Viramos fósseis rapidamente! De repente não acompanhamos mais quase nada. Internet, novos produtos, novas tecnologias exigem de nós uma acelerada busca de atualização. A tendência é de nos acomodarmos por termos medo do novo, do desconhecido. (Luis Almeida Marins Filho)Na conclusão da minha participação no painel sobre o tema “A Educação Brasileira no Século XXI – papel e compromisso do setor particular de ensino”, realizado no dia 7 de maio na ABMES, fui enfático em declarar que o mundo muda muito e a educação muda pouco. Tal afirmação pode ser comprovada ao se analisar as mudanças que a cada dia transformam nossas vidas – nas nossas residências, no trabalho, no transporte, no comércio, na indústria, na cidade e no campo. As transformações são tão radicais que dificultam até a nossa capacidade de acompanhá-las. Facilmente perceptíveis são, por exemplo, as mudanças nos últimos anos no sistema bancário e as novidades que surgem a cada dia com a multiplicidade e lançamentos de celulares e tablets. Quem de nós saberia dizer onde foram parar os videocassetes? Porém um fato é bem evidente: a sala de aula muito pouco foi atingida pela revolução digital. E há muita gente querendo romper com esses paradigmas como diz o site “Porvir.com” que cito sempre como uma boa referência para todos nós. O Porvir traz notícias importantes sobre o que está acontecendo com a aplicação das tecnologias informacionais na educação. No fim do mês de abril, foi divulgada uma pesquisa feita por uma publicação americana que trata das tendências e desafios com o uso das tecnologias aplicadas ao ensino. O Horizon Report 2013 traz um relato analisando o desenvolvimento do ensino superior em relação à aplicação de tecnologias no ensino com base na pesquisa que realiza anualmente para identificar os progressos que influirão o setor, no horizonte de cinco anos. Para tanto, utiliza um grupo de especialistas composto por profissionais, pensadores e escritores das áreas de educação, de tecnologia informacional e de estudos do futuro. Reunidos pelo New Media Consortium e pela Educase Learning Iniciative, o grupo estabeleceu como meta questionar as tecnologias e os meios mais importantes para o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento criativo. As perguntas foram preparadas por meio de uma complexa metodologia que envolveu a análise de bibliografia e a compilação de dados de forma colaborativa, cujos resultados são os seguintes: Tecnologia 1. Moocs (1 ano). Os Cursos Massivos Abertos Online (Massive Open Online Courses, Moocs) tornaram-se populares a partir do ano passado, com o lançamento de iniciativas como edX, Coursera e Udacity. Os cursos utilizam todas as ferramentas da Internet apoiados por vídeo, som e áudio tendo como principal recurso a interatividade e as redes sociais. 2. Tablets e smartfones (1 ano). À medida que os tablets se tornaram mais baratos, passaram a ser aproveitados no universo educacional. Como são portáteis, facilitam o acesso à internet, permitem baixar aplicativos e compartilhar documentos em quase todos os ambientes. 3. Games (2 a 3 anos). Estratégia educacional baseada em jogos computacionais que têm por objetivo promover o engajamento dos alunos e desafiar seus conhecimentos para desenvolver o aprendizado. O conceito de educação baseada em jogos foi ampliado incluindo ferramentas para apoiar a cultura e idiomas por meio da utilização de designs específicos. 4. Análise do Aprendizado (2 a 3 anos). Ferramenta usada para decifrar tendências e padrões a partir de central de dados disponível sobre o aprendizado dos alunos. É extremamente útil para fazer escolhas pedagógicas a partir da necessidade dos estudantes. 5. Impressoras 3D (5 anos). Ferramentas que oferecem uma forma muito mais barata e rápida de fazer os protótipos de projetos. No cenário educacional têm sido usadas em pesquisas e laboratórios, especialmente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. A expectativa dos especialistas é que, em cinco anos, passem a ser amplamente usadas em outras áreas visando criar modelos tridimensionais. 6. Tecnologia para vestir (5 anos). Pela primeira vez no Horizon, a chamada wearable technology integra equipamentos eletrônicos a roupas e acessórios. Muitas dessas tecnologias já têm aparecido no mercado e já mostram potencial para serem usadas no ensino e no aprendizado. Tendências Para produzir o relatório, os especialistas prospectam temas que se tornarão tendências. Muitas das tendências têm estreita correlação com as tecnologias aqui descritas. 1. Educação aberta. Conteúdos, dados e recursos disponíveis, assim como noções de transparência e acesso fácil à informação, estão se tornando um valor importante. Muito comumente confundida com educação gratuita, a educação aberta não só é grátis, mas replicável, readaptada e sem barreiras ao acesso e à interatividade. 2. Cursos abertos e gratuitos. Com a popularização dos Moocs, os cursos online, abertos e gratuitos passam a se fortalecer como uma alternativa ao estudo tradicional. 3. Habilidades do mundo real. O mercado de trabalho demanda dos recém formados habilidades que são mais frequentemente adquiridas fora da escola, em situações de aprendizado informal. 4. Novas fontes de informação. Existe um crescente interesse em usar novas fontes de informação para personalizar e medir a experiência do aprendizado. Com o aumento das atividades online pelos alunos, há cada vez mais informações digitais que podem ser rastreadas pelo analytics, ferramenta também em franco desenvolvimento. 5. Novo papel para o professor. O crescimento e a valorização do aprendizado informal e o aumento na quantidade de recursos de educação têm feito com que as funções dos educadores sejam repensadas. Agora, eles devem se portar muito mais como mentores e conectores de todas as informações disponíveis do que detentores do conhecimento. 6. Novo paradigma. A educação caminha para se tornar cada vez mais online, híbrida e calcada em modelos colaborativos. Desafios Tanto as tecnologias emergentes quanto as grandes tendências esperadas no campo da educação superior têm sua ocorrência atrelada a importantes desafios por que passam as universidades. 1. Capacitação de professores. Docentes ainda não estão sendo capacitados para agir na era digital. 2. Novas formas de avaliação de pares. A métrica que costumava ser usada para avaliar trabalhos científicos não consegue avaliar com precisão trabalhos difundidos via internet. Novas formas de revisão de pares, tais como notas de leitores, inclusão e menção em blogs influentes, twitter e redes sociais começam a ser valorizadas. 3. Resistência interna. O processo educacional é atávico ao passado e resiste à adoção de novas tecnologias. 4. Tecnologias e novas práticas. Tecnologias capazes de oferecer um aprendizado cada vez mais personalizado têm sido muito demandadas, mas elas estão apenas começando a ser adotadas. 5. Modelos tradicionais são questionados. A popularidade e o alcance dos Moocs está obrigando instituições tradicionais de ensino superior a repensarem o seu papel. 6. Pesquisadores e uso de tecnologias. Muitos professores e pesquisadores ainda não usam as tecnologias digitais para aprender, ensinar ou mesmo organizar a sua pesquisa.