“Acho pueril a pergunta que muitos fazem: O que vai acontecer quando tudo voltar ao normal? Simplesmente não vamos voltar ao normal. A sociedade vai se transformar, e muito” (Nizan Guanaes)Não há necessidade de justificar nada, mas é lógico que depois de matar mais 200 mil pessoas, segundo a universidade Johns Hopkins, e desestruturar a vida de milhões, o novo coronavírus tornou-se um marco histórico da humanidade, porque a todos obrigou a pensar que a vida humana pode ser extinta de uma hora para outra. Mais ainda, mexeu com a economia, com o trabalho, com o meio ambiente, com a política e com a vida de milhões de pessoas. Nada vai ser como antes. As nações, os governos, as empresas, as pessoas em busca do poder, ou encontram um meio de convivência pacífica e colaborativa ou se destroem mutuamente e deixam este planeta para outros seres mais inteligentes e menos gananciosos. Artigo reproduzido pela Equipe Focus, “O futuro do mundo em 17 pontos”, apresentou a melhor síntese analítica que li sobre o que estamos passando. Foi feita pelo jornalista Cacau de Menezes, do grupo de Comunicação ND, a partir das opiniões do brasileiro Silvio Meira, do Cesar, um centro privado de inovação que utiliza Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e do indiano Divesh Makan, fundador da ICONIQ, empresa de investimentos de capital fechado da Califórnia (EUA) que atende à algumas das famílias e organizações mais influentes do mundo, incluindo o bilionário Mark Zuckerberg, do Facebook Sinalizo estas principais questões: A tecnologia cada vez mais ocupará todas as áreas e procurará responder as demandas das empresas, em especial para evitar trabalhos repetitivos executados por pessoas. As plataformas digitais serão usadas por empresas grandes e pequenas. Não existe setor da economia ou tamanho de negócio que possa dizer “eu não tenho necessidade de investir no digital”. Quem pensar assim não tem futuro. O comercio eletrônico dominará e atenderá a todos setores produtivos. As lojas físicas que permanecerem, serão redesenhadas para mostrar os atrativos da Marca e fazerem relacionamento com os clientes. As empresas brasileiras estão percebendo que no atual momento a abrangência do seu negócio, precisa zelar pelos seus funcionários, clientes e acionistas. Por outro lado, os maiores varejistas americanos já demitiram mais de 1 milhão de pessoas e devem reempregar somente 85% deles no fim da crise. Logicamente o comércio tradicional vai encolher. O trabalho em casa está tendo boa aprovação para atividades intelectuais, pois elimina despesas de transporte e de alimentação. A locação de espaços para o trabalho deverá ser repensada. O turismo demorará para retornar aos tempos de apogeu e as viagens de negócios certamente serão diminuídas porque, cada vez mais, os aplicativos de comunicação serão aperfeiçoados. Para ser ter uma ideia, somente em um dia no mundo, realizaram-se 25 milhões de reuniões usando o Zoom. O modo de viver, de se comunicar, de trabalhar e de lazer mudarão e sem dúvida a crise trará oportunidades para os empreendedores antenados. Há grandes desafios para o aperfeiçoamento dos sistemas de educação e de saúde, usando o online para atender a população. Vai haver uma revolução na forma como se aprende em todos os níveis. Existem 1.700.000 vírus detectados em animais; desses, 1.700 são coronavírus. Temos que aprender com essa crise e preventivamente estarmos prontos para ter um surto por década. Por outro lado, os direitos individuais para controle da saúde serão um dos grandes debates no mundo, na medida em que rastrear cada indivíduo é uma das estratégias mais eficazes de controle de epidemias, mas, identicamente, poderá servir aos governos para controle das pessoas. Assim como os remanescentes da antiga indústria americana têm dificuldades de se recolocar e acabam por sustentar posições políticas protecionistas, esse movimento vai se alastrar pelo mundo com o crescimento rápido da indústria digital. Conclusão: quem hoje está ocupado precisa já começar a pensar na sua futura profissão e tem de se atualizar o tempo todo nas novas tecnologias. Retreinamento contínuo. Na sociedade do conhecimento não existe “ex-aluno”. Ou você está aprendendo o tempo todo ou você está desempregado. Vejam o que aconteceu no início do ano, quando as escolas de ensino básico precisaram oferecer aulas a distância sem estarem preparadas. Diferente do EAD do ensino superior que existe há cerca de 20 anos e que a cada semestre é aprimorado, as escolas precisaram se organizar para em curto prazo atender aos alunos. Isto quer dizer que a pandemia da Covid-19 atingiu os cursos oferecidos presencialmente e os do ensino básico, que do dia para a noite precisaram se adequar à nova realidade. O fato é que houve uma grande aceleração do uso de tecnologias digitais em todos os segmentos educacionais. O que era tema discutido em seminários e artigos em revista de 20 anos, precisou virar verdade em uma semana. Olhando o lado positivo deste cenário, convencendo a todos que a tecnologia é uma plataforma agregadora para aprendizagem, houve um ganho surpreendente na fluência digital de professores, que tiveram que adaptar suas aulas a essa nova realidade. Uma das ferramentas mais utilizadas neste período são as de videoconferência, que têm proporcionado a realização das aulas síncronas. Professores e alunos em aula, agora cada um em sua tela. As experiências são as mais diversas. Aulas que repetem a mesma dinâmica expositiva da sala de aula presencial são monótonas e as aulas que desenvolvem dinâmicas mais interativas e participativas, próprias para o meio digital, são mais valorizadas. Por curiosidade, consegui acesso a duas escolas particulares de ensino fundamental e, mais uma vez, o que vale é a proatividade do professor. Em uma delas, o professor aparecia na tela lendo um livro e pedindo aos alunos para o acompanharem. Em outra aula, de matemática, para ensinar unidades de medida, foi solicitado aos alunos para medirem seus quartos e se não tivessem réguas usassem qualquer objeto plano. Resultado: no final da aula todos estavam convertendo as medidas obtidas por celulares, por livros, lápis, guarda-chuva e porta-retratos em centímetros e metros. A aula levou o dobro do previsto; todos se divertiram e a participação dos alunos foi total. Outro ponto importante para se comentar é que o presencial dos cursos universitários também está aprendendo uma nova forma para a sua operação. É possível manter as particularidades do ensino presencial, mas inovar e agregar de forma mais efetiva tecnologias digitais nas aulas que permitem, além da otimização do tempo, a diversificação de espaços de aprendizagem baseados em tecnologias, sem a transposição do EAD para o presencial. O saldo de todo esse processo é que as escolas e as universidades evoluíram boas décadas em uso de tecnologias em poucas semanas. Quem ganha nesse processo são alunos e professores que estão transformando desafios em oportunidades na educação. As pessoas vão precisar daqui pra frente aprender por toda a vida e no Brasil temos uma demanda cativa de 200 milhões de consumidores. A aquisição de competências para desempenho profissional será o produto mais requisitado na economia do conhecimento e para oferecer não há mais espaços limitados por paredes. A escola estará na tela disponível 24 horas por dia para quem quiser acessar de todas as partes do mundo, razão do sistema particular de educação precisar ser ousado para romper com todos seus vínculos que o prendem a um passado que não mais existe.