O relatório Highly Cited Researchers™2020 foi publicado e você poderá lê-lo aqui, e para comemorar este evento, onde celebramos o desempenho excepcional de alguns dos pesquisadores mais citados do planeta, contatamos alguns dos influentes pesquisadores que foram citados em anos anteriores. Perguntamos a cada pesquisador como o panorama científico mudou ao longo dos anos e para onde eles prevêem que irá. Aqui está o que eles disseram…
“Na bioinformática, sinto que, mais do nunca, há pressão, para transferir o conhecimento adquirido por meio da pesquisa para os ambientes clínicos. Os recentes desafios à saúde humana como o COVID-19, o aumento das doenças crônicas e o envelhecimento da nossa população aceleram ainda mais esse processo. O lado positivo é que existe desenvolvimentos técnicos para lidar com esses desafios. Acho que nos beneficiaremos enormemente com a inteligência artificial, a explosão de dados públicos e as tecnologias de alto rendimento nos próximos anos. Em minha opinião, em um futuro previsível, haverá uma mudança de paradigma na medicina clássica. Já ouvimos cada vez mais sobre a medicina personalizada e de precisão.”
– B. Suzek, Professor Assistente – Engenharia da Computação, Mugla Sitki Kocman University, Turquia.
“Fomos do conhecimento empírico à experimentação agrícola, e da genética básica à genética molecular, e tudo termina em ‘OMICS’ (omica) incluindo a genômica. Com a obtenção de dados e conhecimento será possível prever ganhos genéticos e ser mais eficientes em nosso trabalho sob o lema ‘mais ganhos em menos tempo’”.
– J. Huerta-Espino, Pesquisador, Campo Expt Valle Mexico INIFAP, México
“Hoje existe um trabalho mais colaborativo, uma grande quantidade de amostras vindas de inúmeros sites e artigos com muitos autores. A ênfase em big data, precisão e medicina personalizada aumentará. Como a variabilidade da quantidade de distúrbios explicados por fatores de risco genéticos conhecidos aumentará com o tempo, a genética passará a desempenhar um papel na psiquiatria clínica e no reconhecimento precoce. As abordagens computacionais terão um uso crescente na pesquisa do cérebro e na psiquiatria, pois problemas complexos podem ser resolvidos com uma abordagem mais complexa.”
– E. Bora, Professor Associado de Psiquiatria, Dokuz Eylul University, Turquia.
“Muitas ferramentas moleculares e genéticas foram desenvolvidas nos últimos anos. A aplicação dessas técnicas mais avançadas às abordagens da farmacologia clássica, significativamente ampliam as oportunidades para o desenvolvimento de novas drogas.”
– R. Gainetdinov, Diretor – Institute of Translational Biomedicine, St. Petersburg State University, Russia
“A Ciência muda rapidamente dependendo de seu campo de atuação. Enquanto a pesquisa sobre mecanismos catalíticos tem se desenvolvido de maneira muito positiva nos anos recentes e mais cooperação entre a academia e a indústria estejam acontecendo, a valorização da biomassa e resíduos e especialmente, o campo dos nanomateriais, estão mudando a praticamente cada mes. Vejo uma atividade interdisciplinar nesses campos desempenhando um papel chave nos futuros desenvolvimentos para um futuro mais sustentável (e.g. abordagens quimio-enzimáticas) e certamente um fascinante caminho para descobertas, que esperamos ter nos próximos anos. Eu certamente investiria todos meus recursos no conceito “resíduos para riqueza”, o qual certamente mudará o mundo no futuro, como vemos agora.”
– R. Luque, DFSP Distinguished Fellow – Departamento de Química, King Saud University, Saudi Arabia
“Grandes avanços vão aparecer nos próximos anos no que diz respeito à integração de dados provenientes de várias fontes diferentes. Seremos capazes de reconceitualizar o que é um problema de saúde mental e isso nos ajudará a personalizar os tratamentos.”
– J. Maria Haro Abad, Professor Visitante, Departamento de Psicologia, King Saud University, Saudi Arabia
“Como existe uma pressão para se publicar mais, vejo que está ficando dificil se manter atualizado com os novos métodos e novas descobertas, e tambem em separar o joio do trigo nas publicações científicas. Para os alunos de Doutorado, é cada vez mais difícil se tornar conhecido em uma área, e se graduar dentro dos esperados quatro anos. A competição crescente e o volume de informação disponível tornam os tópicos de pesquisa restritos, e ainda, encoraja o desenvolvimento de imensos consórcios internacionais. Fazer pesquisa em redes internacionais está cada vez mais se assemelhando a fazer negócios.”
– L. Tedersoo, Pesquisador, University of Tartu.
Ecologia e meio-ambiente
“O interesse pelo papel representado pelos animais no funcionamento do planeta aumentou muito. Tanto pelo fato de que muitos estão desaparecendo hoje, ou porque muitas espécies exóticas estão dominando em muitas localidades remotas. Quando comecei meu trabalho há quase 30 anos atrás, a biologia buscava ir aos lugares mais remotos do planeta para estudar os organismos. Hoje, sabemos que lugares remotos são a exceção.”
– M. Galetti, Professor – Departamento de Ecologia, Universidade Estadual Paulista, Brazil
“O aquecimento global e a poluição ambiental se tornaram questões muito importantes para a sustentabilidade ambiental. A energia renovável é uma das formas mais importantes de resolver esses problemas. O desenvolvimento e a aplicação da bioenergia têm contribuído muito para a sustentabilidade. No futuro, a bioenergia ainda terá um papel muito importante neste aspecto e merece ainda mais pesquisas”.
– WH Chen, corpo docente – Departamento de Aeronáutica e Astronáutica, National Cheng Kung University, Taiwan
“O tema ambiental está na pesquisa global e na agenda política. Isso inclui aspectos como mudanças climáticas, desastres naturais ou desmatamento e queimadas na Amazônia, que podem afetar o clima global. As pesquisas do meu grupo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação tiveram um grande impacto e trouxeram o tema das mudanças climáticas para o governo, e isso ajuda nas decisões ambientais, seja nas políticas públicas relevantes para o clima ou nos fóruns internacionais. O público está mais atento às questões ambientais e tenho orgulho de dizer que a comunidade do clima no Brasil, eu entre eles, ajudou a melhorar essa percepção”.
– J. Marengo, Cientista Sênior e Coordenador Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais-CEMADEN, Brasil
Ciências agrícolas e desperdício de alimentos
“Quando comecei meu estudo de doutorado em 2004, o termo ‘recuperação de resíduos alimentares’ não existia e o campo estava em um estágio incipiente. Nos anos seguintes, houve um renascimento dos estudos que investigavam a recuperação de compostos de alto valor agregado de subprodutos do processamento de alimentos. No entanto, apesar da publicação de milhares de estudos na área, os respectivos processos industrializados ainda são bastante limitados. Isso está acontecendo devido a vários motivos, por exemplo, a falta de estudos que tratam das aplicações desses compostos em alimentos, legislação e problemas relacionados a políticas, etc. No entanto, devido à necessidade urgente de uma mudança para uma economia neutra para o clima, a bioeconomia e a geração de produtos de base biológica crescerão exponencialmente nos próximos anos. Estudos futuros abordarão processos mais integrados, diferentes aplicações para os compostos de alto valor agregado recuperados e abordarão questões práticas e técnico-econômicas de recuperação de resíduos alimentares.”
– C. Galanakis, Professor – Faculdade de Ciências, King Saud University, Arábia Saudita
“Os consumidores estão cada vez mais preocupados e conscientes com a sua alimentação. Assim, acredito que estudos focados no efeito do processamento de alimentos na saúde humana é uma tendência que continuará crescendo. Há também uma maior conscientização do público em geral em relação ao meio ambiente. Com isso, a utilização de processos mais sustentáveis, com menor gasto de energia e geração de resíduos menos poluentes, vem ganhando destaque. Isso ocorre tanto na comunidade científica quanto no setor industrial.”
– R. Valeriano Tonon, Pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos no Brasil
“Nos últimos anos, as ciências agrícolas testemunharam avanços, incluindo a revolução verde, arroz tolerante à submersão, herbicida, variedades de culturas tolerantes a insetos, agricultura de precisão, etc. Prevejo mais avanços nos próximos anos, particularmente com os avanços nas tecnologias de sequenciamento de DNA, imagem de luz visível, bioinformática, fertilizantes de liberação controlada e sensoriamento remoto, por exemplo.”
– M. Farooq, Professor Associado – Ciências Agrícolas, Sultan Qaboos University, Omã