Em resumo, lembro de artigo que li há algum tempo, no qual o autor testemunhava que no mundo inteiro há um desencanto com projetos educacionais. Em todos os países, por maiores que fossem os investimentos em equipe de profissionais especializados e com seus altíssimos custos, ninguém está satisfeito com os resultados. Mas uma coisa o prof. João Batista tem razão: no Brasil falta por parte de todos uma consciência pública sobre o valor da educação como promotora de recursos humanos para o desenvolvimento. Educação não é prioridade para o estado brasileiro. As famílias ricas e de classe média consolam-se com as escolas particulares, pois classificarão seus filhos para as melhores universidades. Portanto, não há massa crítica para pressionar o ensino público para uma melhor efetividade. O que é de pasmar é com a elite empresarial, pois sentem no dia a dia o efeito da má educação. Eles têm em suas mãos dados de pesquisas que mostram a relação entre educação e produtividade e sabem que seus clientes estão sempre exigindo inovação, o que só acontece com pessoal preparado. Gastam fortunas com recrutamento, demissões por desajustes e treinamento de pessoal. Mas, como diz o prof. João Batista, não reclamam, não pressionam e não cobram. Por todos estes motivos, se desejarmos vencer o desafio de consolidarmos uma melhor educação para enfrentar o século 21, precisamos enfatizar que a solução não pode depender só do governo, mas também de pessoas mais lúcidas e profissionalmente realizadas. Conhecemos uma série de instituições preocupadas com esta questão, como exemplo, a Fundação Lemann que está disponibilizando recursos para melhorar a educação. Mas são esforços dispersos e, mesmo por parte dos mantenedores das instituições de ensino superior brasileiras, não conheço alguma realização mais expressiva. Por isto, não posso deixar de registrar novamente o exemplo de Sebastião Pereira Duque, que mencionei em artigo anterior (Um furacão de “Sebastiões” para melhorar o Brasil). Com 72 anos e profissão de catador de papel, Sebastião Pereira Duque dá exemplo de solidariedade ao construir uma escola para 75 crianças. A escola Nova Esperança mexe com os brios de todos nós, principalmente com aqueles que acham que escola boa para melhorar o desempenho dos brasileiros é um problema só do governo. O que seu Sebastião está fazendo é um tapa na cara de todos que pensam que milhares de horas discutindo currículos em congressos resolve alguma coisa. Temos 150 mil escolas de ensino fundamental que não vão bem. O que cada um de nós pode fazer, dentro de suas possibilidades, tendo como exemplo o cidadão Sebastião Pereira Duque? Este sim que é um desafio para valer, unir milhares de Sebastiões para dar um jeito na educação do Brasil. Mãos à obra, minha gente.De forma geral, a sociedade está acomodada com a situação. As famílias classes A e B contratam para seus filhos as escolas da moda, que melhor preparam para o Vestibular das Públicas. Da mesma maneira, as da classe média se contentam com o ensino médio público. O problema está com as restantes, de nível igual ou pouco melhor do que o mostrado.
- Falta de pressão para mudar
Para a população mais desinformada e conformada, a educação, o transporte, a saúde, a segurança e os serviços públicos em geral são o que estão disponíveis. Poucos têm a percepção que um país com gente mais instruída será melhor e mais viável.
- A vala comum “o Brasil é assim”
A implementação do sistema educacional brasileiro começou com 200 anos de atraso. A industrialização iniciada em 1950 pressionou a educação pública com os fluxos emigratórios que vinham para as cidades e que demandava educação. Só para se ter uma ideia, o Brasil tem mais gente na escola hoje, do que sua população nos anos cinquenta.
- Manutenção da estratégia expansionista
Na educação nada é planejado, principalmente por estes interiores afora. O crescimento atende aos interesses eleitorais, com jeito para tudo no troca-troca dos gabinetes. Professores são nomeados pelo compadrio com as autoridades. A merenda se arruma, o transporte escolar se consegue e escolas são construídas para atender os políticos.
- O clientelismo político
Da mesma forma que o clientelismo, a burocracia afeta o cidadão, a empresa e a sociedade. Tudo funciona na base de criar-se dificuldades para conseguir facilidades.
- A burocracia
O corporativismo é legítimo para defender interesses comuns dos membros de uma entidade e mesmo sua sobrevivência. Mas tem limites, quando sobrepõe os direitos dos outros e do bem comum. Pior ainda quando envolve ideologias políticas que visam se eternizar no poder.
- O corporativismo crescente e seus reflexos
O grande e complexo problema de como distinguir melhor entre responsabilidades de atuação e recursos financeiros, dentro do balaio dos órgãos federal, estaduais e municipais.
- As distorções do federalismo brasileiro
A população mais expressiva da escola hoje advém das classes sociais de menor poder econômico e de cultura. Os sistemas de ensino e professores não estão preparados para trabalhar com estes estudantes, tanto sob o ponto de vista de vencer os desafios cognitivos e os comportamentais.
- O despreparo de lidar com novas clientelas
Vivemos numa sociedade em transformação em todos os seus segmentos e latitudes. E os problemas se materializam na escola que não formou gestores para os novos tempos.
- Dificuldades crescentes na gestão escolar
Com todas estas preocupações e por centralizar não só as questões educacionais, a escola está sendo requisitada para solucionar tudo que a sociedade não consegue suprir. E ela tem de resolver os desafios ligados a segurança, conforto, consolo, assistência religiosa e psicológica, orientação para o trabalho e até apoio a família.
- A escola sob suspeita
Não está no livro, mas ontem no evento do Criança Esperança os economistas da Globo calcularam que o país perdeu com a corrupção um trilhão e seis bilhões de reais que poderiam estar servindo, no mínimo, para não termos 13 milhões de desempregados.
- Corrupção secular