Um dos dias mais aguardados por milhões de brasileiros, a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sempre gera grande mobilização nos quatro cantos do país. O anúncio das notas obtidas na avaliação consiste em um marco na vida de quem deposita na educação superior a expectativa de um futuro melhor para si e sua família. Em 2024, esse dia foi terça-feira passada, 16 de janeiro.
Com sua relevância indiscutível, o Enem é a principal porta de entrada para a graduação, seja nas instituições públicas (por meio do Sisu) seja nas privadas (por meio do Fies, do ProUni e do acesso regular). O exame também se concretiza como importante instrumento de avaliação e formulação de políticas públicas educacionais para a educação básica e o nível superior. Contudo, longe do seu período áureo - quando chegou a ter 8,7 milhões de inscritos (2014) -, o pouco interesse pelo Enem tem desafiado a lógica.
Desde a queda vertiginosa registrada no número de inscritos entre 2020 (6,2 milhões) e 2021 (3,4 milhões), as inscrições no exame têm crescido pontualmente, atingindo a marca de 4 milhões em 2023. Contudo, o próprio Ministério da Educação chama a atenção para dois fatos relevantes: 1) na última edição, apenas 68% dos inscritos compareceram para fazer as provas; 2) o contingente de inscritos representa metade dos jovens brasileiros que concluíram o ensino médio em 2023.
Esse cenário fez com que o MEC e o Inep anunciassem a realização de uma pesquisa para entender os motivos disso e “a partir de dados concretos, tomar decisões mais assertivas que ampliem a participação dos concluintes”. A expectativa do presidente do Inep, Manuel Palacios, é a de que o levantamento fique pronto em março.
Em outra frente, o ministro Camilo Santana acredita que o programa Pé de Meia, que vai conceder um incentivo financeiro para estimular a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio, vai contribuir para a aumentar a participação no Enem, já que o estudante receberá um percentual da poupança quando fizer o exame.
Largando na frente, a consultoria Educa Insights ouviu cerca de 800 estudantes que fizeram o Enem em 2023 e fez uma descoberta bastante relevante: 58,6% das pessoas prestaram o exame com o objetivo de obterem descontos nas mensalidades das instituições privadas de educação superior.
Esse resultado mostra um quadro ainda pouco considerado pelos gestores públicos: a relação entre o Enem e a necessidade de fortalecer as políticas de acesso à educação superior privada. Enquanto o ProUni e o Fies tiverem poucas vagas e exigências desconectadas do perfil dos seus públicos-alvo, seguirá sendo uma missão quase impossível manter vivo em quem está concluindo o ensino médio o sonho de cursar uma graduação.
Vivemos em um país no qual 80% das matrículas na educação superior estão nas instituições privadas. Qualquer política que não tenha essa realidade como um dos seus eixos centrais precisa ser repensada. Enquanto o acesso à educação superior for privilégio para poucos, não há fórmula mágica capaz de tornar o Enem mais atraente. A democratização do acesso é urgente, e deve ser priorizada.
Um dos dias mais aguardados por milhões de brasileiros, a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sempre gera grande mobilização nos quatro cantos do país. O anúncio das notas obtidas na avaliação consiste em um marco na vida de quem deposita na educação superior a expectativa de um futuro melhor para si e sua família. Em 2024, esse dia foi terça-feira passada, 16 de janeiro.
Com sua relevância indiscutível, o Enem é a principal porta de entrada para a graduação, seja nas instituições públicas (por meio do Sisu) seja nas privadas (por meio do Fies, do ProUni e do acesso regular). O exame também se concretiza como importante instrumento de avaliação e formulação de políticas públicas educacionais para a educação básica e o nível superior. Contudo, longe do seu período áureo - quando chegou a ter 8,7 milhões de inscritos (2014) -, o pouco interesse pelo Enem tem desafiado a lógica.
Desde a queda vertiginosa registrada no número de inscritos entre 2020 (6,2 milhões) e 2021 (3,4 milhões), as inscrições no exame têm crescido pontualmente, atingindo a marca de 4 milhões em 2023. Contudo, o próprio Ministério da Educação chama a atenção para dois fatos relevantes: 1) na última edição, apenas 68% dos inscritos compareceram para fazer as provas; 2) o contingente de inscritos representa metade dos jovens brasileiros que concluíram o ensino médio em 2023.
Esse cenário fez com que o MEC e o Inep anunciassem a realização de uma pesquisa para entender os motivos disso e “a partir de dados concretos, tomar decisões mais assertivas que ampliem a participação dos concluintes”. A expectativa do presidente do Inep, Manuel Palacios, é a de que o levantamento fique pronto em março.
Em outra frente, o ministro Camilo Santana acredita que o programa Pé de Meia, que vai conceder um incentivo financeiro para estimular a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio, vai contribuir para a aumentar a participação no Enem, já que o estudante receberá um percentual da poupança quando fizer o exame.
Largando na frente, a consultoria Educa Insights ouviu cerca de 800 estudantes que fizeram o Enem em 2023 e fez uma descoberta bastante relevante: 58,6% das pessoas prestaram o exame com o objetivo de obterem descontos nas mensalidades das instituições privadas de educação superior.
Esse resultado mostra um quadro ainda pouco considerado pelos gestores públicos: a relação entre o Enem e a necessidade de fortalecer as políticas de acesso à educação superior privada. Enquanto o ProUni e o Fies tiverem poucas vagas e exigências desconectadas do perfil dos seus públicos-alvo, seguirá sendo uma missão quase impossível manter vivo em quem está concluindo o ensino médio o sonho de cursar uma graduação.
Vivemos em um país no qual 80% das matrículas na educação superior estão nas instituições privadas. Qualquer política que não tenha essa realidade como um dos seus eixos centrais precisa ser repensada. Enquanto o acesso à educação superior for privilégio para poucos, não há fórmula mágica capaz de tornar o Enem mais atraente. A democratização do acesso é urgente, e deve ser priorizada.
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