Se o mundo é único e feito para nele vivermos, quem está por de trás desta extraordinária criação: nós ou nosso cérebro? Nosso cérebro não só interpreta o mundo, mas o cria. Tudo o que vemos, tocamos, saboreamos e cheiramos não seria aprendido sem o cérebro. Só que há um detalhe: quem manda nele somos nós. Daí a importância da criatividade. (Deepak Chopra) (1)“Obrigado pelo atraso” é um espetacular livro que estou lendo, de Thomas. L. Friedmam - Editora Objetiva (2), que trata do futuro da economia, da tecnologia e da ecologia. O autor cita claramente que, devido a todas estas transformações, vamos precisar ensinar de maneira diferente nossos filhos, os jovens e todos que quiserem aprender para que vençam os desafios dos novos tempos. A velocidade da mudança é exponencial, como nos lembra Gordon More, cofundador da Intel. Ele disse, em 1975, que a capacidade de processamento de dados, devido ao aumento da potência dos microchips, dobraria a cada ano (depois corrigida para dois anos). Para ilustrar, ele conta a história do soberano que desejou premiar o inventor do jogo de xadrez dizendo que lhe daria os maiores tesouros que desejasse. O inventor logo disse que queria apenas arroz suficiente para alimentar sua família. Como promessa é dívida, disse o rei, fale que quantidade quer. Então, o jovem pediu ao rei que colocasse um grão de arroz no primeiro quadrado do tabuleiro, dois no segundo, quatro no terceiro, dezesseis no quarto e assim por diante. O rei concordou e ficou surpreendido que, ao dobrar sucessivamente 63 vezes, a resultante desta brincadeira deu algo em torno de 18 quintilhões de grãos de arroz. Em termos didáticos, esta é a força da exponenciabilidade, que é o que está acontecendo hoje no mundo e que muda a forma de vivermos, pensarmos, relacionarmos e interagirmos. Por esta razão, apresento para reflexão aspectos apresentados durante evento de três dias sobre o futuro dos negócios, da tecnologia e da humanidade, realizado entre 13 e 15 de agosto deste ano, em São Francisco (Califórnia/EUA), o Singularity University Global Summit 2017. A síntese foi enviada por Rafael Priklandnicki, representante do Tecnopuc (Parque Científico e Tecnológico da PUCRS). Resumo do primeiro dia:
- São 1.600 participantes do mundo inteiro. 70% são estrangeiros. A maior delegação é do Brasil.
- Em 2030, mil dólares vão comprar poder computacional equivalente ao cérebro humano. Em 2050, mil dólares vão comprar poder computacional equivalente a todos os cérebros humanos juntos.
- Em 2010, 1.8 bilhões de pessoas estavam conectadas à internet. Em 2017, são 3 bi. Entre 2022 e 2025, será o mundo inteiro. Com mais conexões, mais oportunidades, mais gênios.
- As próximas duas décadas serão diferentes de qualquer coisa que vivemos nos últimos cem anos.
- Podemos prever empregos que serão absorvidos pela tecnologia, mas não podemos prever quais empregos vão surgir a partir da tecnologia. A dificuldade é a velocidade com que isso está acontecendo.
- 130 milhões de pessoas no mundo estão satisfeitas com o seu trabalho. Parece muito, mas em termos mundiais é nada.
- Veículos elétricos com 90% menos partes móveis do que os atuais.
- Na China, todos os táxis serão elétricos até 2020.
- O custo de um carro elétrico vai reduzir drasticamente nos próximos 5 anos. Razões: demanda e abundância.
- Esqueçam os wearables. Estamos entrando na era dos insideables.
- Human life is a software engineering problem (A vida humana é um problema de engenharia de software, em tradução livre).
- As ferramentas do nosso tempo: big data e machine learning.
- 3 bilhões de pessoas vivem com menos de 2,5 dólares por dia. 80% da humanidade vive com menos de 10 dólares por dia.
- 90% dos enfermeiros que usam o assistente de saúde digital Watson, da IBM, seguem as recomendações do programa.
- Automação e inteligência artificial criarão empregos. Posso tornar qualquer coisa inteligente usando inteligência artificial e ganhar dinheiro com isso. Estados Unidos é o país mais automatizado do mundo e não perdeu emprego com isso.
- No futuro, teremos muito mais máquinas do que humanos.
- Ensinamos da mesma forma há cem anos. O sistema educacional é resistente a uma mudança disruptiva. Que tal just in time education (educação em tempo real, em tradução livre)?
- Nossas premissas sobre o mundo podem limitar nosso pensamento. E isso faz toda a diferença.
- Organizações não mudam até que todas as pessoas mudem.
- Líderes exponenciais não tentam mudar o mundo. Eles tentam mudar a si mesmos.
- Em 2020, 85% das interações com clientes será através de máquinas. E essa será uma das formas de se diferenciar dos concorrentes.
- 75% dos millennials consideram a comunicação através de mensagens de texto uma opção de relacionamento com o cliente e têm duas vezes mais chance de se manter fiéis a empresas que oferecerem essa forma de comunicação com eles.
- 30% dos millennials não possuem o ícone do telefone na tela principal dos seus smartphones.
- Empresas já produzem carne de frango e de gado sem matar nenhum animal, apenas a partir da célula animal.
- 20% de todas as buscas em dispositivos móveis já são feitas por voz.
- Veículos e objetos autônomos vão mudar as cidades profundamente.
- Criatividade, empatia e coragem são as habilidades do futuro.
- As instituições de ensino que existem hoje, em sua maioria, foram criadas com pressupostos de 60 anos atrás. O ensino médio é a chave para mudar todo o sistema educacional.
- O principal problema da educação é cultural. Há cem anos é igual. Muitos falam em customizar ensino para crianças, mas a chave é customizar ensino também para os professores. Um a um. Até a mudança ocorrer.
- O futuro da educação é learning by doing (aprender fazendo, em tradução livre).
- Vamos mudar a lógica de "vender carros" para "vender serviços de mobilidade".
- O mundo hoje está fazendo a transição da era industrial para a digital da mesma forma que anos atrás fazia da era agrícola para a industrial. Mas MUITO mais rápido.
- Existem 2.6 bilhões de smartphones no mundo. E 9 vezes mais dados somente nos últimos DOIS anos.
- As pessoas vão aprender dentro de uma lógica de "nano-learning", e não de um longo investimento em educação para usar somente um percentual mínimo daquilo que se aprende. Todos terão um portfólio de trabalho que será nano-desenvolvido.
- Os maiores problemas do mundo são também as maiores oportunidades de negócio.
- Robôs serão considerados uma opção de força de trabalho, assim como hoje consideramos funcionários, terceirizados e freelances. Simples assim.
- Ser exponencial é atualizar e se atualizar de tudo constantemente.
- O Vale do Silício tem uma palavra para descrever fracasso. Se chama “experiência”.
- Hoje existe abundância de capital, conhecimento, habilidades e tecnologia. Não há desculpa para não fazer as coisas. Não há limites. A única limitação é a nossa convicção e o comprometimento de simplesmente ir e fazer.
- Em poucos anos, todos trabalharão para aprender, ao invés de aprender para trabalhar.