Uns são homens; alguns são professores; Outros são mestres. Aos primeiros, escuta-se; Aos segundos, respeita-se; Aos últimos, segue-se. Se hoje enxergo longe, é porque fui colocado em ombros de gigantes! (Autor desconhecido)O ano escolar começa na sanha da correria dos dias atuais em que não há espaço e nem tempo para analisar o que acontece na interação entre professores e estudantes, no imenso desafio de ensinar e aprender. As datas se atropelam e, de repente, o calendário registra que a tradição marcou um dia para homenagear os professores, fato que nos faz refletir sobre a influência deles em nossas vidas. A característica reveladora da figura e da nobre missão de um bom professor é a absoluta entrega profissional e pessoal aos seus alunos. Essa tarefa descomunal e pouco reconhecida caracteriza o “fazer” daquele grupo de pessoas que marcam de forma indelével a sua presença na sala de aula, que distribuem saberes e conteúdos, que encantam os ouvintes e que fazem explodir, em torpor mágico, a relação humana entre o aprendiz e o mestre. Um bom professor é capaz de recolher retalhos no universo e transformá-los numa bela colcha engalanada, trabalho com o qual encarna o professor ideal e se torna um ser humano vocacionado e único. Devo declarar que encontrei pessoas assim na minha vida. Não posso deixar de recordar a jovem Clycie Mendes Carneiro, minha professora do Jardim de Infância. Procurei-a depois de muitos anos, quando ela ocupava o cargo de editora do Suplemento de Turismo do jornal O Estado de São Paulo, para que me indicasse um profissional capaz de conceber e planejar o primeiro curso de turismo do mundo. Desse reencontro, nasceu o embrião que concretizou meu sonho. Recordo-me ainda do Frei Adriano, diretor do Colégio Santo Alberto, que teve a coragem e a ousadia de indicar o meu nome para substituir, aos sábados, o titular do curso de Admissão. Dessa indicação, iniciei a minha vida como professor. E mais tarde, já formado, e ocupando um cargo no Departamento de Obras Públicas de São Paulo, acompanhava o trabalho do Professor Christiano Stockler das Neves, meu antigo professor e diretor do Colégio Mackenzie. Durante esse contato, fui incentivado por ele a conhecer os desafios da educação brasileira. Lembrando-me de Clycie, Frei Adriano e Christiano, reconheço o valor de todos os que ensinam nas escolas brasileiras – do mais simplório mestre-escola ao mais renomado titulado – e busco referências para construir o perfil ideal de um bom professor. Para mim, o bom professor deve dominar a arte de ensinar e ter consciência do verdadeiro papel da educação. Deve saber que o ensino se faz com disciplina, aprendizagem, conteúdo, satisfação, empolgação – e não somente com preleções –, que se renova a cada aula e que se atualiza com a introdução de novas tecnologias de aprendizagem. Para esse profissional é impensável não se qualificar continuamente até o fim de seu percurso docente, sabedor que é da importância de adquirir novos conhecimentos que surgem a cada instante. Desatualizar-se é parar no tempo. A sala de aula, tal como a conhecemos hoje, pode até deixar de existir num futuro próximo, mas o professor sempre continuará como intermediador e personagem mais importante no processo de ensino-aprendizagem. Exercer, com competência, o ofício da docência implica reconhecer o segredo de ser bom professor, acreditar no poder transformador da educação e no potencial dos alunos e, acima de tudo, estudar, dedicar-se à profissão, trabalhar com amor. Assim como eu, a maioria das pessoas teve a sorte de encontrar na sua vida de estudante bons mestres, do primário à universidade, que devotaram atenção incomum à formação dos alunos e que acreditavam nas possibilidades de crescimento e de transformação do ser humano pelo caminho da educação. Guardamos episódios e histórias de nossos professores e se as relatamos contribuímos para reverenciar os trabalhos deles. Todos nós temos passagens especiais, particulares, doces e belas, tanto quanto as que agora, circunstancialmente, vieram à minha memória. Considero que lembrar é ter gratidão, reconhecimento, é sentir saudade, é reconhecer a graça da transformação e do crescimento que ocorrem em nós com a formação como homens e como profissionais que adquirimos. Ao concluir, faço um convite aos que lerem este texto: dedicar um tempo do “Dia do Professor” para reverenciar aqueles que marcaram as suas vidas, do modo que julgar mais conveniente e, em nome deles, homenagear os mestres do nosso país. Cada professor lembrado no seu Dia merece uma Menção Honrosa!