Gabriel Mario Rodrigues – Quais são os objetivos concretos do SGI – Sistema de Gestão Integrado para os alunos do ensino básico?
Helena Neiva – O filósofo romano Sêneca, que viveu no início da era cristã, nos ensina que “para quem não sabe onde ir, não existe vento a favor”. Outra constatação recorrente dos tempos atuais diz que só se pode melhorar aquilo que se consegue medir. Em última instância, o propósito de uma escola, a sua razão de existir, é o aluno! E, para ser mais precisa: a aprendizagem do aluno! O que nos leva a uma constatação óbvia, mas que não pode ser ofuscada: A ESCOLA SÓ É BOA QUANDO O ALUNO APRENDE! Os resultados a serem buscados por uma escola são, portanto, os altos níveis de aprendizagem dos alunos, que é o propósito do nosso SGI.GMR – Na prática, o que está sendo feito em relação à melhoria da aprendizagem dos alunos nas escolas públicas?
Helena Neiva – A Fundação Pitágoras desenvolveu uma metodologia de gestão especialmente talhada para redes públicas de ensino da educação básica – o Sistema de Gestão Integrado (SGI) – que, ao longo das últimas duas décadas, impactou centenas de escolas e centenas de milhares de alunos e educadores por todo o Brasil. Essa metodologia envolve todos no processo educacional (lideranças, educadores e alunos) que se mobilizam na mesma direção, razão máxima de ser de toda escola: o alto nível de aprendizagem dos alunos. Atualmente essa metodologia está em processo de transformação digital, evoluindo de um modelo 100% presencial, para um formato híbrido, no qual grande parte do programa será ofertado no modelo EAD, mantendo alguns encontros estratégicos presenciais. Nesse novo modelo, que estará disponível a partir do início de 2021, será possível levar esse benefício para um número maior de escolas em menos tempo, alcançando alta escalabilidade com custo ainda mais reduzido.GMR – O que é de fato este Sistema de Gestão Integrado?
HN – Cada sigla do SGI ilustra bem no que consiste o programa:Sistema: a metodologia engloba e trabalha com todos os sistemas que compõem uma comunidade escolar – Secretarias de Educação, Escolas, Classes e Alunos. Portanto, a partir da liderança da Secretaria até o chão da sala de aula. Gestão: o programa tem como foco a gestão, e não interfere nas práticas pedagógicas ou no material didático, por exemplo. São trabalhados sete elementos da gestão, adaptados para a realidade escolar: 1. Liderança; 2. Finalidade (necessidades e expectativas a atender); 3. Plano a seguir; 4. Processos de trabalho; 5. Pessoas trabalhando; 6. Informações; 7. Resultados. Integrado: a metodologia integra/alinha os esforços dos diferentes sistemas, colocando todos remando na mesma direção: o alto nível de aprendizagem dos alunos.
GMR – Esse curso é oferecido para o diretor e professores de cada escola?
HN – Antes de mais nada é importante registrar que o SGI não é um curso. Seu grande diferencial é promover o aprendizado em ação. Durante cerca de 2 anos, gradativamente, o conteúdo vai sendo trabalhado com os educadores, e, na medida em que aprendem e assimilam os conceitos, implantam no seu dia a dia. É uma formação “mão na massa” e ao final do programa os participantes dominam a metodologia e seguem de forma autônoma com uma nova maneira de atuar, não trabalhando mais, mas trabalhando melhor.GMR – Como a tecnologia colabora no processo?
HN – Um dos principais valores do SGI é a gestão centrada na aprendizagem e o foco em resultados. Sempre soubemos a força de impacto do SGI, mas, recentemente, graças à tecnologia atual, conseguimos criar um dashboard (painel de controle) alimentado diretamente da base de dados do INEP, que mostra a evolução do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)[2] em todas as escolas públicas de educação básica do Brasil, e também nos dá um diagnóstico individualizado de cada escola, o que nos permite entender quais engrenagens acionar para promover uma evolução mais rápida e efetiva. Com o dashboard conseguimos analisar de forma comparativa, com total segurança e confiabilidade dos dados, o desempenho das escolas que aplicaram a metodologia com as escolas que não o fizeram, constatando que as escolas com SGI apresentam resultados superiores. tanto nos anos iniciais, quanto nos anos finais do Ensino Fundamental, comprovando de forma inequívoca a efetividade do programa.GMR – Como estão sendo os resultados práticos da implantação do SGI?
HN – Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, a média dos resultados das escolas que implantaram o SGI (859 unidades pelo Brasil) chega a ser 0,5 pontos superiores em relação à média dos resultados das escolas que não implantaram. Na prática esse acréscimo representaria 1 ano a mais de escolaridade para os alunos. Para os anos finais, a média das escolas com SGI chega a ser 0,2 / 0,3 pontos acima da média nacional. Importante lembrar que uma evolução de 0,2 pontos no IDEB a cada ciclo de avaliação é considerada satisfatória. Sob qualquer ponto de vista, o SGI não apenas acelera o processo de evolução, como também promove saltos muito expressivos, encurtando em muito o caminho traçado rumo à melhoria da qualidade das escolas públicas do Brasil. Quando pensamos que cerca de 80% das crianças e dos jovens brasileiros cursam a educação básica na rede pública, mostra a importância que o SGI promove. Um guia para acompanhar realmente se o aluno está aprendendo.SGI - Hoje • Estamos implantando o SGI em todas as escolas públicas de Brumadinho (23 no total), impactando cerca de 7 mil alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. • Próximo município a receber o SGI será Breves, localizado na Ilha do Marajó / PA. Essa região, apesar de ser um dos locais mais bonitos do Brasil pela exuberância da natureza, é a região com o maior índice de abuso infantil do País. Breves tem os piores IDEB e IDH do Estado, e com o SGI vamos impactar quase 16 mil alunos em 31 escolas públicas da cidade. Início previsto: março/21. |