Recentemente assisti, novamente, o filme Matrix e a cena em que Neo é confrontado por Morpheus a tomar a pílula azul ou vermelha chamou minha atenção mais uma vez, mas de uma forma diferente. Nesta cena, Neo precisa optar por tomar a pílula azul e continuar vivendo em uma realidade confortável, mas ilusória, ou tomar a pílula vermelha e despertar para uma verdade perturbadora, porém, libertadora.
Essa escolha é uma poderosa metáfora para as decisões que os gestores das instituições de ensino superior (IES) enfrentam quando se trata de inovação. Assim como Neo, os gestores educacionais precisam decidir entre manter suas IES na zona de conforto, com estruturas e processos tradicionais (a pílula azul), ou abraçar a incerteza e o potencial transformador da inovação (a pílula vermelha).
A pílula azul representa a tendência de muitos gestores de se apegarem ao status quo. Nesse cenário, as IES continuam a operar com métodos tradicionais de ensino e governança, baseando-se em currículos rígidos, avaliações convencionais e uma hierarquia que não valoriza a inovação. Essa escolha parece oferecer segurança e previsibilidade, já que os resultados são conhecidos e as práticas estabelecidas há décadas continuam a guiar o caminho. Porém, ao escolher a pílula azul, gestores correm o risco de tornarem suas instituições obsoletas em um mundo que se transforma todos os dias.
Tomar a pílula vermelha, por outro lado, significa enfrentar a realidade de que o mundo ao redor está em constante transformação. Para as IES, essa escolha implica em aceitar que os modelos tradicionais de ensino e gestão precisam ser questionados e renovados. É um convite para adotar uma cultura institucional que valoriza a experimentação, a colaboração, e a coragem de falhar como parte do processo de aprendizagem e crescimento. É arriscado? Com certeza! Mas o resultado faz valer a pena.
Essa mudança começa com lideranças que não apenas reconhecem a necessidade de inovação, mas também criam e promovem um ambiente que encoraja todos os colaboradores e estudantes da IES a pensarem de forma crítica e criativa. Em vez de temer as incertezas que a inovação traz, um gestor que opta pela pílula vermelha vê essas incertezas como oportunidades para criar novos caminhos, adaptar-se às mudanças e preparar melhor os estudantes para o futuro.
Para trabalhar a cultura de inovação nas IES é imprescindível que gestores estejam abertos a novas ideias, adotem um mindset inovador. Ademais, investir em ambientes que fomentem a colaboração, promover a formação contínua de colaboradores e professores em inovação, abraçar o fracasso como oportunidade de aprendizado, focar no desenvolvimento de competências do século XXI, desenvolver currículos flexíveis e celebrar as inovações nos mais diversos níveis são formas de desenvolver uma cultura de inovação.
Assim como Neo, que ao escolher a pílula vermelha se torna o herói de sua própria história, as IES que optam por uma cultura de inovação têm o potencial de liderar a transformação educacional. Essa decisão exige coragem e visão, mas é fundamental para que permaneçam relevantes e cumpram sua missão de formar cidadãos e profissionais preparados para um mundo em constante evolução.
A pergunta que fica é: sua instituição está pronta para tomar a pílula vermelha e transformar sua cultura para abraçar a inovação?
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