Em EAD a tarefa de ensinar daqui para frente, da mesma forma de um filme ou programa de televisão, o mais importante para o aprendizado acontecer de fato, fora a vontade do aprendiz, são os infindáveis "nominhos" que aparecem no fim do espetáculo. (Asdrúbal de Souza Galvão – século XX)Semana passada, participamos do evento "O impacto da globalização e das novas tecnologias na educação superior" organizado pelo Centro Universitário IESB, em parceria com a Associação Internacional de Reitores e Presidentes de Universidades (Iaupi) e Programa de Impacto acadêmico para as Nações Unidas (Unai). A iniciativa exitosa da reitora do IESB, Eda Machado de Souza, contou com a presença de renomados educadores do país e do exterior que trouxeram novos olhares sobre os temas abordados. Uma questão ficou bem clara: todos sentem que o sistema universitário mundial se encontra num momento de transição. Uma profunda transformação deve acontecer porque tudo está mudando assustadoramente, mas a educação, porém, muda pouco. Discutimos essas ideias com as diversas personalidades, especialmente com o educador mexicano Álvaro Romo, secretário geral da Iaup, que acabara de participar no final de outubro em Doha, Qatar, do 2013 WISE Summit – Reinventing Education for Life, do qual participaram cerca de 1.200 delegados de 100 países. Romo citou inicialmente a pesquisa feita com os participantes do encontro em Qatar sobre os principais desafios que as universidades teriam de agora em diante. O resultado foi que preponderantemente 85% delas, de uma forma ou de outra, destacaram que suas preocupações estão focadas na internacionalização da educação, no impacto do uso das novas tecnologias e na universalização do ensino superior. O ensino superior está deixando de ser privilégio dos segmentos de maior renda, para se constituir direito dos menos afortunados; está deixando de ser de elite para se constituir fenômeno de massa. O próximo passo – a partir da massificação universal da Educação Superior – exigirá imaginação, visão e, sobretudo, coragem dos líderes das instituições e governos para prover esta demanda. Sobre a globalização, o educador uruguaio Claudio Rama, em sua esclarecedora palestra, foi enfático ao salientar que a atividade empresarial de hoje exige que os diplomados estejam preparados para trabalhar em qualquer lugar do mundo, onde as oportunidades de trabalho os convoquem, o que implica conhecimentos amplos e, em alguns casos, experiência e vivência da cultura, da política, da economia e da realidade mundial. Cada vez mais crescerá, por parte dos países, a procura de talentos em outras partes do mundo. Tal como ocorre na área da economia, as grandes empresas montaram as suas fábricas no exterior onde se concentrava a procura. Para tanto, entre outras mediadas, construíram espaços físicos, enviaram maquinários e treinaram recursos humanos. No campo do ensino nada disso é necessário porque os cursos podem ser transmitidos via internet e qualquer universidade estrangeira poderá oferecê-los. Sem esquecer que a cada ano aumenta o número de estudantes brasileiros que vão estudar no exterior. Portanto internacionalização é negócio de mão dupla para as instituições brasileiras: formar profissionais antenados com o mundo para atuarem no exterior e “ficar de olho” nos estudantes estrangeiros que desejam ter experiências profissionais no nosso país. Porque se não o fizerem, tenham certeza, outros países o farão. Tal negócio movimenta bilhões de dólares por ano – estimativas citam que alunos estrangeiros levam 14 bilhões de dólares por ano para a economia dos Estados Unidos, de acordo com dados da Associação de Educadores Internacionais, e 13 bilhões de dólares para a Austrália, com base em cálculos do governo australiano. Para entender como a oferta de cursos online afeta a educação mundial, é importante compreender como a tecnologia educacional influenciará o ensino superior. Ainda é cedo para que o impacto dos Massive Open Online Courses (Mooc´s) seja amplamente reconhecido, porque as opiniões divergem quanto a probabilidade de que seja duradouro. Os Mooc´s certamente expandem o acesso ao ensino superior, mas estão sendo criticados por suas baixas taxas de conclusão e o fato de não conseguirem interagir com alunos que têm dificuldades. É lógico que houve discussões, durante o encontro do IESB sobre as principais tendências que estão se materializando, como a de tornar o ensino superior mais “móvel”. Porque os estudantes acabam "carregando" a universidade nos bolsos. Dispositivos de computação como smartphones e tablets, por exemplo, estão mais acessíveis e são muito mais fáceis de usar do que desktops. No entanto, assistindo a todo esse deslumbramento pela tecnologia, não percebemos na mesma proporção a preocupação com o conteúdo, isto é, com a matéria prima do aprendizado. Por trás do ensino, deve haver um processo pedagógico de organizar a informação para que seja comunicada de forma adequada e com a mídia mais atraente. Poucos têm a percepção de que na tarefa de ensinar, daqui para frente, da mesma forma que num filme ou programa de televisão, o mais importante para tudo acontecer, além do estudante motivado, são os créditos com os infindáveis "nominhos" que aparecem no fim do espetáculo. Portanto sem estes "artistas" – professores, conteudistas, roteiristas, desenhistas, planejadores visuais – nada de surpreendente acontecerá.