Giovani Felipe Professor da E.E.B Samuel Sandrini - Orleans Cenário MT, publicado em 15 de outubro de 2012 ***

Foi-se o tempo em que crianças pensavam em ser professores(as), foi-se o tempo em que o primeiro membro de uma família a ter um curso superior era o de licenciatura. Hoje o capitalismo e sua ideologia de trabalho fazem com que os mesmos professores, fiquem horas em sala de aula, para poderem pagar uma faculdade para seus filhos, que tenha um salário de futuro mais rentável, como engenharias ou áreas da saúde. Este cenário é resultado de que cada vez mais, está difícil ficar em sala de aula. Alguns problemas. Nossa sociedade atual, cada vez mais está percebendo que o processo de ensino e aprendizagem é realmente um processo, uma interação entre famílias, escolas e professores. Contudo, um desses tripés está deixando os seus valores, que é a base de tudo em outro plano. A família não é mais a base de uma sociedade e qual a consequência disto? Filhos rebeldes, sem educação familiar e sem respeito à vida e ao semelhante. Neste parágrafo estou sendo incoerente, mas explico. O processo de ensino e aprendizagem é compreendido pelas famílias e não é mais uma utopia. Os pais sabem em sua maioria que estão e devem participar da formação dos filhos. Entretanto, as famílias no formato tradicionais pai, mãe e filhos, estão ficando em segundo plano. O número de divórcios, e de padrastos e madrastas vem aumentado. A consequência se percebe em sala de aula. A tarefa do professor atual é também em muitos casos de psicólogo e a escola está cada vez mais interagindo com alunos para soluções de problemas sociais. Esta geração, eu costumo comentar que é muito mais criativa e inteligente que a geração Coca-Cola de 70 e 80. Quando estimulados, produzem e criam muito mais. Suas produções, sejam na escrita ou na sociedade, são inovadoras e culturais, com amplitude de valores sociais. Todavia, suas rebeldias são muito maiores e a falta de uma base familiar atrapalha; percebe-se assim choque de valores entre professores e alunos. Ser professor é estar interagindo com estes problemas sociais há algum tempo. O tempo é dinâmico. Foi-se o tempo da lei da palmatória, passou os anos de professor durão e carrancudo, até o templo de respeito há uma pluralidade cultural. A dinâmica do processo de ensino e aprendizagem hoje é outro, mas a figura do professor está ali, presente, modificando e criando novos gênios e profissionais como sempre. "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre." Paulo Freire. "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Cito Freire, mais uma vez, por ser um grande teórico da Educação. Ensinar é uma construção possível, quando pensada junto e de forma que se aja junto. A sociedade moderna tem que tomar para si suas responsabilidades de:pais e mães ou responsáveis. Só assim o Dia do Professor será comemorado com intensidade. É neste dia que perceberemos que o valor real é o valor social e não o material. Professor reclama por salário, porque busca dignidade. Contudo, o que se realmente busca é educação assumida interssocialmente. Entre: estado, pais e professores. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Assim, ser professor é uma tarefa um tanto dura atualmente, mas ainda sim digna de valor e de respeito. Que bom que temos um dia. E que este dia possa ser de reflexão, pois de comemoração são todos os dias que conseguimos colocar nosso plano de aula em prática e ensinar os rebeldes de uma sociedade capitalista.