Wanda Camargo Presidente da Comissão do Processo Seletivo das Faculdades Integradas do Brasil - UniBrasil

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Nos Estados Unidos, o megaempresário Bill Gates propõe um sistema de avaliação e melhora dos processos educacionais. Para nossas tradições talvez seja um pouco invasivo: baseia-se, grosso modo, em gravações de aulas ministradas e na análise crítica dessas gravações por professores; o objetivo seria a tentativa de eliminação dos erros mais comuns e a ampliação e universalização dos acertos. Esse sistema, associado ao processo de premiação de escolas, professores e diretores que apresentam resultados acima de certa média implantado já há alguns anos nos EUA, talvez possa proporcionar melhoria efetiva na educação daquele país. No Ministério da Educação o professor Haddad definiu a implantação de uma prova nacional para ingresso no magistério a partir do primeiro trimestre de 2012. Ainda sem ter obtido pleno sucesso na aplicação do Enem, cujas falhas, segundo palavras ministeriais, “não foram dramáticas” (opinião que certamente não é compartilhada pelas instituições que adotaram o Enem como mecanismo único de ingresso e por milhares de estudantes frustrados em suas expectativas, sem citarmos a questão do dispêndio financeiro), o país fará outra experiência arriscada, aplicando provas em todo território nacional, com sua logística complicada e inúmeras possibilidades de falhas, em curto prazo. Embora seja louvável a prática de passos concretos em direção à valorização, o reconhecimento do papel e à melhoria da remuneração dos professores, precisa-se refletir sobre as características consideradas essenciais para um bom professor (quem as define? baseado em que princípios? quais são eles? valem mesmo considerando as imensas diferenças regionais do país?) e que deverão servir de matriz para a elaboração desta prova para ingresso na carreira docente. Segundo declarações do ministro, equipes foram enviadas a oito países para análise do funcionamento do processo de formação e de seleção de professores, e destas viagens resultou a conclusão da necessidade da prova nacional de concurso para ingresso na carreira docente que sinalize o que se espera de um bom professor. Prossegue afirmando que prefeitos e governadores poderão abrir editais para seleção com base nas notas deste exame, oferecendo boas condições de carreira para atrair os melhores profissionais. Com base nisso, espera-se atrair melhores alunos de cada escola para o exercício do magistério. No entanto, a idéia de avaliação deve conter também a previsão da melhoria daqueles que não atingirem o patamar mínimo considerado adequado. Como agiremos em relação a estas pessoas? Que tipo de requalificação será possível? É preciso levar em conta que também se pretende a implantação da escola de tempo integral para o ensino médio, excelente iniciativa de valorização da cultura e do esporte que consumirá tempo, recursos (muitos recursos) para atingir um bom padrão de qualidade, e que o Enem deveria, como prometido, ter a partir deste ano duas edições anuais, o que já foi declarado impossível pelo próprio Ministério. O otimismo em relação à melhoria do processo educacional brasileiro em função da aplicação de provas aos professores recém-formados, talvez seja excessivo, em relação ao que Freud denominava princípio da realidade...