2025 é um ano especialmente relevante para o Brasil no que se refere à agenda ambiental em todas as suas camadas. A realização da 30ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30) em Belém (PA), em novembro, colocou de vez os holofotes do mundo na nossa direção. Apesar da importância do evento e dos debates prévios que ele suscita, pouco ou quase nada tem sido discutido sobre a incorporação de uma educação verde em todos os níveis de ensino do país.
No geral, o Brasil enfrenta desafios que somente serão superados com uma colaboração eficiente do sistema educacional. Entre essas questões, destacam-se a empregabilidade e a trabalhabilidade da nossa população e a sustentabilidade ambiental. A solução para essas demandas passa pela incorporação, de maneira transversal, de dois elementos essenciais na nossa educação: o empreendedorismo e a apropriação de novos meios de vida e de produção pautados pela conservação do meio ambiente.
Esta abordagem não apenas prepara os estudantes para o mercado de trabalho, mas também os capacita a lidar com os desafios ambientais, promovendo uma educação que favoreça a vida plena em uma sociedade cada vez mais consciente e exigente. Além disso, vale destacar que o conceito de educação empreendedora vai além do ensino sobre como abrir ou gerenciar um negócio. Ele envolve o desenvolvimento de habilidades como a criatividade, a resolução de problemas, a liderança e a capacidade de trabalhar em equipe, competências essenciais para os cidadãos deste século 21.
Contudo, não se pode negar a veia empreendedora do brasileiro. Estudo realizado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2021, apontou o Brasil como um dos países com maiores índices de empreendedores iniciais no mundo, com mais de 23% da população economicamente ativa engajada em algum tipo de empreendimento. Isso evidencia a necessidade de uma educação que não apenas estimule, mas prepare os jovens para enfrentar as complexidades do mundo empreendedor.
Paralelamente, a educação verde tem se tornado cada vez mais relevante e urgente diante da crise ambiental que afeta o planeta. Se não mudarmos nossas formas de produzir e de consumir, não haverá política pública capaz de frear ou reduzir a ocorrência de eventos climáticos cada vez mais extremos e seus terríveis desdobramentos para a sociedade. A tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul em 2024 ainda não completou um ano, mas parece que ninguém se lembra mais.
Entre as formas de inserção do empreendedorismo na educação superior, estão a oferta de disciplinas e outras atividades curriculares, bem como projetos de extensão; a operação de escritórios de prestação de serviços ou laboratórios de desenvolvimento de projetos ou elaboração de protótipos; promoção sistemática de eventos com a participação de empreendedores bem sucedidos nos vários campos de atuação profissional; estímulo à inovação; adoção de metodologias pedagógicas que desenvolvam a autonomia e a iniciativa dos estudantes.
No que se refere à educação ambiental, há mais de 25 anos a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, estabelece que a educação verde é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Até hoje, porém, nossas instituições educacionais seguem patinando na formação de uma geração preparada para atuar no controle das mudanças climáticas e na mitigação das suas consequências, promovendo justiça social no acesso e fruição dos recursos naturais. A superação desse cenário tem sido tema de debate na Comissão Bicameral do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre Educação Ambiental, da qual participo.
Por acreditar na importância e na força de transformação dessas duas agendas é que o Brasil Educação - Fórum Brasileiro da Educação Particular incorporou a educação empreendedora e verde na sua Agenda Programática 2025-2027. Trata-se de formações que, trabalhadas como temas transversais em todos os níveis educacionais, podem proporcionar aos estudantes condições adequadas de enfrentamento das questões referentes à empregabilidade, trabalhabilidade e sustentabilidade nesta era contemporânea.
Ao incorporar a educação empreendedora e verde, o Brasil estará não apenas preparando seus cidadãos para o futuro, mas também dando passos concretos para resolver problemas globais como a crise climática e a desigualdade social. A educação é, sem dúvida, a chave para um futuro mais próspero, sustentável e inclusivo. Para que isso aconteça, é imprescindível que todos os setores da sociedade, incluindo as instituições privadas de educação superior, atuem de maneira integrada e comprometida com a formação de uma geração capaz de enfrentar nossos desafios com criatividade, responsabilidade e consciência ambiental.
Ainda faltam oito meses até a COP30. Até lá, muito pode ser feito. Inclusive, o grande evento global terá destaque na próxima edição do CBESP, que acontecerá no final de maio em Touros (RN) e contará com a ilustre presença do governador do Pará, Jader Barbalho. Vamos trabalhar juntos para fortalecer a educação verde e empreendedora até lá?