[caption id="attachment_68" align="alignleft" width="150" caption="Carmem Maia"][/caption] Por Carmem Maia (jornalista, doutora em Comunicação e pós doutora em Educação pela Universidade de Londres) Geisy Vila Nova Arruda ficou famosa mundialmente da noite para o dia. Nem ela contava com isso. O vídeo de sua imagem circulando escoltada pela faculdade em que estuda foi um dos mais acessados do Youtube. A cena é realmente chocante. Escoltada pela PM, vestindo um jaleco branco para encobrir o vestido, Geisy foi hostilizada por seus colegas de curso, de classe e de universidade. Homens e mulheres que se sentiram ofendidos pelo visual ousado. Há quem diga que ela fez de propósito. Que foi tudo planejado e que essa história toda não passou de uma grande estratégia de marketing para promovê-la a mais nova celebridade nacional. Dizem até que, com certeza, ela já deve estar negociando com alguma revista masculina e não vai deixar de faturar em cima do acontecido. Talvez seja convidada pelo próximo Big Brother Brasil ou venha apresentar um programa de televisão. Outros dizem que ela foi ingênua, que faltou bom senso. Escolheu uma roupa provocante, mas não se deu conta do tumulto que causaria indo a escola daquele jeito. Ou será que fez de propósito? Segundo ela, não foi a primeira vez que foi vestida assim. É como se veste normalmente. Seus colegas de classe, bem como os professores, deveriam estar acostumados. Não apenas com ela, mas com outras meninas que também se vestem do mesmo jeito. A repercussão do caso Geisy foi mundial. Deu no New York Times, The Guardian e Washington Post. Nem ela esperava tanto. Uma semana depois do acontecido, a polêmica continuou. Geisy foi expulsa da faculdade. Atentado ao pudor. Dizem que ela provocou a multidão enfurecida fazendo gestos, levantando o vestido e percorrendo um caminho mais longo que o habitual. Geisy nega tudo. Diz que vai processar a Universidade. Universidade? Que universidade é essa que pune em vez de educar? E aonde Geisy vai estudar agora? A discussão em torno do caso Geisy vai além, muito além dos muros da escola. Aliás, o filme “Entre os muros da escola” retrata bem essa situação e demonstra claramente a enorme dificuldade que professores e corpo diretivo tem em lidar com casos desse tipo. É o medo que impera. O medo de educar, de enfrentar. Ninguém, até agora, pareceu estar preocupado com o futuro profissional de Geisy. Talvez nem ela mesma esteja preocupada ou tenha ciência da importância de um curso superior. Até o momento, nenhuma instituição de ensino se manifestou a favor da educação de Geisy, convidando-a a fazer parte de seu corpo discente. Vergonha? Medo? Falta coragem e discussão para as escolas enfrentarem situações como essa. Nem Geisy, com seu salto alto e micro vestido vermelho, nem os educadores estão preparados. Talvez, o melhor que Geisy deva fazer agora, é escolher outro curso. Talvez direito em vez de turismo. À distancia, quem sabe. Assim, poderá se vestir do jeito que quiser. O importante é que Geisy ainda tenha vontade de estudar e seja feliz na escolha da faculdade.