“Embora os destinos da Economia estejam em suas mãos, tudo leva a crer que os empresários se comportarão como em tantas outras oportunidades em nossa história: passarão pela cena sem dizer palavra”. (Bolívar Lamounier- Jornalista)Muitos devem ter visto na mídia a situação vivida pelo graduado em farmácia e doutorado em Química Andreas von Richthofen, irmão da “célebre” Suzane, condenada a 40 anos de prisão pelo assassinato dos pais. Bom estudante, excelente pessoa e brilhante profissional, foi encontrado em andrajos, confuso e desnorteado pelas ruas de Santo Amaro, na capital de São Paulo. Hoje ele é um dos viciados da Cracolândia, chaga social da pauliceia e de outras cidades do mundo, de difícil extinção. No debate sobre a intervenção da prefeitura da cidade no local, arautos dizem que a solução é replicar o que a América do Norte fez há 40 anos, prendendo, sumindo e matando. Ou de atuar sem ordem judicial e internar a força como fez recentemente o prefeito João Doria. Tem ainda a linha do médico Dráuzio Varella, cuja declaração apontou que a região é consequência de marginalismo criado pela própria sociedade e que a internação deva ser espontânea, sendo forçada só em caso extremo. Na realidade, a sociedade não consegue solução para este e outros problemas, devido a divergências ideológicas dos responsáveis pelas políticas públicas e, infelizmente, isto sucede em todas as áreas: o pais está dividido. Qualquer observador desarmado que olhe para o convulsionado Brasil de hoje dirá que o país precisa de conciliação e de ter um mínimo de entendimento entre as partes em conflito antes de pensar em qualquer plano de desenvolvimento. Tolerância e serenidade são virtudes a serem cultivadas mais do que nunca neste momento. Negligenciamos demais, por muitos anos, admitindo desmandos nunca vistos. Toleramos como Jó e os acontecimentos nos pregaram uma boa peça. Levantamos a cada dia acompanhando os noticiários que mostram mais lama e lodo nas calçadas e ruas do país. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela notícia. A repercussão do mergulho no pântano da corrupção deu alento à cidadania encurralada. No meu artigo da semana passada apresentei o escopo do projeto "Vota Certo Brasil" que objetiva criar uma consciência cívica e discutir o futuro do país. Tenho recebido colaborações. Desde quem disse que o papel aceita tudo e que o difícil é implementar, porque alguém teria de pagar a conta, já que o projeto “não é barato e precisa de especialistas”[1]. Há quem defenda o voto distrital, que permite que “o candidato faça suas propostas numa área geográfica mais restrita e a um custo menor”[2]. Até uma pessoa preocupada com o público a ser pesquisado, opinando que esse papel não seria dos educadores, mas de todos os segmentos da sociedade: “Os educadores estão sendo ouvidos há décadas através de seus posicionamentos em relação às políticas públicas em geral e há duas vertentes: - os que são da desgastada esquerda trotskista e os que não têm compromisso com nenhum posicionamento político. E que o público nosso não seria formado pelos quase 7,5 milhões de universitários, mas pela base da pirâmide, com a qual ‘é necessário falar e convencer’”[3]. Recebi outra contribuição bem desconcertante: “a universidade tem tanta coisa para fazer e muitos dizem que ela não o faz bem. No lugar de perder tempo com política, não seria melhor aprimorar a eficiência dos cursos? Se a universidade conseguisse formar o profissional que de fato amasse seu país, não teríamos os males atuais”. A maior dificuldade para quem não é redator profissional é encontrar, a cada semana, nestas quase duzentas que colaboro com a ABMES, tema para escrever. Imagine que, se o Brasil não vivesse essa crise toda, o problema que teríamos para arrumar assunto semanal. Os meios de comunicação vivem disso e quanto maior a desgraça, (crimes, roubos, estupros, desastres, destruições e roubalheira governamental etc) melhor. Mais facilidade na redação e mais faturamento no comercial. Não é à toa que a mídia impressa e televisionada no fim de semana esbaldou-se com o então desconhecido e hoje figura nacional, ex-deputado Rocha Loures. “Vai ou não delata”. E o mesmo foi na internet. Se a humanidade deixasse de se comunicar através dela, seria um colapso econômico global. As redes sociais vivem de fofocas, de comentários fúteis sobre sexo, da desgraça alheia e do mundo espúrio do entretenimento. E as postagens são passionais. Quer de centro, esquerda ou de direita, as pessoas são incapazes de ter um diálogo sério e produtivo, compartilhando experiências uns com os outros. Geralmente os grupos são formados por aqueles que pensam as mesmas coisas e da mesma maneira. A corrupção é endêmica no Brasil e desde Cabral. Para “debela-la levará décadas e só a sociedade civil poderá acabar com os desvios na Política”, diz o Historiador Francis Fukuyama em entrevista na revista Exame desta semana– edição 1139. Será que só a Odebrecht, a JBS, os deputados, os senadores e os governantes são corruptos? Os servidores da Justiça e de outros poderes, os bancos e as demais empresas são todos anjinhos? Escrevi neste mesmo lugar em 8 de março do ano passado o artigo “Criatividade para vencer os problemas da administração pública” que mostra que desde o primeiro hominídeo a constante da vida foram as crises e que a humanidade é o que é porque aprendeu a desvendar os desafios criando soluções criativas para resolver seus problemas. Para contribuir com a resolução dos problemas nacionais, no artigo anterior também expus todos os passos para começar a pensar na realização do Projeto Vota Certo Brasil. É uma campanha de mobilização nacional pela ética, pelo fim da mentira na política e no poder e por um projeto de Brasil com justiça social e desenvolvimento econômico. E, para fugir à dúvida da epígrafe deste artigo, gostaria que refletissem sobre um pensamento magistral de um aforismo de um dos maiores cérebros da Terra, Albert Einstein:
“O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”
[1] “Há centenas de planos partidos, de institutos e grupo de intelectuais. O papel aceita tudo, o difícil é implementar, se não há gente capacitada e não há recursos, não adianta nada. Um plano desses não custa barato e precisa especialista. Quem vai pagar a conta?” [2] “Creio que teu artigo hoje foi muito objetivo e propositivo, mas me atrevo a avançar um pouco. Nosso sistema político atual não permite muita mobilidade em termos de como votar e para isso temos que propor um sistema de voto distrital onde o candidato faça suas propostas numa área geográfica mais restrita e a um custo muito menor. No distrito será fácil conhecer o candidato ou candidatos e avaliar suas propostas nas diversas organizações da sociedade civil: escolas, igrejas, clubes, associações etc. Com o sistema de hoje um candidato tem que percorrer o estado inteiro apesar de ter o seu curral eleitoral predominante numa determinada área geográfica. Mas sem mudanças no sistema será difícil implementar qualquer projeto. Todavia, a tua proposta deve ser levada a sério e discutida na ABMES e para isso precisamos fazer um exame de consciência muito sério de como nos como IES, como educadores estamos agindo para poder dar o exemplo para a sociedade. Gostei da proposta e creio que é o primeiro de muitos passos para o Brasil avançar. Mas não esqueça precisamos mudar o sistema atual antes de ensinar a votar. Se você estiver perto será mais fácil te conhecer, virtudes e defeitos, propostas e projetos o que agrega mais ou menos eleitores. Bom, muita boa a proposta. Aplausos.” [3] “Quer ouvir? Honestamente não creio que sejam os educadores e sim os segmentos da sociedade. Os educadores já estão sendo ouvidos há décadas através de seus posicionamentos em relação às políticas públicas em geral e temos então duas vertentes: os que são da desgastada esquerda trotskista e os que não têm compromisso com nenhum posicionamento político. Os primeiros agem dentro das universidades públicas e nos programas direcionados de TV, como Café Filosófico (por ex), reproduzindo um texto marxista-leninistas desbotado, ‘fazendo a cabeça’ de jovens bem nutridos $$$, que se incluem na defesa das classes sociais às quais não pertencem (em O Sangue dos Outros, Simone de Beauvoir debate bem essa questão - defender o lugar do não vivido, do não pertencimento). Os que não se posicionam politicamente apenas contribuem para que os universitários tenham melhor escolarização visando melhor empregabilidade, defendendo também o seu melhor posicionamento no mercado de trabalho. O desenvolvimento de um comportamento cidadão em relação à credibilidade do processo eleitoral, passa pelo conhecimento da formação Histórica do nosso país, tão jogada no fundo da gaveta nos projetos educacionais apresentados para a reforma do Ensino Médio. Então, esse é um ponto a ser corrigido no ensino superior: talvez pela História Econômica e Social do Brasil. Já é um passo muito grande. A plateia para esse projeto não é a formada pelos quase 7,5 milhões de universitários, apenas. Não são eles que decidem a eleição, nem mesmo o topo da pirâmide social. Quem decide, via de regra, é a base da pirâmide e é com essa base que se faz necessário falar e convencer. A violência das manifestações se dá pela articulação da esquerda atuante e sua base aliada. Faz parte do "complexo de perseguidos pela causa nobre na defesa dos menos favorecidos". As manifestações de grupos da chamada política sem partido são todas pacíficas e ordeiras. Executivo, Legislativo e Judiciário, três poderes a serem refeitos. Uma PL bem-vinda seria a da proibição de todo e qualquer político em exercício (e seus parentes até quarto grau e seus apaniguados) fosse inelegível por oito anos e, no Judiciário a Suprema Corte fosse composta por Magistrados concursados tendo todos os eleitos e concursados que obedecer um Código de Ética rígido A Comissão de Direitos Humanos, a OAB e as ONGS perdessem seu bastão despótico. Palestras, debates, seminários, vídeos, tudo muito válido desde que o formato seja adequado e palatável aos ouvidos. Como atrair esse público desejado é o grande desafio. Epílogo: o artigo é bom. Radical sim, porque o momento exige que assim o seja e ponto.”