Sabemos que a educação a distância em espaços não-formais já existe há muitos anos, desde as experiências em jornais impressos, programas de rádio, cursos por correspondência pelo correio e programas de TV. Todos se utilizando das tecnologias de comunicação existentes na sua época.
A partir do início do século XXI, com a grade explosão das tecnologias digitais de comunicação, foi a vez da educação formal se apoiar nelas para o desenvolvimento de suas propostas educacionais. Começou a se chamar de educação a distância, pois permitia que tanto os docentes quanto os estudantes estabelecessem comunicação (distantes fisicamente) com finalidade de ensinar e aprender, baseados na transmissão de informação. Ou seja, a educação a distância apesar do forte vetor tecnológico ainda não abria mão da visão industrial mecanicista, utilizando das mesmas estratégias e modelos que já se mostravam desatualizadas, mesmo antes da revolução digital (no final do século XX): linearidade, segmentação, hierarquia e massificação.
Podemos enumerar algumas vantagens da educação a distância, tais como: flexibilidade e acessibilidade no tempo e espaço, acesso a múltiplos e diversos materiais de apoio, comunicação remota e, nos últimos anos, acesso a inúmeras ferramentas e plataformas de imersão virtual na construção das habilidades práticas de cada profissão.
Apesar de todos esses avanços, ainda não conseguimos diminuir as distâncias, em alguns momentos parece que estamos mais distantes do que antigamente, apesar de todo o esforço de comunicação. Essa sensação não se faz presente no ato em que estamos nos comunicando, mas depois: uma sensação que nos falta alguma coisa. Esse vazio é a essência da nossa humanidade: o estabelecimento de relações sociais permeadas pela presença dos nossos cinco sentidos sensoriais. Não estou, aqui, dizendo que é uma coisa ou outra (distância ou presencial), mas um caminho do meio. O próprio uso da palavra distância nos remete a uma sensação incômoda, de não pertencimento, isolamento, reclusão. Eu não gosto do termo, preferiria que fosse: educação a distância, sem distâncias.
Meu receio do uso massivo das tecnologias é perdermos alguns atributos humanos relacionais como a empatia, comunicação e sensibilidade, e assim, apesar de tecnicamente avançarmos, involuirmos nos aspectos humanos e sociais. Nem toda a inovação significa evolução, é necessário registrar essa afirmação.
Após as primeiras ondas da educação a distância nas IES serem intensas na mediação tecnológica, começamos a perceber (muito no início) o surgimento de propostas pedagógicas que procuram aproximar as pessoas e minimizar distâncias. Exemplos são o número cada vez maior de currículos escolares baseados em projetos contextualizados as realidades dos estudantes com a ida a campo para execução e relacionamento. Os docentes também precisam estar habilitados não no uso de ferramentas tecnológicas, mas em como usar essas ferramentas como alavancas que quando colocadas no lugar certo, com a força certa potencializam a aprendizagem e aproximam o estudante da sua real transformação, aquela que parte de dentro pra fora e não de fora para dentro, numa educação a distância sem distâncias.
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