A humanidade está se aproximando rapidamente da "singularidade": o momento em que a inteligência artificial irá atingir níveis de inteligência humana e depois ultrapassá-la. Talvez, então, alguns seres humanos possam tornar-se “trans-humanos” e "pós-humanos”, mudando para sempre e para melhor a vida na Terra e no universo. (José Cordeiro)[1]O VII Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, realizado nos dias 3, 4 e 5 de abril em Maceió/AL – promoção do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular – constituiu-se uma oportunidade ímpar para sensibilizar educadores brasileiros sobre as transformações profundas que ocorrem em todos os setores do mundo contemporâneo e, ao mesmo tempo, permitir uma reflexão sobre os impactos dessas questões no ensino superior. Registro a seguir, de forma breve e com o compromisso de voltar a cada um dos pontos em futuros artigos, alguns aspectos que nos chamaram a atenção. A universidade, reverenciada por sua missão de oferecer conhecimento à sociedade e de transmitir as diretrizes de progresso, ditava até os estertores do século XX, por meio de sua massa crítica pensante, os cenários do desenvolvimento. Hoje a universidade ficou para trás, a reboque do progresso, perdendo espaço para as empresas que abriram espaços para a pesquisa e produção de conhecimento novo. O perfil do estudante mudou radicalmente. Ao perceber-se “sujeito” de uma instituição desatualizada, anacrônica, apartada do mundo real, deseja que o curso por ele escolhido passe depressa, para que, de posse do diploma, possa ter acesso ao mundo do trabalho. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), por sua vez,romperam com as estruturas do passado para acompanhar as transformações pelas quais passa o mundo atual em todas as áreas – econômica, social, cultural e principalmente tecnológica – e vêm revolucionando a área de ensino-aprendizagem. A educação e o conhecimento – percebidos como valores pela sociedade de todas as partes do mundo de uma forma geral e, notadamente pelas famílias de menores recursos econômicos – são condições essenciais para oferecer às pessoas, de acordo com as especificidades de cada um, melhores oportunidades de realização profissional e de melhoria de qualidade de vida. O sistema universitário, estruturado para transmitir informações que estavam direcionadas ao futuro, estagnou com o tempo, porque os transmissores das ideias ficaram presos ao passado. As instituições de ensino superior estacionaram, por mais paradoxal que possa parecer, na metodologia das máquinas, em claro descompasso com o desenvolvimento dos países, e com isso não trouxeram os benefícios esperados para a sociedade. A conjunção dos aspectos citados aponta para as seguintes constatações:
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A educação será mais individualizada. Os alunos serão agrupados de acordo com seus interesses e a aprendizagem, com base em projetos sobre temas desafiadores.
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O desenvolvimento da capacidade de pensar de maneira abrangente tem mais valor do que a aquisição de conhecimento especializado. Se o aluno aprender a pensar de forma independente terá mais condições de se adaptar às mudanças, ao novo e ao progresso.
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O professor sempre terá o seu lugar, mas agora precisando dos recursos tecnológicos e de outras técnicas para melhor desempenhar o seu papel. Porém, nos próximos anos, quem não souber utilizar essas estratégias de comunicação para personalizar e diferenciar a aprendizagem de seus alunos não sobreviverá na profissão.
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O estudante, por sua vez tendo nascido com um celular na mão, dominando todas as formas modernas de acesso a informação, não tem motivação para ouvir alguém que não lhe transmita conhecimentos novos.
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A informação, o conhecimento, as experiências científicas e empresariais não têm mais como suportes básicos alguém que ensina ou um determinado local e horário aonde ir para apreender. O que dependia do professor, de livros ou de bibliotecas está hoje disponível nas mídias e, especialmente, na rede WWW (a internet).
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A comunicação sempre necessitará de um intermediário para ser transmitida. Na área educacional, a comunicação mediada pelas tecnologias de multimídia tenderá a ocupar cada vez mais espaço pela facilidade de estar disponível em qualquer lugar, em qualquer instante e para qualquer demanda individual ou coletiva.
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Os computadores, desde os mais potentes aos smartphones mais amigáveis, individualmente ou em rede, em nuvens ou armazenados, continuarão a ser desenvolvidos por cérebros cada vez mais privilegiados, para apoiar a democratização do conhecimento.
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As redes sociais como estratégias para a aprendizagem serão aproveitadas para discutir problemas e propor soluções para as questões que as populações enfrentam. Cada vez mais o cidadão por intermédio das redes influenciará nas decisões políticas. Pela primeira vez na história da humanidade a informação está acessível por apenas um clique. As redes sociais ligam pessoas, que compartilham experiências, conhecimentos, notícias e necessidades, além de trocar repertórios pessoais e profissionais.
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A preparação de gestores que dominam as demandas educacionais em todos os níveis para atuar em um mundo no qual a inovação está cada vez mais relacionada com as tecnologias digitais se tornará imprescindível, pois a realidade será da globalização dos mercados e dos novos cenários de competências ligadas às inovações.