Ainda antes de começar, o ano de 2025 já havia ganhado destaque nas redes sociais por um motivo pouco comum: as combinações numéricas que o tornam significativo no universo matemático. Em síntese, 2025 é um número perfeito devido a fatores como ser um quadrado perfeito (45x45), o produto de dois quadrados (9² x 5²) ou a soma dos cubos de todos os dígitos de 1 a 9. Quanta gente se pegou checando a exatidão dos cálculos?
Essa mobilização em torno do número perfeito me conduziu à reflexão sobre o que seria um ano perfeito para a educação brasileira. Dentro dos limites impostos pela realidade, o que deve – e o que precisa – acontecer para que 2025 fique marcado como um período de avanços importantes rumo a conquistas como o estabelecimento de novos patamares de qualidade e a democratização da educação superior?
Para começar, é fundamental que o novo Plano Nacional de Educação (PNE) tramite com seriedade e celeridade no Congresso Nacional. A prorrogação da vigência do PNE 2014-2024 foi a solução possível em meados do ano passado, mas é preciso que o prazo de 31 de dezembro seja cumprido e que entremos em 2026 com metas e estratégias mais alinhadas às necessidades e aos desafios atuais da educação.
Este também deve ser um ano decisivo para a educação a distância. Prevista para ser publicada a qualquer momento, a nova regulamentação tem gerado muita expectativa tanto no setor educacional quanto na sociedade. A pandemia de covid-19 mostrou que a EAD e o formato híbrido são caminhos sem volta, e o esforço na construção de um marco normativo que resulte em mais qualidade e credibilidade para a modalidade é bastante positivo.
2025 ainda tem no seu embalo pautas como a consolidação da Reforma Tributária, aprovada após mais de 10 anos de intensos debates, e a reabertura do Proies. Não há dúvida de que as condições fiscais diferenciadas para a educação foram uma grande conquista, mas elas não são suficientes para garantir a manutenção de um setor primordial para o país. Por isso, é urgente o resgate da política de estímulo à reestruturação e ao fortalecimento das instituições de educação superior.
Otimista que sou, acredito, ainda, que neste novo ano vamos avançar em outras agendas estratégicas como a homologação das Universidades Especializadas por Campo do Saber e a luta contra o corporativismo dos conselhos profissionais, que insistem em questionar a capacidade e a legitimidade do Ministério da Educação (MEC) na tomada de decisão em relação à formação profissional.
Por fim, ciente de que não esgoto todos os temas e expectativas neste texto, 2025 tem tudo para concretizar a tão aguardada regulamentação da inteligência artificial (IA) no contexto da educação. Inclusive, este é um ponto ao qual tenho me dedicado pessoalmente no âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE), onde assumi a relatoria da pauta. Confio que em breve o Brasil terá uma normatização alinhada com as melhores e mais avançadas práticas do planeta, contribuindo para que a nossa educação dê passos largos rumo ao século 21.
Como se vê, não há trajetória simples que nos conduza a um ano perfeito na educação. A perfeição, aliás, tem tudo para ficar restrita ao campo da matemática, já que a realidade é composta por vitórias, mas também por dificuldades. Contudo, se chegarmos ao final de 2025 com avanços significativos nos pontos aqui listados não há dúvida de que, no mínimo, teremos tido um ano muito bom para a educação brasileira. Este é o nosso objetivo e trabalharemos incansavelmente para alcançá-lo.
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