“Vivemos no tempo do RE: Repensar, refazer, ressignificar, reconstruir, remodelar. E agora venho para complicar um pouco mais ainda: é hora de se REINVENTAR, e digo mais, é de fundamental importância.” (Prof. Francisco Morales – Diretor pedagógico do grupo educacional Vereda)
Todos devem lembrar do megaterremoto de 9,3 graus de magnitude, o mais intenso dos últimos 40 anos, que atingiu Aceh, ao norte da ilha indonésia de Sumatra, no mês de dezembro de 2004, provocando um tsunami que foi até a costa da Somália. As ondas atingiram vários países do Oceano Índico e tivemos 170 mil mortos só na Indonésia, totalizando mais de 220 mil vítimas fatais.
No Brasil, com o rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019, deu-se também um dos maiores desastres ambientais do país, tragédia que causou 259 mortes e mais 11 desaparecidos.
Todos devem ter na memória as imagens que as TVs mostravam das ondas gigantes destruindo as propriedades que surgiam à sua frente e a avalanche de terra e água rompendo as barragens da Mina do Córrego do Feijão de Brumadinho, transpassando e se alastrando sobre tudo que estava no caminho.
Essas trágicas cenas da Indonésia e de Brumadinho são mais impactantes do que as que acompanhamos com as notícias do coronavírus, que só mostravam caixões mortuários. As primeiras nos vêm à mente com mais facilidade, porém, na realidade, os transtornos econômicos e sociais trazidos pela pandemia são muito mais profundos e superam as dezenas de trilhões de dólares, arrasando países, empresas, negócios e atividades estáveis, da noite para o dia.
O acontecido com a pandemia não tem retorno. Daqui para frente o mundo será conhecido por Antes e Depois da Pandemia. A vida mudou de uma hora para outra e, acima de tudo, antecipou uma realidade em que todos vão ter de reaprender a viver, trabalhar, a relacionar-se, a transitar, a morar e a colaborar entre si.
Se, de acordo com o historiador britânico Eric Hobsbawm, o século 19 terminou com a Primeira Grande Guerra (1914/20), o século 20 terminou agora com a Covid-19 e o século 21 está começando com a tecnologia, com o banco de dados, com a inteligência artificial e o mundo digital, definindo as diretrizes para todos os produtos e serviços, e logicamente a educação não poderia deixar de ser influenciada.
Não tenham mais dúvida alguma, a sala de aula não vai mais retornar a ser o que era, e o papel do professor vai se transformar totalmente. Como diz Andreas Schleicher, diretor da divisão de educação da OCDE, “os docentes precisam ser os protagonistas dessa mudança e não apenas implantadores de aplicativos. Se isso não acontecer, colocar a tecnologia na frente dos alunos não vai fazer diferença”.
Na reflexão que fazemos para o dia do professor, é justamente o que desejo evidenciar: o professor como protagonista de uma mudança e não um simples repetidor de informações. A receita não é fácil de ser realizada, mas capacitar o professor é a única fórmula que está dando certo. Me apoio na pesquisa da consultoria americana McKinsey, que estudou 25 sistemas escolares, incluindo os dez melhores, e que chegou a quatro lições básicas das razões dos sistemas de ensino com melhor desempenho. Os sistemas de ensino mais exitosos aplicam esta fórmula:
- Selecionar as pessoas certas para serem professores;
- Apoiar os professores para serem excelentes profissionais motivadores do sucesso do aluno;
- Não deixar nenhum aluno para traz e estimular a autoestima;
- Assegurar que o sistema esteja apto a proporcionar a melhor educação possível para cada criança.
A síntese de tudo é que professor não pode ser qualquer um, porque o sucesso do aluno está baseado em sua motivação e autoestima. A lógica do ensino está centrada na lógica do aprendizado do aluno e sua construção como cidadão. Professores são os grandes mentores e facilitadores do conhecimento dos estudantes. Professor do futuro é o facilitador do processo de aprendizagem. Ele compartilha seu protagonismo com os alunos e faz da sala de aula um espaço seguro de troca de experiências.
Se aconselhamento pudesse ser dado, na comemoração do dia do Professor eu ofereceria a seguinte reflexão:
Não existe mais a figura do transmissor de conceitos e definições, isto o Google dá de graça. Hoje ele é mais um mentor, um mediador, curador e enfim um educador para mostrar caminhos para o aprendiz se motive a encontrar soluções para os desafios da vida.
Para complementar, trago aqui 10 competências reservadas ao professor do Futuro, adaptadas de artigo de Debora Noemi, especialista em Tecnologia Educacional:
- Buscar o aprimoramento constante. O mundo muda a cada instante e o professor deve acompanhar as nuances do desenvolvimento, para estar preparado para atuar em qualquer área.
- Dominar a comunicação para ser aplicada às diversas mídias e contextos em que é exigida, quer seja a comunicação pessoal, ou nos diversos ambientes.
- Praticar a escuta Ativa que nada mais é do que ouvir o outro ou a conhecer com profundidade quem é o seu aluno.
- Desenvolvimento das habilidades socioemocionais. Trabalhar o autoconhecimento e a gestão das emoções, para ter empatia com seus estudantes.
- Estar atento à colaboração de outras áreas de conhecimento. O professor do futuro não pode estar restrito à sua área de formação. Ele deve estar aberto a todo o conhecimento e informações que possam colaborar para aprendizagem inovadora.
- Lidar e aprimorar seu conhecimento de tecnologia. É imprescindível acompanhar, dominar e lidar com as novas tecnologias, dentro e fora da sala de aula.
- Ser um curador de conteúdos. A proposta pedagógica, a linguagem do conteúdo deve permitir o uso da tecnologia para aprimorar o processo de aprendizagem.
- Trabalhar o pensamento crítico dos alunos. O professor deve ter em mente que muito mais de passar conteúdos, ele deve contribuir positivamente com a forma de pensar dos alunos.
- Usar as metodologias ativas de ensino. São necessárias para dar aos alunos o papel de protagonista na construção do conhecimento.
- Estimular o Empreendedorismo. A dinâmica de criar desafios para desenvolver a criatividade dos estudantes para encontrar soluções para os problemas do dia a dia é estratégia para formar mentes brilhantes e realizadoras.
O fato incontestável é que a pandemia veio mostrar que o aprendizado não está centrado mais na sala de aula. No início do ano escolar, vimos instituições de ensino particulares se estruturarem para o ensino online rapidamente. E pouco a pouco também os alunos foram se adaptando aos novos tempos.
A palavra da vez, REINVENÇÃO, já faz parte da jornada educacional, o que nos permite cumprimentar todos os mestres pela sua colaboração e pelo seu trabalho de vencer com êxito um desafio que ninguém esperava.