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Sergio Abreu reverencia a memória de sua professora Monina Távora

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12/10/2011 05:24:58

 Sergio Abreu Violonista e o mais famoso luthier brasileiro da atualidade ***
Não tenho como resumir em poucas palavras minha convivência com Dona Monina. Ela era uma enciclopédia, de música, de vida, de elegância, de caráter, de coerência, de integridade artística. Nada com ela era vulgar. Era uma pessoa profundamente complexa que, no entanto sabia mostrar simplicidade em tudo o que fazia na música. Isso é imediatamente constatado quando se ouve uma interpretação dela ao violão: tudo no lugar, tudo bem sentido e pensado, tudo elegante, nada rebuscado ou pretensioso. A interpretação emana do sentido contido na própria música sem apelar para qualquer recurso artificial, com uma simplicidade que apenas os sábios conseguem atingir. Convivi com ela desde que eu tinha 12 anos de idade e posso dizer, sem nenhuma dúvida ou exagero, que sem ela eu não teria tido a carreira que tive, nem como músico nem como luthier. Levados pela mão de nosso avô, eu e meu irmão Eduardo percebemos desde o nosso primeiro encontro estar lidando com um ser humano sem par, sabíamos estar recebendo um privilégio único, sendo que sua presença amiga permaneceu conosco durante esse meio século que se passou desde então, por maior que fosse a distância física nos separando... Adolfina Raitzin nasceu na Argentina em 3 de maio de 1921 e teve uma infância diferenciada: seu pai era um psiquiatra revolucionário, que tratava os doentes mentais em liberdade (motivo pelo qual a localidade onde estabeleceu sua clínica passou a se chamar Open-Door). Ela foi criada junto com estes pacientes e teve sua formação escolar com eles, que foram seus professores. Talvez isso tenha ajudado a formar o ser humano singular que ela foi. Desde muito cedo estudou violão com Domingo Prat (que a ela se referiu em termos superlativos em seu  Diccionario de Guitarristas publicado em 1934) e piano com Ricardo Viñes (durante o período em que este morou na Argentina, de 1930 a 1936). A propósito, Ricardo Viñes (1875-1943), célebre pianista catalão que viveu em Paris durante as 3 primeiras décadas do século XX, foi o intérprete preferido de Debussy e Ravel, dos quais estreou grande número de composições, várias dedicadas a ele, além de ter sido também o responsável pela primeira audição pública da Suite Iberia de Albeniz. Adolfina decidiu-se definitivamente pelo violão quando foi apresentada a Andrés Segovia e este lhe convidou a estudar com ele, porém nunca abandou o piano. Em seu diário ela escreveu naquele dia "Hé tocado hoy para Andrés Segovia y le gustó. Yo prometo que voy a ser una gran artista". Estudou regularmente com Segovia durante vários anos, e sobre este tinha sempre as palavras mais elogiosas e carinhosas, foi das poucas pessoas que tiveram de fato aulas sequenciais e uma convivência prolongada com o grande violonista. Ela tinha sempre na parede uma antiga foto emoldurada de Segovia com a dedicatória "Para Adolfina Raitzin, musa y artista" e tive oportunidade de ver alguns manuscritos musicais que ela recebeu do mestre, com belíssima caligrafia e cuidadosamente dedilhados. Durante a juventude ela teve a oportunidade de fazer amizade com músicos de várias nacionalidades que se hospedavam na quinta dos pais quando tocavam em Buenos Aires, entre eles me recordo dos nomes de Yehudi Menuhin,William Kapell, Henryk Szering. Este último ficou emocionado quando lhe mencionei seu nome após um belíssimo recital que deu em Nova York, apenas para convidados, no Centro para Relações Interamericanas na Park Avenue. Teve um começo de carreira espetacular mas decidiu largar tudo quando se casou com o geólogo brasileiro Elysiário Távora no início da década de 1940. Pouco depois de seu casamento recebeu uma carta de Segovia, então no meio de uma turnê, expressando sua surpresa com a notícia inesperada do matrimônio, prometendo um presente assim que retornasse a Montevidéu e desejando felicidade ao casal, mas  sobretudo esperando que ela nunca fizesse justiça a um antigo ditado espanhol que dizia :"La mujer bonita es el paraíso de los ojos, el purgatório del bolsillo, y el infierno del alma". Passou a viver no Rio de Janeiro, onde residiu por mais de 30 anos e teve dois filhos brasileiros, Ruy Alejandro Távora e Virgílio Raitzin Távora, ambos diplomatas de carreira. Embora visitasse o país natal regularmente só voltou a morar na Argentina em 1977, quando o marido se aposentou.Embora tendo desistido muito jovem da carreira de concertista, ainda assim continuou a se apresentar esporadicamente em público ou através do radio. Em 1950, já tendo adotando o nome artístico Monina Távora, realizou um recital na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, que causou assombro no meio musical carioca. A partir de então passou a ser muito solicitada por vários violonistas da cidade, tendo estabelecido sólida amizade especialmente com meu avô, Antônio Rebello, que por sua vez lhe apresentou meu pai, Osmar Abreu, bem como seu aluno Jodacil Damaceno, que com ela estudaram durante relativamente breve porém extremamente proveitoso período. No início da década de 1950 passou dois anos com o marido e os filhos nos Estados Unidos, quando recebeu vários convites para reiniciar a carreira musical. Durante essa temporada americana passou uma semana em Lakeville trabalhando com Wanda Landowska a interpretação de música renascentista e barroca. Seu ultimo recital em público ocorreu no Town Hall em New York, em 1952, pouco antes do retorno ao Rio de Janeiro, com sucesso arrebatador tanto de público quanto de crítica, tendo a Guitar Review se referido ao evento como "Brilliant Argentinean guitarist Monina Távora in a smashing Town Hall debut" e fiquei surpreso com a legião de admiradores seus que encontrei naquela cidade quando lá estive pela primeira vez em 1970. Monina Távora, Eduardo e Sergio, após recital em novembro de 1966 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Monina Távora, Eduardo e Sergio, após recital em novembro de 1966 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Em 1960 meu irmão Eduardo e eu fomos a ela apresentados por nosso avô Antônio Rebello, e passamos a ter aulas regulares pelos 10 anos seguintes. A partir do final da década de 60 ela passou a dar aulas intensivas também aos irmãos Sergio e Odair Assad. Admirada e respeitada pelos violonistas cariocas, era porém igualmente temida por esses devido à sua reputação de perfeccionista, exigente, e intransigente. Como consequência suas maiores amizades no Rio de Janeiro se deram mais no meio musical não violonista. Entre seus grandes amigos e admiradores estavam o casal Francisco e Lidy Mignone, o casal Arnaldo Estrella e Mariuccia Jacovino, o crítico Antonio Hernandez. Também eram visitantes frequentes de seu espaçoso apartamento na Avenida Ruy Barbosa com vista deslumbrante para a baía de Guanabara os pianistas Antônio Guedes Barbosa e Arnaldo Cohen, o violoncelista Iberê Gomes Grosso, o cravista Roberto de Regina, além de cantores, violinistas e compositores.
Infelizmente nem todos os seus conselhos eram práticos ou realizáveis. Tendo sido grande admiradora do compositor Edino Krieger, este recentemente me pediu notícias suas e me relatou um encontro que tiveram anos atrás, em que ela o exortou a largar o trabalho burocrático que fazia na Funarte para se dedicar inteiramente à composição:
– Sr. Edino, um compositor da sua categoria e com o seu talento não tem o  direito  de desperdiçar seu tempo com outra coisa que não seja a música. – Dona Monina, não tenho condições de ganhar a vida apenas como compositor, se eu largar esse trabalho vou passar fome. – Sr. Edino, passe fome. Mas faça só música. Pouco depois de eu trocar a carreira de concertista pela de luthier decidi fazer um violão especialmente para ela, pois sua avaliação e seus comentários seriam de valor inestimável para mim. Para minha grande surpresa e felicidade esse instrumento que lhe enviei em 1984 lhe estimulou a tocar novamente. Não em público, porém a partir de então realizou muitas gravações, utilizando um gravador de fita cassette caseiro, até que uma grave doença, conhecida como syndrome Guillain-Barré, quase lhe tirou a vida em meados da década de 1990 e lhe impediu definitivamente de tocar. Embora sem qualidade sonora profissional, ainda assim essas gravações exibem claramente seu excepcional estilo musical e violonístico, e estão comigo há quase dez anos. Ficarei aguardando uma oportunidade de conversar pessoalmente com seu filho sobrevivente sobre que destino dar às mesmas, já que ela própria se opunha a que fossem divulgadas, muito menos comercializadas. No ano 2000 retornou com o marido ao Rio de Janeiro onde ficou durante 5 anos e, já viúva, voltou à Argentina para passar seus últimos anos na casa de seu filho mais velho em Open-Door, mesma região em que havia passado a infância e a adolescência. Seu estado de saúde sofreu um abalo devastador com a morte inesperada em outubro do ano passado de seu filho mais novo Virgílio. Eu tinha esperança de que, passado o impacto inicial, ela conseguisse aos poucos se recuperar. Isso infelizmente não aconteceu e ela faleceu ao meio-dia de quarta-feira, 17 de agosto. Apesar de estar contrariando suas instruções creio que ela me perdoará por aproveitar esses momentos para tornar disponíveis duas das primeiras gravações que ela me enviou pouco depois de receber meu violão: Balada para Martin Fierro do compositor argentino Ariel Ramirez e Milonga Triste, do também argentino Agustín Piana. Essas gravações podem ser ouvidas nos links abaixo, bem como comentários de vários músicos postados desde que esse tópico foi aberto. http://www.violao.org/index.php?showtopic=11924&hl= http://musicamagia.wordpress.com/2011/08/18/adolfina/ Balada para Martin Fierro (Ariel Ramirez) http://www.fileden.com/files/2008/7/22/2014954/vorg/donamonina/A.Ramirez_por_MoninaTavora.mp3 Milonga Triste (Agustín Piana) http://www.fileden.com/files/2008/7/22/2014954/vorg/donamonina/A._Piana_por_MTavora.mp3  

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