“A lógica das redes é uma característica predominante desta nova sociedade, que facilita a interação entre as pessoas, podendo ser implementada em todos os tipos de processos e organizações, graças as recentes tecnologias da informação e comunicação.” (Prof. Manoel Castels)Tenho proposto uma discussão aqui no ABMES Blog sobre como o sistema educacional deve se preparar para capacitar gente com o objetivo de atendera realidade do trabalho de um mundo em vertiginosa transformação. Tudo está se modificando, todos os setores, e o mesmo vai acontecer com nosso secular sistema de aprendizagem. De maneira exponencial e diferente da tranquilidade de tempos atrás, onde tudo era previsível, hoje tudo muda a cada instante, como mostra Ricardo Guimarães nesse vídeo sugestivo: [embed]https://www.youtube.com/watch?v=EdPS5LjT6Ts[/embed] A tecnologia, as empresas, o meio ambiente, as relações humanas, o professor, o aluno e como as pessoas vão conviver e trabalhar, tudo isso vai demandar que o sistema educacional se adeque e se reinvente. Por esta razão, não posso deixar de trazer mais contribuições que recebi ao meu artigo anterior: A formação educacional e o trabalho no futuro. O Prof. Victor Mirshawka Jr. salienta que, para o Brasil ser um país inovador, precisará ter um sistema educacional renovado desde a primeira infância à pós-graduação. A Profa. Norma critica o canibalismo competitivo entre as instituições. “Ninguém percebe que as escolas não vão aguentar a guerra da captação de alunos. Numa cidade de 100 mil habitantes, onde 3 faculdades presenciais disputavam o mercado, o que vai acontecer agora com a implantação de 12 polos de EAD?” Não há dúvida: “neste caso, vai ganhar o jogo quem oferecer o menor preço e entregar o diploma em menos tempo”. É como há algum tempo, nos EUA, quando a disputa era tanta que o diploma já era entregue na hora da matrícula. Há uma bela contribuição do Prof. Ricardo Zanotta, da PUC-SP, que transcrevo por ser interessante e proativa:
- 1. Redes de colaboração e compartilhamento: O ensino e a aprendizagem em redes de colaboração e compartilhamento precisam ser estruturados a partir das instituições de ensino, e não pelas redes sociais. O Facebook e o WhatsApp já mostraram o número impressionante de participantes destas comunidades digitais. O primeiro atingiu no ano passado 2 bilhões de usuários e no Brasil 117 milhões. O desafio agora é transformar o conteúdo produzido coletivamente nessas redes em conhecimento aplicado para desenvolver o mundo. É vocação natural das instituições de ensino, que poderiam acordar, estudar a fundo o funcionamento e recursos de todas das redes e plataformas disponíveis para utilizá-los em favor da produção compartilhada desse conhecimento.
- Ensino por desafios: quando o acesso ao conhecimento é amplo e escalável, sua transmissão é facilitada e acelerada. Uma dinâmica muito mais rápida da tradicional relação aula, professor e alunos. No processo cognitivo atual há a passividade dos estudantes perante os conhecimentos que os professores transmitem. Essa relação foi radicalmente impactada pelo acesso direto ao conhecimento. Os estudantes invertem o processo cognitivo e se tornam ativos, atuando em conjunto com os professores. Agora facilitadores, indicando fontes e caminhos bibliográficos a serem percorridos. A dinâmica de sala de aula é radicalmente alterada e a aprendizagem ativa baseada em resolução de desafios é uma das formas mais utilizadas e bem-sucedidas para produção de conhecimento. Os desafios são lançados, as fontes e caminhos a serem percorridos para buscar conhecimentos relacionados a cada caso são indicados. Os estudantes pesquisam, trocam informações entre si e apresentam suas soluções ao professor, resultando na construção de solução coletiva da sala e da turma.
- Laboratórios Makers: O fluxo natural a partir da Resolução de Desafios é colocar tais soluções em prática, tornando-as realidade. Os Laboratórios Makers são locais providos de infraestrutura tecnológica, equipamentos, ferramentas, materiais, softwares, recursos analógicos e digitais, que permitem a materialização das ideias. A proposta é colocar a mão na massa e prototipar as soluções elaboradas. Cabe ressaltar aqui que todas os níveis de ensino e áreas de conhecimento podem se utilizar dos laboratórios, pois os estudantes, em qualquer idade, têm muito interesse e desejo em desenvolver soluções para seus próprios desafios e problemas.
- Conexão real com o ecossistema: Os estudantes desejam conhecer e interagir de forma real com os agentes dos setores onde as soluções planejadas geram impacto. O sentimento de pertencimento é um ponto crítico para a motivação de participação e engajamento, mesmo que seja para ouvir uma opinião contrária que aponte questões estruturais que demonstrem a inviabilidade das soluções propostas. A oportunidade de conversar com especialistas é o mais importante e esse feedback é o que faz o processo todo ter sentido, promovendo as adaptações e correções de percurso a serem implementadas para evolução e novas apresentações até encontrarem o caminho mais acertado e viável.
- Entender o cenário mundial do futuro da educação e do trabalho: Nas pesquisas sobre o futuro da educação e do trabalho, a ênfase normalmente recai sobre a questão tecnológica e o forte impacto dos recursos digitais no comportamento da sociedade do século 21. Anterior a isso, se faz necessário entender que o modelo econômico capitalista, predominante em quase todos os países e determinante nas regras da economia global está esgotado.