Se a educação é uma solução para o Brasil, ou para o mundo, ela é uma solução para todos. A educação não precisa ser apenas a divulgação de conhecimento e ideias ao cidadão comum. Mas é o que a educação brasileira é hoje: ela informa, mas não cria consciência e não convence. (Altieres Rohr - blog Ira Racional)Recentemente vi um vídeo promocional interessantíssimo. Era da cerveja Heineken feito pela Agencia Publicis com o título "Mundos Distantes". São três mulheres e três homens, cada um se apresentando separadamente e mostrando suas convicções culturais, políticas e humanitárias e que depois são dispostos em casais. Um fanático ecologista está com a par que tem ojeriza por ambientalistas; outro, um machista ferrenho, está com mulher negra feminista de partido; e outro, um heterossexual extremado, está com uma transgênero declarada. Ninguém sabe o que o outro pensa e são convidados a construir uma bancada. Depois de mostrarem o que produziram, assistem à gravação inicial e ficam sabendo quem era seu companheiro. E podem agora brigar ou discutir civilizadamente suas diferenças. Imagine se antes de construir o móvel fossem discutir seus credos. Estariam até hoje brigando. Pense no festival do Rock in Rio ou no desfile das escolas de samba na Sapucaí, os espectadores discutindo religião ou futebol, o que aconteceria. Seria pauleira na certa. Escrevo semanalmente neste blog há mais de três anos e a maior dificuldade que sinto é a de conhecer a opinião do leitor. Por isso, fiz uma enquete que perpassava por projeto de desenvolvimento nacional - no qual o ensino superior participava como um dos principais atores para a solução da nossa crise política e da questão da corrupção com recomendações ou sugestões para o Brasil melhorar - pelo papel da educação na formação ética e política das pessoas e pela discussão de se é papel da universidade se preocupar com isto. E, com surpresa maior, pelas respostas, o brasileiro está perdendo totalmente seu modo de lidar com ideias diferentes e ter uma causa comum para defender. A maior preocupação daqueles que me responderam é de que o brasileiro perdeu a capacidade de discutir e de buscar metas comuns. O país está totalmente dividido e, pior ainda, propiciando a cada manifestação política a presença de grupos turbulentos que vão depredando propriedades e agredindo participantes. É bandidagem geral. Tem leitor dizendo "não é tarefa fácil numa sociedade multifacetada onde as paixões de um lado e de outro convivem num clima pouco harmonioso". Toca-se num ponto nevrálgico e atual ao dizer tal situação que se repete no interior das IES: o professor pode ter seu pensamento político, o que não pode é fazer proselitismo no exercício profissional. Como, então, analisar neutralmente a situação do país perante os alunos sem aflorar paixões? É difícil a isenção! Todavia, podemos, sim, analisar como a sociedade perdeu a capacidade de autoanalisar-se e como os valores naturais foram esquecidos, como se tornou violenta. Como o egoísmo passou a ser o dia a dia do cidadão, mostrado com mais ênfase no comportamento, no trânsito e no trato das pessoas. Cada um vive isolado e egoisticamente. Adeus princípios morais! Outra opinião bem pragmática: "O projeto 'Vota Certo Brasil' é um passo importante para uma solução de médio e longo prazos, principalmente se entendermos que o 'Certo' demanda por parte do eleitor um conhecimento profundo sobre o sistema político brasileiro, sobre os candidatos e sobre os problemas locais, estaduais, nacionais e internacionais. Enfim, votar certo requer, entre outras competências, conhecimento amplo e profundo dos problemas, pensamento crítico e analítico, visão dos impactos das soluções ofertadas pelos candidatos, bem como capacidade de decidir e de sustentar a posição tomada". Uma que veio de forma bem sutil e vale aqui publicar: "Diante da estarrecedora situação que a crise política impõe ao país, é imperativo que a instituições de ensino superior repensem seu papel na sociedade e decidam por implantar atividades curriculares ou complementares que permitam a formação de jovens mais preparados para a erradicação da corrupção no Brasil". O leitor acredita que uma das questões que favorecem a trágica realidade vivida nos dias de hoje tenha a ver justamente com essa lacuna na formação política dos jovens na maioria dos cursos de ensino superior particulares. "Pois, sem uma devida formação, ou pelo menos um alerta sobre as questões éticas e de governança no setor político e público por parte das IES, permite-se que as nefastas práticas estabelecidas e institucionalizadas acabem por convencer uma boa parte da população de que as coisas acontecem do jeito que temos assistido todos os dias nos noticiários da mídia nacional". Uma jovem professora coloca de maneira cristalina: "O ensino superior, como estágio educacional ligado à formação e vanguarda do conhecimento, deve fomentar o debate sadio de todos os temas relevantes para a sociedade. A imprensa também, bem como outros setores da sociedade, deveria participar desse movimento, todos alicerçados pelos mesmos princípios: interesse nacional, sem nenhum vínculo ou conotação partidária, que promova a efetiva educação no Brasil, na formação de cidadãos críticos e conscientes, em uma verdadeira sociedade democrática". Mas a resposta mais crítica e contundente deixei para o fim: "O ensino Superior particular não tem credibilidade para propor nada em termos de planos de Desenvolvimento para o país, porque seu objetivo é o negócio e não a educação e menos o país. E o exemplo é o que presenciamos na mídia em termos concorrenciais, a forma como uma instituição utiliza para prejudicar a atividade da outra. Querem consertar o Brasil sem olhar para seus próprios umbigos." Consequentemente, polêmicas à parte, que fazem parte do mundo da vida, vou prosseguir a enquete para ouvir mais leitores. Mas a síntese que se pode depreender é que tudo começa pela educação e se as pessoas não se pautarem por objetivos dignos, sinceros e honestos para si e seus semelhantes, o caos será inevitável. Para nos defendermos dos males que nos afligem, é primordial, antes de tudo, a retomada dos princípios éticos e morais e de respeito mútuo e a educação sem dúvida é o parâmetro para qualquer iniciativa. Clique aqui e participe da pesquisa que tem como objetivo conhecer o que pensam os leitores deste blog sobre a importância de o Ensino Superior participar das resoluções políticas do país. Somente a opinião sobre as questões é solicitada, nenhum dado pessoal precisa ser registrado. Conto com a sua colaboração!