O Verbo de Deus se fez carne e veio habitar no meio de nós (João 1:14)No ano passado, em dezembro, mês do Natal, deixei aqui neste espaço uma reflexão: “É Natal! O que devemos aprender com a liderança de Jesus?” Para agora desejo ainda continuar comentando a figura de Jesus como um ser criativo sem igual. Em 2017 eu enaltecia a sua grande capacidade de liderança:
“Qualquer um que queira ser líder entre vocês, deve primeiro ser o servidor. Se você optar por liderar, deve servir” (Jesus Cristo)A gestão por liderança é um mantra do novo milênio em todas as áreas de atuação do ser humano: na escola, na empresa, nos relacionamentos, na vida pessoal. Ela substitui o chefe autoritário e indisponível, incapaz de encantar, criar novos líderes, colaborar e compartilhar. Jesus, inegavelmente, foi o melhor professor de todos os tempos e, porque não, o maior comunicador de todos os tempos. Como tal, pautou sua vida com doses excessivas de criatividade. Mas quais os princípios comunicacionais que julgava importante? Eram muitos e todos abusando de criatividade a ponto de deixar a pessoa, um grupo ou multidões completamente perplexos, extasiados. Para Jesus era de fundamental importância estar próximo (da vida) das pessoas e valorizar o que era positivo nelas, respeitando a liberdade do ouvinte e sempre atraindo pela força de sua originalidade, pelo atributo da criatividade. Conforme Adolfo Suarez,
“Muitos estudiosos da didática e da metodologia do ensino consideram Jesus Cristo o professor mais marcante de todos os tempos. Há dezenas de livros a esse respeito. O fato é que seu ensino criativo e transformador alcançou e alcança até hoje milhões de pessoas. O mestre Jesus, sem jamais ter deixado registrada uma palavra sequer, sem jamais ter produzido um artigo, pesquisa, monografia ou livro, impactou a humanidade de maneira impressionante.”Com outros 12 professores (ainda que um deles tenha se desvirtuado) os treinou para um projeto que continua funcionando e se reciclando até hoje. Jesus Cristo exerceu influência civilizatória que dura até hoje com sua metodologia ativa[1]. É irrefutável que a vida do jovem galileu causou grande impacto em sua época e em nossa época. E o mais espetacular: fez tudo isso até os 33 anos de idade apenas. Isso é extraordinário! J.M.Price, em seu clássico A Pedagogia de Jesus diz que
“Ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, Jesus foi o mestre ideal. Isto é verdade tanto visto do ângulo divino como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi um mestre vindo da parte de Deus.”O educador Antonio Tadeu Ayres nos lembra que
“Nenhum professor é considerado bom simplesmente por acaso. Os alunos sabem perceber muito bem o mestre que conhece o que ensina, tem prazer de instruir e sabe como fazer isso. Eles também percebem a personalidade, o temperamento, os valores éticos e a capacidade de compreensão do professor. Neste particular, será bem-sucedido o professor que de fato pratica a empatia. Os alunos não são meramente clientes mas aprendizes. Portanto, os professores precisam exercer paciência, simpatia e empatia. Afinal, o ensino é muito mais do que conteúdo. É também a demonstração de um genuíno interesse pelas pessoas.”Daí a dedicação docente em sua plenitude. Quanto a isso, Jesus era simplesmente magnífico. E mais, sempre com linguagem dialogal. Não há porque ensinar algo que não seja pertinente ou necessário aos alunos. Tudo o que Ele falou tinha relevância e aplicabilidade à vida das pessoas. É também o desafio de cada professor não meramente a prolixidade linguística, mas tornar a aula relevante à vida dos alunos, fazendo com que os ensinamentos sejam concernentes para cada estudante que ouve e participa das aulas. Agindo dessa forma, o professor e a professora terão como resultado um ensino que transforma. Sabidamente, Jesus criativamente proferia todos os dias aulas magnas. Jesus não fez o jogo dos interlocutores para anunciar sua mensagem. Ele é um modelo de audácia e valentia pessoal no anúncio profético do Reino. Jesus traz consigo a força de renovação que não se deixa vencer por qualquer obstáculo. Ele não se deixa intimidar nem pela possibilidade de prisão e condenação à morte. Atitude que vai além da audácia para mostrar criatividade desafiadora. Então, até aqui o leitor está admitindo e reconhecendo o poder criativo e persuasivo de Jesus, quase mágico, inebriante, místico, sob o domínio do encantamento criativo? Um fato é inegável: Jesus não cansa seus interlocutores com discursos sem medida, Ele busca a variedade de sinais, tornando assim sua comunicação mais criativa e natural. Criativa, porque consegue concretizar a mensagem a ser transmitida a uma pessoa ou a um grupo num gesto ou qualquer outro sinal que lhe pareça oportuno, num determinado momento. Dignas de registro, Jesus, ao se dirigir às pessoas, utiliza o vocabulário corrente e cria parábolas a partir das experiências do dia-a-dia: a cultura da vinha, a pescaria, a agricultura, o trabalho da dona de casa, a construção, dentre outras. Fala, também, das alegrias e preocupações de um pai de família. A mãe aparece ligada às dores do parto, à perda de uma filha, à alegria por encontrar um objeto perdido. Todos esses cenários, criativos induzem quase a uma hipnose, exponenciando sua criatividade. Para Allen Ribeiro Porto,
“Quando se pensa em trabalho criativo, são as pessoas “alternativas” que surgem na mente. Artistas, homens e mulheres expansivos e comunicativos, talvez até mesmo pessoas tecnologicamente atualizadas possam entrar na lista. Criatividade é mais do que pintura e crafting. Como o nome sugere, tem a ver com o trabalho de criação realizado por alguém. E qualquer um pode criar.”Não teria sido Jesus, com seu imenso e infinito poder e capacidade criativa, a mando de Deus, quem teria iniciada a demonstração de tal virtude aos humanos? E com Ribeiro Porto que hoje finalizo este artigo:
“De fato, a criatividade tem um significado especial na visão cristã da realidade. Ela é tanto um traço da imagem de Deus no homem, quanto um chamado de Deus para a vida humana. Como um traço da imagem de Deus, compreendemos que, assim como Deus é criativo o homem também carrega marcas de criatividade em si. A Bíblia diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, levando em sua constituição aspectos que pertencem ao Criador. A criatividade é um desses aspectos.”E razão de comemorarmos o aniversário do Criador e desejar a todos: