A pesquisa Jovem de Futuro, divulgada em janeiro de 2022 pelo Instituto Unibanco e realizada pelo Datafolha, constatou que para 47% dos brasileiros com 16 anos ou mais a importância da educação reduziu durante a pandemia. Para 28%, ela aumentou e outros 24% consideram que a relevância da educação para a sociedade ficou igual.
Se, por um lado, surpreende o descompasso entre a percepção do brasileiro e a importância da educação para a superação da pandemia e seus desdobramentos, por outro, chama a atenção a baixa compreensão da população sobre o papel da educação na vida dos indivíduos e da nação como um todo.
Além de quase metade da população não conseguir vislumbrar a importância da educação no atual contexto pandêmico, 25% das pessoas consideram que ter mais conhecimento é a principal atribuição do processo educacional. Na sequência, 21% acreditam que o papel da educação é facilitar o acesso a um emprego.
Trata-se de uma lógica invertida, pois tanto o conhecimento quanto um emprego melhor são consequências, e não o objetivo da educação. A educação, per se, é algo além. Ela incide na formação de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, bem como plenos da sua capacidade intelectual e sabedores da importância de vivermos em uma sociedade mais igualitária. O conhecimento formal é o caminho que pavimenta essa estrada bem mais longa e complexa da formação do indivíduo.
O fato de quase 50% dos entrevistados não conseguirem dimensionar a importância da educação para a superação das dificuldades socioeconômicas brasileiras, que antecedem em muito a pandemia, mas foram intensificadas por ela, mostra que estamos falhando enquanto nação. Como fazer com que as pessoas lutem e valorizem algo que elas não reconhecem como relevante?
No final de 2021, a ABMES, em parceria com a Futuria e milhares de unidades de educação superior, lançou o movimento #EuSouOFuturo com dois objetivos: conscientizar a sociedade sobre o valor da educação e incidir na democratização do acesso à educação de qualidade. Os primeiros resultados já estão sendo colhidos e 2022 apresenta o cenário perfeito para que os desdobramentos da iniciativa sejam potencializados.
Estamos em mais um ano eleitoral. Em alguns meses, elegeremos parlamentares, governadores e o presidente da República que estarão à frente do orçamento, das normatizações e das políticas públicas nos próximos quatro anos. Mais uma vez, o setor particular de educação superior vai se organizar para colocar a pauta educacional no centro do debate, mas essa precisa ser uma ação da sociedade brasileira como um todo. Caso contrário, seguiremos presos ao discurso vazio de que sem educação não há solução. Já passou (muito) da hora de palavras serem transformadas em ação.
O que a pesquisa do Instituto Unibanco nos mostrou é que estamos mais longe de alcançarmos esse novo patamar do que imaginávamos. Caso contrário, a percepção da população brasileira sobre a educação seria outra, mais próxima do que supúnhamos antes de sermos confrontados com os duros dados levantados pelo Datafolha.
Contudo, a hora não é para desânimo. Pelo contrário! É hora de trabalharmos para que o brasileiro compreenda o verdadeiro valor da educação e se sinta corresponsável por seu sucesso. Disso depende o nosso futuro
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