Resetar – Ação ou ato de apagar (desfazer) opções escolhidas ou configuradas, normalmente utilizada dentro da informática para desfazer configurações em um computador o software. (Dicionário informal)Reseta r- Ação ou ato de apagar (desfazer) opções escolhidas ou configuradas, normalmente utilizada dentro da informática para desfazer configurações em um computador o software. (Dicionário informal)
O Fórum Nacional do Ensino Superior Particular (Fnesp) sempre foi um evento diferenciado realizado pelo Sindicato de Entidades Mantenedoras de Ensino do Estado de São Paulo (Semesp), que no correr dos seus 22 anos de exibição foi se aperfeiçoando a cada edição. E tem uma característica marcante: a de inovar pela a escolha de temas de interesse do setor e também pelo formato de suas apresentações. A vigésima segunda edição, realizada este ano, teve um caráter especial. O coronavírus explodiu em maio e o evento não podendo ser presencial, precisou ser repensado para ambiente virtual, com um formato de transmissão áudio visual e com a proposta diferenciada a de “resetar” o ensino superior.
É o que explicou na abertura o Presidente Prof. Hermes Ferreira Figueiredo, após mostrar os trabalhos triplicados que o Semesp está tendo este ano para atender a demanda de serviços, advindos do coronavírus. “Nesta Sessão de 2020, o Semesp convida a todos a adotarem uma prática que faz parte do cotidiano da informática, que é a ação de apagar ou desfazer opções configuradas nos computadores. Como gestores educacionais devemos ter a coragem de “resetar” os modelos e formatos que vem sem sendo adotados na educação superior, reiniciando e revendo os nossos processos, para manter a sustentabilidade financeira e acadêmica das nossas instituições. “Resetar” é recomeçar de determinado ponto, de forma que esta mudança não represente a perda de tudo que foi construído, mas uma atitude em que vamos refletir sobre as opções escolhidas. E investir em nossa qualificação como instituição e restabelecer as configurações acadêmicas e administrativas com base em novos modelos necessários, sem perda de qualidade que nos permite enxergar o futuro”.
Sua mensagem traduz todo o momento difícil que passa o setor, mas como em outras oportunidades, foi necessário reagir para sobreviver e está se saindo mais experiente e renovador. Sempre otimista, Hermes foi categórico em salientar o papel do professor e que novo ambiente universitário deverá se preparar para enfrentar os desafios do novo mundo da tecnologia.
Sem dúvida alguma a pandemia com seus efeitos perturbadores está mudando o nosso modo de viver, trabalhar de transitar, de fazer negócios e de estudar, o que ensejou neste 22° Fnesp, propor soluções ao que está por vir, criando-se uma programação especifica para mostrar o que está sendo realizado no Brasil e no exterior em matéria de renovação e de experiências educacionais para enfrentar os novos tempos. Inegavelmente o neologismo “resetar” foi estimulante para os palestrantes apresentarem suas ideias de transformação e o site do Semesp fez uma síntese dos temas expostos:
- Fenesp propõe que Ieis rompam com o convencional
- Pós-graduação Latu Sensu passará por transformações
- Redes de colaboração são imprescindíveis para a sustentabilidade do setor
- Sustentabilidade do setor está em risco
- Michel Crown defende universidade mais democrática
- Foco na formação do individuo
- Professores vão liderar a revolução da aprendizagem
- Aplicativo estimula a troca de conhecimento entre estudantes.
Alex Beard foi o conferencista do penúltimo tema “Ensino será o maior trabalho do século 21” e ele contou o início de sua carreira como jovem professor londrino quando, insatisfeito com as aulas que dava no ensino fundamental, resolveu visitar os países onde os alunos são mais bem avaliados do mundo. Esteve na Coreia do Sul, no Vale do Silício e na Finlândia pesquisando com diretores e professores para entender a motivação de ensinar. As crianças londrinas, com todas as deficiências escolares, embora oriundas de famílias pobres, são espertas e inteligentes. Na Coreia do sul, apesar de seu enorme progresso econômico e ter alcançado a melhor nota no Pisa, os jovens sentem-se infelizes pois são fortemente pressionados pelas famílias para entrarem na universidade, pois isto representa sucesso na vida. Entretanto,, o índice de suicídios entre os estudantes é o maior do mundo.
No vale do Silício ele percebe o sucesso da inteligência artificial apoiando os alunos e os trabalhos de pesquisas feitos porem vivem estressados, mas quando chega na Finlândia, ele vê alunos tranquilos, colaborando em grupo, exercendo a criatividade e usando computadores. O país tem índices de qualidade vida invejáveis, é campeão de felicidade, sua juventude pratica esportes e ainda possui empresas líderes em tecnologia.
E sua tese é que os professores deverão dominar o uso das máquinas para elas serem usadas em favor do aprendizado.
Beard é emblemático ao afirmar que os Computadores nunca sobrepujarão os cientistas, mas que os cientistas que usarem a tecnologia sempre serão superiores aos cientistas que não a usam.
No artigo anterior descrevi as competências que os professores devem dominar para terem êxito na profissão e a constatação de Beard tem uma lógica contundente, porque o aprendizado por toda a vida sempre dependerá de gente ensinando o tempo todo, seja a mídia qual for. O domínio do uso dos programas e dos aplicativos das máquinas será o grande impulsionador da aprendizagem.
Uma das iniciativas do Fnesp que destacamos também pelo sucesso foi o 3° HackLab, onde estudantes foram desafiados a proporem soluções a projetos apresentados. Esse ano, foram 32 participantes, de várias regiões do país e de diversas áreas do conhecimento, divididos em oito grupos.
Os grupos apresentaram projetos e soluções desenhados durante os dias de duração do evento com foco em soluções para desafios do ensino superior. Eles defenderam suas propostas e ideias inovadoras para os gestores e líderes educacionais presentes. O vencedor foi o Quarteto Fantástico (integrado pelas estudantes Ana Julia Gonçalves Pádua; Marie Hellem da Silva Alves; Maria Izabel Araújo e Pâmella Fayne de Carvalho Mota), com o aplicativo Pergunta aí, que beneficia alunos e instituições de ensino. Quem tiver dúvida se conecta a outros que sabem responder, estimulando a troca de conhecimento entre estudantes.
Destaco também a palestra do Prof. Naercio Menezes do Insper que apresentou um alentado estudo sobre o mercado educacional e do Prof. Daniel Pedrino que nos mostrou seu plano arrojado da Faculdade Descomplica.
Identicamente é preciso ressaltar a presença e palavras da Profa. Maria Helena Guimarães Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação pela visão atualíssima do momento educacional em que vivemos e, como não podia deixar de ser, de cumprimentar o Diretor Jurídico do Semesp o Dr. Jose Roberto Covac pelo seu valioso livro “A Educação como vocação e o Direito como expressão” onde nos é contado os 30 anos de vivencia dos acontecimentos que marcaram a educação brasileira.
Enfim, o Semesp brilhou novamente pelo evento inspirador e inovador que criou, oportunidade de cumprimentar seu presidente, o Prof. Hermes F. Figueiredo. Da mesma forma um elogio todo especial à toda a equipe do sindicato, na pessoa de seu Diretor Executivo, Rodrigo Capelato, que planejou e executou o 22º Fnesp. Realmente um evento inesquecível.