamos na chamada quarta revolução industrial, caracterizada pela fusão de tecnologias, que impactam as esferas físicas, digitais e biológicas da sociedade. Vivemos uma revolução tecnológica sem precedentes na história da humanidade, que, em sua escala, escopo e complexidade, promoverão grandes transformações, ainda não experimentadas. Deve envolver amplos setores da sociedade civil, público e privado, além todo segmento educacional. Por outro lado, a conectividade, a expansão das redes sociais, o compartilhamento e a colaboração em redes de conhecimento, também marcam a quarta revolução industrial. (Leia mais sobre o tema: “How much is the sharing economy worth to GDP?”) Aproximadamente 30 milhões de mensagens são trocadas no mundo por minuto no Facebook; 350.000 tweets compartilhados no Twitter e, atualmente, são mais ou menos, 2,44 bilhões de pessoas conectadas em redes sociais, contra 970.000 em 2010. Todos esses números e cenários, representam uma preocupação relevante para a educação no Brasil, já que, queiramos ou não, para sobreviver necessariamente precisaremos nos transformar. Precisamos construir o futuro almejado por todos nós e talvez esse seja um dos maiores desafios atuais do Brasil. É preciso colocar o capital de conhecimento e experiência das pessoas em primeiro lugar e promover uma educação que esteja conectada aos problemas complexos do contexto histórico, valorizando a criatividade como grande ativo de sobrevivência e superação. Sem dúvida, como apontam vários especialistas, existe uma "inovação colaborativa" em curso. Ela desencadeia um mundo de experiências em colaboração e compartilhamento, criando redes de conhecimento, novos modelos de desenvolvimento social, de empresas e negócios, o que coloca a criatividade como grande marca da valorização da inteligência humana. (Leia mais sobre o tema: How Green is the Sharing Economy?) No entanto, tratando-se de educação, redes de conhecimento, colaboração e compartilhamento e inteligência coletiva, destaco duas citações em linha de tempo diferenciadas, do autor Pierre Lévy. Em 2004 em seu livro: Tecnologias da Inteligência
“O que reunirá os indivíduos não será mais a pertença a um lugar ou a uma ideologia, mas, sim, as capacidades de compartilhamento dos saberes individuais. O compartilhamento será o que de mais precioso possuem - a inteligência.”Em 2016, em seu blog https://pierrelevyblog.com
“O estado da inteligência humana se relacionará com as capacidades de reflexão, criação, comunicação e colaboração, e será infinitamente mais poderoso e mais bem distribuído do que é hoje.”Não dá mais para esperar que o Governo, o MEC ou o Fies resolvam os nossos problemas; precisamos nós mesmos solucioná-los. Será preciso unidade de objetivos e construir uma rede de conhecimento, produzida pela inteligência coletiva das pessoas, dispostas a compartilhar, colaborar, trocar ideias, referências, conteúdos, resolver problemas reais da vida e do trabalho, orientar desafios de estudos e das comunidades locais. Não dá mais para em todo o momento buscarmos soluções do Governo. A solução deve vir de nós e, por isto, insisto na criação desta Rede de Conhecimento.