Gabriel Mario Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração da ABMES
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“Descubra como as tendências atuais podem impactar a aprendizagem daqui a dez anos e considere maneiras de moldar o futuro para que as novas gerações de estudantes possam prosperar.” (KnowledgeWorks)
Tenho lembranças das férias que passava com minha madrinha em Santos. Lembro quando ela ia à Telefônica no Centro para ligar para o marido. Com toda a criançada (dois filhos e seus amigos), ela pegava o bonde 37 no Canal 1 e íamos todos esperar a sua vez de ser chamada para a ir cabine telefônica. Quando chovia, esperávamos às vezes mais de duas horas.
Em São Paulo só famílias ricas tinham telefone, as outras precisavam ir na venda de esquina, pegar o aparelho e soletrar o número para a telefonista fazer a ligação. Hoje o que era o telefone virou o “nosso” celular que todos sabem os multiusos que tem.
Exemplifiquei o telefone, mas poderíamos citar milhares de aparelhos e serviços que estão transformando o mundo. Embora, ainda, quem dá poucos passos na inovação é o setor educacional, motivo que enseja uma reflexão, quando se inicia uma nova gestão na Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), para o triênio 2019-2022.
A ABMES foi criada em 1982 e logo fará 40 anos, com pleno e magnífico trabalho em prol da educação brasileira e das instituições de ensino superior. Nesse período, muito contribuiu para o Brasil e para o setor, que apresenta números expressivos. Nos últimos 70 anos, mais de 19 milhões diplomaram-se pelo sistema universitário brasileiro, do qual, cerca de 60% foram pelas particulares. Ou seja, sem o setor privado, nosso país não seria um dos mais importantes do mundo.
No momento em que a nova diretoria assume sob o comando do Prof. Celso Niskier, gostaríamos de mencionar todas as gestões anteriores, cujos trabalhos realizados mostram o dinamismo das atividades realizadas e a razão do prestígio que a ABMES possui. Sem dúvida alguma, a educação brasileira deve muito às diretorias encabeçadas por Candido Mendes, por Édson Franco, por mim – Gabriel Mario Rodrigues – e por esta que se encerra agora, de Janguiê Diniz. O maior mérito de todos foi o de disporem de motivação e trabalho para a ABMES chegar até aqui.
Apesar não ter sido fácil nestes últimos anos, em razão do país atravessar um período inconstante na sua economia, na política e no ambiente social, a diretoria que nos deixa muito empreendeu em ações que objetivavam dar mais lastro e fortalecer a associação. Seu relatório, disponível no site da ABMES, mostra sinteticamente suas realizações, com destaque ao setor de comunicação, o de oferta de cursos, de consultoria e de eventos. Aos encontros regionais e internacionais, a Campanha de Responsabilidade Social e a criação da Ordem de Mérito. Mas, ao nosso ver, o mais significativo foi o de dar continuidade às reuniões mensais onde a pauta foi a de defender nosso posicionamento ao órgão regulador e avaliador, o MEC.
Para quem tem participado das nossas reuniões acaloradas, onde muitos temas e ideias são apresentados, sempre fica para a diretoria e seu corpo executivo colocar as sugestões em prática. Mas, ao nosso ver, a grande questão é como a entidade pode definir um grande propósito para marcar sua existência no panorama da educação nacional. E foi por esta razão que levou o entendimento das duas últimas diretorias de criar um órgão estratégico e avaliador, que é o Conselho de Administração (CA).
Em decorrência de mudança estatutária, o CA foi criado com o objetivo de traçar as estratégias de desenvolvimento da entidade e também para aprovar e acompanhar a sua execução orçamentária e o plano de trabalho. Conselho de Administração e Diretoria Executiva são órgãos independentes; um pensa em estratégias e outro em execução.
Neste primeiro triênio podemos dizer que o CA fez todo o possível para alcançar seu desiderato. Fato inconteste é que foram realizadas 28 reuniões com bastante discussão e participação e tudo se deveu à presença assídua, que agradecemos, dos conselheiros Antonio Colaço, Edson Franco, Carmem Silva, Manoel Barros, Hermes Figueiredo, Hiran Rabelo, Arthur Macedo, Paulo Chanan, Eduardo Soares, Janyo Diniz, Ihanmarck Damasceno e do secretário Executivo Valdemar Ottani.
Foram tratados diversos temas, desde um projeto para promover a imagem do setor de ensino particular, do apoio às pequenas IES, a aplicação de Código de ética e inúmeros outros que constam do relatório anexo que pode ser acessado aqui.
Agora, para a próxima gestão, cujos membros do Conselho Relacionamos aqui, pensamos que, com novas vivências e com mais experiência, outras ideias certamente virão para promover o desenvolvimento do setor. E o desafio, sem dúvida alguma, não será os 40, mas sim nos prepararmos para os 50 anos de ABMES. É um trabalho que o novo Conselho e nova Diretoria (veja aqui a composição) deverão pensar.
A lembrança de como se fazia interurbano de Santos para São Paulo na década de 1940 nos faz pensar todos os dias nas transformações radicais em que o mundo vive e qual será o futuro da aprendizagem. Razão de trazer quem está pensando nisto há muito tempo, a KnowledgeWorks, cujo propósito é de instigar a sociedade a se preparar para que os jovens aprendam dentro dos cenários dos novos tempos.
Faremos, portanto, um resumo do manifesto que divulgaram no fim do ano passado (Forecast 5.0 – The Future of Learning: Navigating the Future of Learning).
Estamos em uma nova era, na qual os avanços exponenciais das tecnologias digitais fazem reavaliar nossos relacionamentos uns com os outros, com nossas instituições e com nós mesmos. Há cinco causas identificados, que são forças que se combinam e que impactarão o aprendizado na próxima década e terão significado para a Educação e que são:
. Automatização: Comunicação. Base de dados, Inteligência Artificial e Algoritmos estão mudando Hábitos e Costumes
. Fortalecimento Cívico: Cidadãos engajados e organizações cívicas estão buscando reequilibrar o poder.
. Cérebros em desenvolvimento: As pessoas tem acesso a ferramentas comunicacionais que otimizam nossa maneira de pensar.
. Narrativas Pessimistas: O meio ambiente está infestado de Notícias Mórbidas que influenciam as pessoas.
. Desconforto com o Futuro: As comunidades estão intranquilas em razão das transformações.
. Acrescentamos a sexta que é brasileira: Propósito de vida: Valores sociais e morais, Espiritualidade Esperança, Otimismo e Pensar grande
Predizer o futuro é matéria questionável, mas é tema de institutos internacionais que pensam no dia de amanhã, baseados no compartilhamento dos cérebros que se preocupam com isto.
Agregamos mais um, porque é uma questão básica para o país progredir e o sistema educacional tem condições de colaborar para a formação de cidadãos mais íntegros: O respeito que se deve ter em relação a si próprio, à família, à sociedade e ao país – isso se aprende desde pequeno.
É um bom desafio para termos como norte para a ABMES 50 ANOS. Deixamos aqui nossa contribuição e compromisso de colaborar ainda mais neste propósito. Ficam também registradas nossas boas-vindas ao diretor presidente Celso Niskier. Muita sorte, porque competência não lhe falta, esbanja.