“Paixão e propósito fortes – líderes que deixam marcas em empresas, comunidades, países ou em todo o mundo sempre têm propósitos fortes e uma paixão inabalável para transformar seus propósitos em realidade. Não construiremos um país ou empresas que melhorem a vida das pessoas sem pessoas que acreditem que estas são causas pelas quais vale a pena lutar.”[1] (Ricardo Amorim – economista, apresentador e escritor)Meu artigo da semana passada, “O que fazer depois que a pandemia terminar?”, teve boa repercussão, não só pelos comentários sobre os filmes indicados, (Carta ao Primeiro Ministro e Toilet, que tratam dos problemas sanitários da Índia), mas também pelo incentivo de se propor ações para os desafios educacionais. O amigo Valter Stoaiani foi propositivo e direcionou uma proposta com a seguinte mensagem:
“Um exemplo fantástico de comprometimento e solidariedade está sendo dado pela comunidade científica em busca de uma VACINA de comprovada eficiência que possa dar fim a esta pandemia do Covid-19. Considerando como bem diz o Prof. Gabriel ‘se não tomarmos uma medida eficiente e rápida, o que deixaremos para as próximas gerações?’. Poderemos seguir o exemplo da comunidade científica atual em busca de uma vacina para a Covid-19 e criar um CONSELHO CIENTÍFICO em caráter de urgência para tratar do assunto EDUCAÇÃO. Criar um projeto piloto e pôr mãos à obra enquanto há tempo.”O prof. Raulino Tramontin quis deixar claros os conceitos:
“Analisar compromisso e comprometimento não é tarefa fácil. Primeiro precisamos mostrar que um não define o outro, apesar de que um não vive sem o outro. O comprometimento representa o nível de compromisso de uma pessoa em relação a algo ou alguém. Considerando essa característica em relação à vida profissional, comprometimento é a ação que leva uma pessoa, uma equipe ou governo a cumprir com responsabilidade e determinação todas as tarefas impostas para executar o que foi planejado”.Anadir Figueiredo foi mais enfático:
“Precisa alguém comprometido como Juscelino Kubitschek que marcou seu governo de realizações com o slogan 50 anos em 5. De início apresentou seu projeto de desenvolvimento econômico e industrialização para o Brasil. Com 31 metas tinha como prioridades as áreas de energia elétrica, transporte, indústria pesada e alimentação, além da infraestrutura de portos e aeroportos. Mas o símbolo de sua visão de desenvolvimento e progresso, foi a construção de Brasília. Foi um gesto visionário, que mostrou para todos a sua determinação em realizar uma promessa governamental.”Como escrevi anteriormente, a pandemia pegou o mundo todo de surpresa e no Brasil os nossos problemas ficaram escancarados. Desigualdade social, falta de saneamento básico, de moradias dignas e de urbanização. A saúde pede socorro. E é necessário o reacerto da economia para que todos tenham trabalho. É preciso criar políticas públicas para o país desenvolver-se e dar trabalho para as pessoas terem qualidade de vida melhor. Estamos sem norte e sem um projeto de estado. São desafios extraordinários de transformação do país que levam décadas. Tudo é imprevisível porque a economia já não andava bem e precisa de acertos de toda ordem, em todas as áreas, para poder deslanchar. Porém, a chave de tudo é educação. Esse é o caminho capaz de dar competências para todos terem oportunidades e formar talentos para colaborarem na solução dos problemas brasileiros. Sei que um plano de metas deve envolver tudo, mas, como já fizeram outros países, a estratégia deve começar pela educação, motivo de ter concluído o artigo, com os comprometimentos que a nação deve ter. O comprometimento público; o comprometimento da família; o comprometimento institucional e o comprometimento da sociedade. Na educação temos os mandamentos constitucionais que atribuem ao estado o seu compromisso com a educação. Temos a LDB, mais específica e mais detalhada. E comprometer-se em cumprir essas normas é o dever das autoridades. Mas, na prática, o que acontece? Todos os dirigentes ao assumirem seus postos dizem ter o compromisso com a educação e elaboram políticas públicas e privadas, em observância às normas, para o sistema educacional se desenvolver de forma adequada, universalizada e com a qualidade exigida. Isso é compromisso. Mas compromisso apenas não significa que vai acontecer. É o que vemos no Brasil com os planos e projetos, onde tudo fica só no papel. O que faltou então? Comprometimento! Faltou o empenhar-se, tomar por compromisso, assumir responsabilidade de fazer acontecer. Observe que o comprometimento tem a ver com o que foi compromissado, isso e com o que foi determinado pela Lei e projetado pela autoridade. Soluçao existe, basta o querer político, econômico, social e mudança de comportamento de toda a sociedade. Parece que o Brasil não se deu conta de que o mundo mudou e nós continuamos a marcar passo, arraigados a ideologias, sem encontrar no dissenso algum consenso no que é fundamental. A educação parou no tempo e a consequência é o descaso, é o improviso e a falta de compromisso do que manda a constituição e a LDB. Fato retratado no Plano Nacional de Educação (PNE), que foi aprovado sem consenso, como também tudo, as DCNs e outras reformas gestadas para o ensino médio e formação de professores. Criamos uma sociedade ideologizada, radicalizada que compromete tudo. E por isso que não existe por parte dos municípios, estados e governo federal compromisso e comprometimento com a educação. É simples e dramaticamente verdadeiro o diagnóstico. Se não observamos o que acontece com os fatores demográficos, com as mudanças na globalização, com os avanços no pensamento, no processo criativo, no conhecimento e na tecnologia não há como encontrar denominadores comuns que possam nortear qualquer plano, como mostra o pífio resultado do PNE recentemente avaliado em sua execução (Brasil não atinge metas e fica estagnado na educação sob Bolsonaro). Passou da hora das organizações da sociedade civil acordarem para mudar o cenário de forma urgente, para ontem. Precisamos despertar do torpor, pois a educação não pode se tornar um instrumento só de treinamento, em formar robôs ideologizados, sem identidade, sem pensamento próprio, sem iniciativa. As alternativas: unir para encontrar denominadores comuns tendo como norte os princípios constitucionais da sociedade que queremos e os princípios da LDB que norteiam o sistema educacional. Precisamos pensar juntos e, para tanto urge que, por exemplo, seja constituído um grupo de pensadores independentes que possam sugerir ao estado e à sociedade civil organizada propostas de saída desse desastre educacional. Que apontem os instrumentos que se deve lançar mão, as estratégias que precisam ser colocadas em prática para que, num curto espaço de tempo, se possa sim ter compromisso e comprometimento, atitudes proativas e trabalho, muito trabalho para mudar. Um projeto “Muda Brasil pela educação inclusiva”, que seja antes um ambiente acolhedor e que faça os alunos quererem aprender e voltar para a escola entusiasmados. Isso é possível desde que abandonemos nossos radicalismos, nossas verdades absolutas, nossas paixões, nossos demônios internos, nossos ódios dando lugar ao amor, à fraternidade, à colaboração, ao espírito cooperativo. Somos anjos de uma asa só e para voar precisamos nos abraçar. Vamos no abraçar pela educação brasileira como única tábua de salvação. ________________________________ [1] Autor do livro “Depois da Tempestade”. Paixão e propósito fortes são atribuições que Amorim aponta como as qualidades que nossos líderes deveriam ter. Saiba mais.