O perfil do profissional de engenharia que se deseja formar é pauta do dia para as instituições de ensino superior e tem sido tema recorrente em diversos fóruns de discussão. A transformação na educação em engenharia está em sintonia com cada fase da revolução industrial. Vivenciamos a Indústria 4.0, quiçá 5.0, na qual a revolução digital, a delicada questão energética e ambiental e as exigências por profissionais com habilidades nem sempre ensinadas em salas de aulas dominam as reflexões nesse campo.
É nesse contexto que a UFMG sedia, até este 30 de setembro, em formato on-line, o XLIX Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (Cobenge 2021), evento promovido, desde 1973, pela Associação Brasileira de Ensino em Engenharia (Abenge).
À luz das novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para as engenharias, o Cobenge 2021 reune diretores, coordenadores, professores e estudantes de escolas de engenharia, representantes de conselhos, de entidades e de organizações associadas à área, pesquisadores, empresários e demais profissionais interessados na temática do evento _ Formação em Engenharia: Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade.
O congresso discute assuntos como acessibilidade e inclusão, curricularização da extensão, conexões com o mercado e com a indústria, novas metodologias e tecnologias de ensino, inovação e empreendedorismo e protagonismo feminino. Ampliar a participação das mulheres no universo da engenharia é uma necessidade urgente.
Formar mais e melhores engenheiros e engenheiras sempre foi e continuará sendo desafiador, e a transformação na educação em engenharia é uma necessidade inadiável. Mais do que profissionais altamente qualificados, a sociedade demanda engenheiros e engenheiras, cuja formação não seja caracterizada apenas pela qualidade técnica, mas também por habilidades comportamentais e contextuais.
Capacidade de inovação e espírito empreendedor devem ser incorporados aos conhecimentos científicos. Esses são os pilares sobre os quais o Cobenge 2021 promoverá amplo debate, com vistas à formação de profissionais para atuação em um mercado cada vez mais competitivo para atender uma sociedade carente de ações que proporcionem o desenvolvimento social e econômico de que o Brasil e o mundo tanto precisam.
Nesse cenário, as novas DCNs, homologadas em 2019, trouxeram grandes avanços para os projetos pedagógicos das universidades, pois propiciam uma visão de currículos mais focados no desenvolvimento de competências do que simplesmente em conteúdo. Seus egressos conseguem se adaptar mais rapidamente às demandas do mercado e das próprias instituições de ensino e pesquisa.
A discussão dos rumos da engenharia e a construção de futuros ultrapassam a dimensão técnica, e a preocupação com a equidade e a igualdade de gênero, por exemplo, são desafios que precisamos enfrentar. A engenharia é, sobretudo, um instrumento de transformação e justiça social.
Artigo originalmente veiculado no O Tempo.
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