“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, porque simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. (Platão)Sem a pretensão de esgotar assunto tão delicado, multifacetado, espinhoso e polêmico, permito-me tentar dar um fecho ao tema abordado na tríade dos meus últimos artigos – “Educar para votar conscientemente” (18/4), “A Operação Lava Jato mostra que o Brasil precisa mudar” (25/4), “Estamos com problemas (e precisamos de soluções)” (2/5). Todos relacionados ao projeto “VOTA CERTO, BRASIL”. Quando um cidadão é ainda capaz de revoltar-se com os abusos da classe política, a democracia, para ele, tem algum sentido, pois sua revolta mantém acesa a chama da mudança. Mas para onde nosso povo pode seguir se no retrovisor vê apenas coisas que o envergonham e, pela frente, o futuro é motivo de incredulidade? A propaganda política (não por acaso, vejam quantos marqueteiros estão envolvidos nos escândalos denunciados pelo Mensalão e pela Lava Jato...) tem seduzido o eleitor brasileiro, exibindo incontáveis candidatos que poderiam estar em qualquer concurso de miss ou programa humorístico, mas se mostram alheios ao compromisso público que a vida política exige. O eleitor precisa estar consciente de que, como dizia o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi, “o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente”. Embora hoje a internet permita que estejamos mais conectados com o mundo real, ainda existe um Brasil imenso cujo voto enfrenta outra realidade: ainda se vende por uma camiseta ou cesta básica, ainda está sob a lei do cabresto, ainda é presa fácil da ignorância, da preguiça, da incúria. Para os que se encontram nesta última situação, nunca é demais lembrar a frase atribuída ao filósofo grego Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. E acrescentamos: é por isso que há tantos Severinos Cavalcantis e anões do orçamento (lembram-se deles?), Cunhas, Calheiros, Collors, Sarneys e outros que tais em nossa história política recente. Mudar esse quadro e passar o Brasil a limpo depende de nós. Se o povo não aprender a refletir, o Brasil será um barco à deriva, empurrado pela inércia de não sabermos votar. A responsabilidade pelo sucesso do momento histórico que estamos vivendo é de todos, mas, na minha crédula utopia, acredito que o setor educacional tem de tomar frente ao movimento que inicialmente denominei de “VOTA CERTO, BRASIL”, no esforço obstinado de prover informações e fomentar o debate respeitoso e sadio, no setor educacional. Assim será possível, no correr do tempo, formar novas gerações que realmente pensem numa sociedade criativa e com autoestima. Porém, adianta saber votar se não existe um sistema de escolha eleitoral digno, que evite todo tipo de malabarismos para impedir os equívocos da representatividade? E, na sequência, o que motivará os congressistas eleitos a pensarem em novas leis se os poderes Judiciário e Executivo só pensam em vantagens próprias e não na nação? Como responder aos comentários que recebi de que não adianta votar certo se todo o sistema está “bichado”? E a outro, mais rude ainda, que o papel da universidade não é fazer política, que ela deveria ter como objetivo único formar bons brasileiros: se conseguisse isso, o restante aconteceria sozinho? A situação que o Brasil atravessa, leva a várias reflexões. A primeira trata diretamente da questão que motiva o presente artigo: se todos devemos ser responsáveis pelo destino do país, o ensino superior é a instância educacional voltada não só à formação de brasileiros que se expressem política e socialmente e tenham consciência sobre as formas de exercer seus direitos políticos, mas também proponham soluções para os problemas. A segunda reflexão, ou constatação, é de que a democracia hoje no Brasil não reflete a vontade de todos, pois apresenta mais características de uma oligarquia, que privilegia e representa poucos ou alguns membros da sociedade, mesmo que estes tenham sido escolhidos pelo voto direto da maioria da população. Na sessão especial para homenagear os 55 anos da Universidade de Brasília (UnB), no dia 27 de abril passado, o senador Cristovam Buarque afirmou que a universidade precisa ser vanguarda na produção do conhecimento e na busca de construção de uma sociedade melhor. E, em meio à maior crise política já vista nesse país, é muito importante fazer a terceira reflexão para questionar “Qual o papel do ensino superior particular diante da atual crise política, social e econômica do país?”. Afinal somos mais de 2 mil instituições, cerca de 360 mil docentes e de 6 milhões de estudantes – qual o nosso papel nesta situação toda? A ABMES poderia pensar criativamente num projeto de desenvolvimento para ser proposto aos candidatos ao pleito de 2018 para termos um país mais igualitário e com oportunidades para todos. Com o objetivo de consultar para conhecer o que pensam os leitores deste blog sobre a importância de o Ensino Superior participar das resoluções políticas do país, preparei uma breve enquete com algumas questões. Somente a opinião sobre as questões é solicitada, nenhum dado pessoal precisa ser registrado. Por isso, conto com a sua colaboração. Clique aqui e participe!