Vilhena é um município brasileiro situado em Rondônia/RO. Com 78.686 habitantes, é a quarta cidade do estado e a 33ª mais populosa do norte do Brasil; possui o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de RO e o 9º da região norte. Vilhena é conhecida como “Portal da Amazônia” e “Cidade Clima da Amazônia” por situar-se na “entrada” da região Amazônica Ocidental e por apresentar uma temperatura mais amena, se comparada com as de outras cidades da região. O nome “Vilhena” foi dado pelo militar e sertanista brasileiro, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em homenagem ao engenheiro maranhense Álvaro Coutinho de Melo Vilhena, chefe da Organização Telegráfica Pública. Aproveitamos os dados disponíveis na Internet sobre a cidade para fazer algumas reflexões sobre a derrota do Clube Vilhena, quadro de futebol da cidade, na quarta-feira passada (12/3), pela Sociedade Esportiva Palmeiras. A equipe rondoniense tem uma despesa mensal de R$ 80 mil e a palmeirense, no mínimo, 40 vezes superior. Sem comentar a partida, observo que, em matéria de futebol, o resultado do jogo não refletiu os custos de manutenção das equipes, porque a paulista venceu “apertado”: apenas por 1x0."Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro". (Provérbio indígena)
Domenico De Masi, sociólogo italiano contemporâneo, em entrevista no ano passado na TV Cultura, citou o caso da empresa Olivetti, quando dirigida por Adriano Olivetti. Este, como CEO, criou a “regra” de que a remuneração do presidente, isto é, a dele, deveria ser, no máximo, cinco vezes superior a de um operário. Porém, com o correr dos tempos, os presidentes de grandes empresas vêm aumentando exponencialmente os seus salários e, com isso, não só criam maior distanciamento entre os ganhos de dirigentes e funcionários como também contribuem para aumentar as desigualdades.
Sergio Marchionne, o atual presidente da Fiat, ganha tanto quanto 1.070 operários juntos e Silvio Berlusconi da Mediaset, tanto quanto 12.000. De Masi comenta o fato como “a morte do capitalismo”. Isto porque Berlusconi com o salário que recebe não poderá usar 12.000 paletós, calças, sapatos. Assim todo consumo se reduz. O grande inimigo do capitalismo é o capitalismo doente dominante neste momento em todo mundo. E o grande desafio atual – tal como De Masi procura mostrar no seu recém-lançado livro, “O futuro chegou: modelos de vida para uma sociedade desorientada” (Editora Casa da Palavra) – é o de criar um modelo político-econômico que possa equilibrar as desigualdades.
Tal como no esporte – em que o DNA, a aplicação, a vontade e o treino explicam as diferenças entre as performances dos indivíduos –, na empresa as pessoas deverão ter recompensas salariais, de acordo com desempenhos e cargos diferenciados. Mas não absurdamente distantes como as demonstradas por De Masi. A nosso ver, a correção só poderá ser realizada se puderem ser oferecidas condições educacionais iguais para todos, tal como ocorre em muitos países.Apesar da conceituação de felicidade não ser idêntica para cada pessoa, a sua busca constante não é novidade. Todos a procuram e a desejam. E ser feliz implica realização pessoal, profissional e financeira.
Há pessoas que se contentam com uma “casa no campo” (..) onde eu possa ficar do tamanho da paz” – eternizada numa canção pelo cantor e compositor Zé Rodrix. Para outros, a agitação constante, o “estar ligado no 220 volts”, é o combustível para a felicidade.
O Senhor profetizou no Gênesis: “ganharás o pão com o suor do teu rosto” (e como já disse Cesare Pavese, “lavorare stanca[1]”). O nó górdio da questão é conjugar trabalho com felicidade, estudo e ludicidade. Em outras palavras, conseguir, produzir riqueza, criar conhecimento e ter alegria.
Um indivíduo infeliz normalmente torna-se agressivo e é desse mal que a sociedade contemporânea tem padecido, com hordas de insatisfeitos reclamando muitas vezes sem saber o porquê. Invariavelmente, são alienados pelo sistema e o que reivindicam é poder consumir mais. Mas a desigualdade social é a raiz de todos os problemas.
A democratização do ensino, uma das soluções para o combate à desigualdade, fundamenta-se na oferta de uma educação de qualidade para todos, em todos os níveis, de forma a permitir que, observadas as diferenças individuais, as pessoas de todas as classes sociais possam se qualificar para o exercício de um trabalho digno e compensador.
Hoje as pessoas têm pressa em extrair o máximo de seu tempo para fazer várias “coisas” e, na maioria das vezes, não conseguem realizá-las com exatidão e perfeição. Por exemplo, terminam rapidamente seus cursos de graduação com trabalhos, muitas vezes, sofríveis.
Esse comportamento provoca distúrbios emocionais e afetivos e faz o indivíduo considerar como desnecessários momentos de prazer e descanso, optando por realizar tarefas que consideram “mais importantes”, sobretudo para conseguir mais dinheiro e consumir mais. Vive-se a era dos excessos, das celebridades instantâneas e momentâneas, dos "quinze minutos de fama", e de uma urgência implacável, causadora de grandes sofrimentos psíquicos. Tudo ocorre com muito imediatismo, fazendo com que o novo pareça ter uma eternidade, se comparado ao novíssimo.
Na vida moderna, tudo parece ser efêmero e vão; a cultura do vazio impulsiona a ação na busca desenfreada do prazer e do poder. Como observa a psicóloga clínica e judiciária Maristela Colombo:"O mundo está sempre cheio de novidades, os modelos de carros novos, os celulares, os computadores, a internet. A velocidade da transformação é muito rápida e violenta, instigando assim o ser humano a buscar sempre mais, a consumir ilimitadamente, caindo nas malhas do sistema de consumo sem pensar, transformando a adição de coisas em vício, tudo é poder e prazer."Não resta dúvida de que a educação é o caminho para reverter toda essa situação.
E a “Educação 3.0”, conceituada como aquela que traz a tecnologia para dentro da sala de aula para estimular a troca de conhecimentos, poderá ser a protagonista de um novo mundo em que será possível – como prognosticam dezenas de autores, e como temos destacado em nossos artigos – incluir num só pacote: desenvolvimento, felicidade, riqueza, conhecimento e alegria.
Se o tempo escasseou, porque hoje temos muito mais conexões e links, não nos faltam recursos digitais (e outros, ainda inimagináveis para nós, surgirão) para promover mudanças.
O mundo analógico – dos que ou não dominam, ou abominam as tecnologias informáticas – está fadado ao ostracismo. A mobilidade tem o poder de otimizar o idle time (o tempo ocioso), e não pode ser ignorada. As redes sociais são o espaço colaborativo em que a cultura é produzida por muitos e destinada a muitos, e não podem ser mais ignoradas. É necessário, no entanto, o uso inteligente e ético dessas tecnologias para, entre outras vantagens, conseguir um mundo mais sustentável. Elas permitem, na economia, por exemplo, que as companhias compartilhem conhecimento, parcerias e esforços em escala enquanto reduzem os custos de transação.
Smartphones, tablets e outros artefatos tecnológicos são aliados imprescindíveis na “Educação 3.0” porque liberam tempo na sala de aula para discussão – “Ágora moderna”, espaço da cidadania – e não apenas o locus para mera transmissão de conhecimentos.
A tecnologia poderá não só vir a modificar a própria estrutura física da sala de aula como também diminuir os congestionamentos e, consequentemente, a liberação de CO2 na atmosfera.
Assim, a questão da mobilidade urbana passa também pela “Educação 3.0”, que preconiza um modelo de aprendizado colaborativo, com objetivos compartilhados; mais criativo e crítico, em que haja mais tempo livre para pensar.
É essa mesma educação que pode apontar outro modelo econômico e social em que o teletrabalho seja parte da configuração de uma sociedade pós-industrial, em que o gerenciamento do tempo permita que o homem possa viver num mundo melhor.