É difícil encontrar alguma área econômica ou social que não tenha sido duramente afetada pela pandemia de COVID-19, mas poucas foram tão impactadas quanto a educação. Passados mais de 15 meses desde que as nossas vidas viraram de ponta-cabeça, a área educacional segue tendo que se reinventar para superar os desafios impostos pelos novos tempos.
Ao contrário do que aconteceu na maior parte das instituições públicas de educação superior, as IES particulares se adaptaram rapidamente para adotar o modelo de aulas remotas, garantindo a continuidade – com qualidade – dos últimos três semestres letivos de grande parte dos cursos presenciais.
Embora a medida tenha sido eficiente para evitar uma evasão em massa de estudantes, outros aspectos do contexto socioeconômico dificultaram a entrada de novos alunos no ensino superior, especialmente a crise econômica e o medo de contaminação pelo coronavírus.
Se há uma boa notícia no meio disso tudo é que a nuvem escura que pairava sobre nossas cabeças parece estar se dissipando. O vento que tem contribuído para que ela vá embora tem nome (Vacina) e alguns sobrenomes (Coronavac, AstraZeneca, Pfizer, Janssen). Ao menos é o que mostrou uma pesquisa divulgada esta semana pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights.
Segundo o levantamento, 39% dos entrevistados que tomaram, pelo menos, a 1ª dose de uma das vacinas disponibilizadas no Brasil desejam começar a graduação já no próximo semestre (2021.2). Outros 41% planejam o ingresso em uma IES para o início de 2022. O impacto da vacina para a tomada dessa decisão fica evidente quando comparamos esses números com aqueles verificados entre os jovens que ainda não foram vacinados. Entre estes, apenas 16% intencionam iniciar seus cursos no meio deste ano.
Chama a atenção ainda o fato de que apenas 9% dos vacinados não terem se decidido sobre quando fazer a matrícula ante o percentual de 29% verificado entre aqueles que não tiveram acesso ao imunizante. Essa dúvida, contudo, não se materializa na hora da escolha do curso.
Coincidência, ou não, no mesmo mês em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma nova taxa recorde de desemprego (14,7%), 30% dos entrevistados afirmaram que desejam ingressar em cursos da área da Saúde. O entendimento dos pesquisadores é de que esse resultado está relacionado ao aumento da empregabilidade ocorrida no período pandêmico. Em segundo lugar na preferência ficaram os cursos da área de Negócios, com 20%.
Em uma esfera micro, esses dados mostram a importância da vacina para a retomada do crescimento da educação superior, mas, em uma esfera macro, sintetizam o compasso de espera que ainda ronda a população brasileira. A expectativa de uma ampliação expressiva da imunização neste segundo semestre traz consigo a esperança de um vendaval capaz de disseminar de uma vez por todas o que ainda resta da tal nuvem escura. A educação, a população e o país aguardam ansiosamente por esse momento.
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