“Por alguma razão na formação da mente brasileira, temos a ideia de que outros países têm mais vocação intelectual do que nós. Esta é uma das razões pelas quais nossos eleitores e nossos políticos não priorizam educação com a mesma força e obstinação de outros povos, nem com a mesma ambição que temos para outros setores, como a indústria e o futebol.” (Prof. Chistovam Buarque)Canadá, Finlândia, Alemanha e outros países (clique os links para acessar as notícias) planejam e investem em educação básica com o propósito de formar gente habilitada para conviver com o mundo do conhecimento, enfrentar a realidade do mercado de trabalho, mas também preparar cidadão útil para o desenvolvimento de seus países. Essas propostas não acontecem, infelizmente, no Brasil. Já citei em meus artigos três exemplos de como a educação sensibiliza as pessoas: a dos estudantes chineses estudando a noite em calçadas, aproveitando a iluminação pública, mostrando o valor que dão ao aprendizado; a do catador de lixo pernambucano que graças ao seu trabalho reformou completamente uma escola em Olinda e a do pastor que ensina por WhatsApp grupo de domésticas. Venho acompanhando o Portal Só Notícia Boa e são inúmeras as iniciativas com o mesmo propósito, de instituições ou pessoas preocupadas em viabilizar ações educacionais em suas comunidades. Confiram algumas:
- Gêmeas criam projeto de leitura contra violência na favela
- Mãe ajuda filho que ia mal na escola e se matricula na mesma classe
- Lixeiro recupera livros do lixo e monta a própria biblioteca
- Música melhora notas escolares e muda vida de jovens de comunidade
- Alunos reformaram escola com venda de livros e querem mais
- Em vez de demitir por não saberem ler, empresa alfabetiza auxiliares de limpeza
- Lanchonete dá descontos a alunos com boas notas no Enem
- Educação muda vida de família pobre em São Paulo
- Loja dá pipas para alunos que tiram nota 10 na escola
- O brasileiro não tem consciência do papel da educação como recurso de progresso nacional. Cada aluno que abandona a escola é um cérebro a menos sem formação. É uma perda para todo o país e não somente para o jovem e sua família.
- O brasileiro tem inferioridade intelectual. Embora nascemos com as mesmas potencialidades cerebrais de qualquer criança estrangeira, ninguém arrisca pensar que o Brasil poderá um dia ser campeão mundial de educação. Queremos melhorar a educação, mas não temos a ambição de sermos os melhores do mundo, igual a alguns países que motivam seus estudantes.
- Diferentemente de outros povos, não temos obsessão pela educação como estratégia de desenvolvimento pessoal e coletivo. O brasileiro não é maníaco por educação. Além do complexo intelectual, não dá o mesmo valor do que à riqueza material, ao tamanho da casa e do carro.
- Educação é ainda privilégio das categorias sociais mais abastadas; é coisa para rico e não para pobre.
- O Brasil está acomodado, pois sem dúvida melhorou nestes últimos 30 anos, mas está defasado em termos comparativos internacionais.
- Desprezo à educação. Temos orgulho em ser o país das chuteiras, mas morremos de medo de ter um filho filósofo, poeta ou escritor porque vai ganhar pouco. O salário dos professores comparativamente é um dos menores de mesmo nível de formação.
- A escola desincentivadora não tem preocupação de atrair os alunos com bom conforto, prazer de aprender e esperança de bom futuro. Não há esforço para evitar a evasão e perder um milhão de alunos que abandonam a escola anualmente.
- A dor escondida na deseducação. As lideranças nacionais não conseguiram mostrar a falta que faz a educação para as pessoas. É ela que traz dificuldades de emprego, pobreza e inabilidade para enfrentar os problemas da vida.
- Desestímulo ao estudo. Prédios ruins, equipamentos inadequados, professores desmotivados, aulas suspensas, ampliam o desinteresse pela escola e propicia o abandono dos estudos.
- Falta de percepção de vantagens decorrentes do aprendizado. À fobia ao estudo e à hostilidade da escola, junta-se o sentimento de que a educação não trará vantagens para o aluno. Não lhe garante emprego, nem renda alta, nem reconhecimento e nem felicidade.
- Prisão ao imediatismo. Aprendizado leva tempo para ser percebido. Os resultados benéficos aparecem depois de décadas e os políticos só se interessam com resultados imediatos.
- Para que estudar muito se a maioria estuda pouco? Nos países asiáticos e no primeiro mundo a competitividade entre estudantes é diferencial cultural. Todos sabem que o futuro está na base educacional que cada um tiver.
- Conecta Brasil – uma ação de apoio ao Programa Internet para Todos, já lançado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, que objetiva interligar via satélite todo o Brasil. A pandemia veio mostrar que 4,8 milhões de estudantes na faixa de 9 a 17 anos não têm acesso em casa. Evidentemente, é assunto que já passou por diversos Governos e o MEC tem parceria com o MCTIC.
- Criar um programa nacional concreto para salvar as crianças que não têm computadores, fazendo um mutirão para arrecadar computadores, celulares e tablets usados, a exemplo do movimento “Abra a gaveta, doe”, com foto no estado de São Paulo.
- Criar um fundo de investimentos focado em educação para projetos inovadores de impacto social com apoio das empresas e instituições.
- Criar um “Ideiaton”, uma maratona de ideias para encontrar soluções criativas e inovadoras para a educação.
- Realizar concurso anual para premiar os professores de escolas públicas, cujas classes tiveram melhor desempenho no Brasil.
- Premiar anualmente as 10 melhores ONGs que apresentarem trabalhos significativos na área educacional.
- Em vez de começar do zero, pesquisar quais os serviços prestados pelas instituições públicas e privadas que promovem educação e fazer parcerias.
- Criar lei que incentive as emissoras de TV a criarem programas que tenham como objetivo principal o incentivo à educação.
- Estimular a criação de grupos de apoio formados por aposentados para dar complementação de estudos aos estudantes carentes.
- Rede de voluntários universitários apoiando alunos das escolas públicas para melhor desempenho escolar.