A década de 90 representou um marco na conquista feminina em relação à educação. Foi nesse período que as mulheres passaram a ser maioria a ingressar no Ensino Superior, tanto para cursos de graduação quanto na pós-graduação. Essa conquista foi reflexo de um longo e lento processo que se iniciou muitas décadas antes e que se acelerou com a chegada mais forte da mulher ao mercado de trabalho, no final da década de 70. Desde então, o espaço feminino na educação tem avançado e se consolidado, mas sabemos que ainda há muito o que se conquistar, especialmente quando falamos em docência.
Se na Educação Básica, as mulheres são a grande maioria do corpo docente, na Educação Superior ainda há muito que se avançar. Dados do Censo Escolar do Inep de 2020 mostram que, à medida que as etapas de aprendizagem vão avançando, as professoras vão reduzindo sua presença. Na Educação Infantil, as mulheres representam 96% dos cerca de 593 mil docentes, ou seja, estamos falando de um universo totalmente feminino. No Ensino Fundamental, são 1,3 milhão de docentes e as professoras representam 88,1%. No Ensino Médio já constatamos um equilíbrio maior, mas ainda com o predomínio feminino, chegando a 57,8% dos docentes.
No Ensino Superior, essa liderança se inverte e é o sexo masculino que domina a sala de aula. As mulheres representam 45,5%, segundo Censo da Educação Superior do Inep de 2018. Mas o que mais chama atenção é que este percentual tem apresentado um crescimento bastante lento na última década, beirando a estagnação. Cresceu apenas 1% o número de professoras em cursos de graduação e pós-graduação nos últimos 10 anos.
Certamente estamos aqui diante de fatores sociais e culturais que ainda tornam lenta a ascensão feminina, seja como docentes, seja em cargos diretivos nas universidades públicas e privadas. Mas o caminho está sendo trilhado e as conquistas tendem a se acelerar. Já é significativa a quantidade de faculdades e universidades que contam com programas de inclusão e de aceleração do público feminino em seus quadros diretivos, tentando reduzir desigualdades e promover uma gestão mais inclusiva.
O que não falta no mercado da Educação são profissionais em busca da conquista desses espaços. Mulheres educadoras que podem se inspirar nas pioneiras que fizeram história em nosso País. Entre elas, Esther de Figueiredo Ferraz, a primeira mulher reitora no Brasil, entre os anos de 1965 e 1966 na Universidade Mackenzie. Como uma líder feminina à frente de seu tempo, coube também à professora Esther o título de primeira Ministra da Educação, em 1982.
Assim como a professora Esther, outras centenas de mulheres, muitas anônimas, contribuíram e contribuem para transformar nossa sociedade por meio da Educação. Que possamos mais e mais ter na figura feminina o espaço para a promoção da educação cidadã e de qualidade em nosso país.
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