O futuro (breve) da educação superior é híbrido e inovador
Recentemente, tive a oportunidade de conceder uma entrevista ao jornal Correio Braziliense, na qual compartilhei algumas importantes reflexões sobre o presente e o futuro da educação superior no Brasil. Fiquei honrado em contribuir com esse debate tão necessário, especialmente em um momento de profundas transformações na área educacional, impulsionadas por mudanças tecnológicas, regulatórias e culturais.
Um dos pontos centrais da entrevista consistiu no avanço da educação a distância ocorrido nos últimos anos e o debate que esse cenário tem provocado na sociedade brasileira, especialmente no que se refere à qualidade dos cursos ofertados nessa modalidade.
Como é profundamente sabido por quem acompanha a área de perto, mas não pela população em geral, fiz questão de ressaltar que não existe mais, no Brasil, uma educação 100% a distância – assim como também não há mais espaço para uma educação 100% presencial. Estamos vivendo a consolidação de um modelo híbrido (alô, quadrantes híbridos!), que integra o melhor dos dois mundos e atende às novas demandas de uma sociedade hiperconectada e dinâmica. Esse formato é, sem dúvida, o caminho natural da evolução da educação superior.
Contudo, não deixei de falar da expectativa em relação à publicação do novo marco regulatório da educação a distância, prevista para o próximo mês. Embora ainda não conheçamos a sua totalidade, a perspectiva é de que ele contribua para que o país dê um salto importante em direção à qualidade e à segurança jurídica desse modelo. Isso porque a nova regulamentação deverá estabelecer critérios mais rigorosos e coerentes com a realidade, garantindo excelência nas ofertas educacionais, independentemente da modalidade.
Outro ponto abordado na entrevista foi o papel fundamental do professor nessa nova configuração. Mais do que um transmissor de conteúdo, ressaltei a importância de o docente assumir a função de mentor, curador de conhecimento e facilitador da aprendizagem. Inclusive, valorizá-lo e capacitá-lo para atuar nesse novo contexto é essencial para o sucesso do processo educacional.
Também falamos sobre inovação e inteligência artificial – temas que vêm ganhando protagonismo no debate educacional. A IA não substitui o professor, mas pode ser uma grande aliada no acompanhamento personalizado do estudante, na detecção precoce de dificuldades e na melhoria da gestão institucional. A tecnologia precisa ser utilizada com responsabilidade, sempre a serviço da aprendizagem.
Outro eixo fundamental que destaquei foi o financiamento estudantil. Acredito que devemos avançar rumo a um modelo tripartite, envolvendo governo, instituições e setor produtivo, para garantir que mais jovens tenham acesso à educação superior. Iniciativas como o programa Pé-de-Meia apontam caminhos promissores nesse sentido, mas ainda temos muito a construir.
Por fim, ressaltei a importância de uma formação empreendedora, que prepare o estudante para ser protagonista da sua própria trajetória. Em um mundo cada vez mais disruptivo e desafiador, a educação superior não pode se limitar à formação técnica ou teórica; ela precisa estimular a criatividade, a inovação e a geração de valor para a sociedade. O jovem de hoje quer ser agente de transformação, e cabe às instituições oferecer as condições para isso.
Em síntese, foi uma conversa franca, inspiradora e profícua. Espero que ela tenha contribuído para ampliar o entendimento dos leitores sobre os desafios e as oportunidades apresentadas à educação superior neste momento de profundas mudanças. A educação está no centro do desenvolvimento do país – e só avançaremos se caminharmos juntos, com diálogo, inovação, qualidade e compromisso social.
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